XX -- Meu primeiro porto seguro

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 O meu fim de semana com Will no apartamento dele foi bem tranquilo. Havia um peso a menos nas minhas costas: O de pensar em terminar o meu namoro. Eu jamais seria tão estúpido. Confrontaria meu pai e, caso ele não aceitasse, fugiria de novo. Faria tudo para que o meu único amor não fosse arrancado de mim.

 Queria, na época, que não fosse tão difícil sentir algo tão intenso. Eu o amo. Ele é a pessoa que ais me conhece no mundo. Ao mesmo tempo que sabe cada qualidade minha, sabe os defeitos e não se importa com eles. Me ama por inteiro, assim como eu o amo. Com ele, eu posso estar totalmente fora de mim, me encontro. Sua presença me aquieta a alma. Me cura.


一 No que tá pensando? 一 Questiona ao esfregar as minhas costas.


 Sinto-o jogar um pouco de água quente nelas e suspiro, de olhos fechados, ao desejar seu toque. Espio-o pelo canto do olho.


一 Na gente. 一 Respondi. 一 Entra aqui.


 O loiro sorriu e beijou-me a nuca, mas disse que não. Fiz birra para sair do banho. Ele riu da minha manha, ameaçando me tirar dali do jeito mais difícil. Dei de ombros. Ele me pegou no colo, mesmo eu estando todo molhado, e carregou-me até o quarto. Me jogou na cama, cobrindo meu corpo com o seu e me fazendo cócegas.

 Andrew tem esse pequeno poder: Me faz esquecer completamente de tudo. É algo bom na maioria das vezes. Quando as lembranças da minha mãe voltam a me encher de tristeza, ele me abraça, me beija como se fosse a primeira vez e sinto tudo evaporar. Meu coração volta a ser completo e tudo ruim se dissipa.

 Depois de me livrar da tortura de cócegas, me visto e faço algo para nós comermos. Eu conseguia me imaginar morando ali fácil. Já me sentia em casa naquele espaço. Poderia pegar minhas coisas e ficar ali com ele. Morar com o namorado... Acho que é a vontade de todo casal apaixonado. Quero estar com ele o máximo que der.

 Will me elogiou pela comida, sugerindo que assistíssemos a um filme. Concordamos em rever Star Wars pela milésima vez. Todos os filmes. Lógico que ele ia querer comentar cada um depois que acabasse, mas eu gosto de ouvi-lo falar de algo que tem interesse. Ele fala com tanto entusiasmo.

 A noite cai e estou com medo do dia que viria a seguir. Segunda-feira. Meu pai ouviria poucas e boas. Sinto um soluço vindo e o engulo antes que me escape. O meu sol me aperta contra seu corpo, me fazendo lembrar que há bondade no mundo. Estamos de conchinha, eu como a menor, e quero muito beijá-lo agora.



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 Na escola, o sr. D. me chamou em sua sala e me perguntou o por quê de ter fugido. Não respondo, ficando em silêncio o tempo todo. Quíron avisa que ligaria para o meu pai na última aula para notificar que compareci. Concordei e saí, secretamente aliviado porque teria um tempo antes de confrontá-lo como queria fazer.

 Fui pra aula. Leo ficou muito preocupado comigo e fez questão de que eu soubesse que ele me acolheria se Hades ameaçasse o Solace. Hazel levou minha mochila secretamente, o que me permitiu voltar a usar uma roupa seca e limpa minha porque não levei muitas. Abracei Haz tão forte que ela reclamou.

 Jason apareceu na hora do almoço e pediu pra me ver. Fiquei tão feliz na hora que esqueci totalmente que ele tem faculdade. O Grace me consolou quando terminei de contar. Ralhei com ele por causa dos estudos, mas meu primo alegou que eu era mais importante e que era um alívio eu estar bem.

Primeiras & Únicas Vezes (Solangelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora