XIV -- Meu primeiro beijo de língua

600 36 23
                                    




 O segundo ano começou como qualquer outro: Uma convocação geral na quadra no terceiro dia de aula. O sr. D. listou-nos o código de vestimentas, regras sobre respeito e a tolerância de atraso. Tudo dentro dos conformes. Aliás, consegui ficar na mesma sala que Will, o que me foi um alívio. Teve uma hora do discurso que foi... enfim.


一 Outra coisa. 一 O diretor chamou nossa atenção enquanto nos levantávamos para sair. 一 Rapidinho, pessoal. Vamos sentando que eu não acabei.


 Houveram muitos resmungos infelizes antes que essa ordem fosse cumprida.


一 Tem uma regra aqui na escola que foi negligenciada por um bom tempo, mas voltaremos a pô-la em prática. Pelo bem de vocês, em primeiro lugar.


 Quíron, o vice-diretor, deu um passo a frente. Tinha um papel em mãos e pigarreou.


一E proibido namorar na escola. 一 Leu ele. 一 Qualquer aluno canto da escola receberá uma advertência como primeiro aviso.


 Murmúrios foram audíveis entre os estudantes. Alguns se puseram de pé, gritando em protesto a regra. Apertei a mão de Andrew na minha e trocamos olhares, indignados com o comportamento de alguns colegas de classe. Era uma norma bem aceitável, até. O colégio não é um motel para ficar se agarrando com alguém por aí.


一 Porém existem exceções para casais que estão juntos há um certo tempo. 一 Prosseguiu. 一 Estão permitidos andar de mãos dadas, ficar abraçado e selinhos leves. Nada além disso. Se persistirem a quebrar essa regra ou ultrapassar os limites dela, serão suspensos.


 Fomos dispensados pelo sr. D. depois disso. Eu estava bem tranquilo em relação a esse regulamento e suas exceções. Mas Will parecia meio pensativo, com a cabeça presa em meio a nuvens de tempestade. Quis confortá-lo, contudo sabia que ele mesmo deve travar as próprias batalhas. Só queria amenizar um pouco.


 Quando as aulas acabaram, fomos até a minha casa. Sexta-feira e sábado são seus dias de folga e ele fica comigo o dia todo, alternando entre o seu apartamento e a residência dos Di Angelo. Tomei banho enquanto o loiro brincava com o meu sobrinho. Banhei o mais rápido que consegui e fui preparar algo para a gente comer no jantar.

 Ray ficou no meu pé, querendo colo.


一 Titi... titio. Coio, coio. Titi...


一 Não posso, meu amor. 一 Respondi, agachado para ficar na altura dele.


 Ray ergueu os bracinhos, tentando passá-los pelo meus ombros, e ficou dando pulinhos. Para a minha sorte, Bianca o pegou e disse que ia na casa da cunhada. Eu sabia que ela ia deixar o bebê com Hylla e se encontrar com Reyna, como na época que só namoravam sem preocupações.

 Meu pai estava no trabalho e Hazel estava estudando, enclausurada no quarto. Solace não quis comer muito, então fiz sanduíches, café e levamos tudo aos meus aposentos. Por um instante, pensei na minha mãe. Ainda doía, mas eu me sentia bem sabendo que ela aprovava que Will fosse a pessoa que eu cheguei ao ponto de amar. Amar de todo coração.

Primeiras & Únicas Vezes (Solangelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora