XXVI -- Minha primeira faculdade

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 Já passei por muitas situações difíceis ao longo da vida, mas achava que na faculdade fosse ser melhor, esperava mais consciência dos meus colegas de curso. Por que digo isso? Tive um pequeno problema, problema esse que se desenvolveu sem que eu fizesse a menor ideia de que estava acontecendo até estar diante dos meus olhos.

 Pietro, do terceiro período de Publicidade, foi um dos primeiros a vir falar comigo. Eu já teria afastado ele se o cara não tivesse sido esperto. Logo na primeira frase que troquei com ele, citei Will e deixei o anel de noivado em sua vista, mas não de uma forma que parecesse grosseria. Pietro assentiu e logo falou o nome de uma garota que namorava.

 Logicamente, ele estava mentindo ao dizer que era compromissado. Inventava coisas sobre o namoro e a garota para manter a farsa. Acreditei em suas palavras. Eu estava focado em estudar e tirar boas notas do que perceber que estava sendo paquerado. Pietro era sutil, sorrateiro como uma cobra. Conquistou minha confiança antes de demonstrar interesse, este sempre aos poucos.

 Dizia coisas com duplo sentido, que eu só fui entender quando suas intenções ficaram claras pra mim. Eu sei que já lidei com pessoas como ele antes, mas, na segunda série, éramos crianças e Max nunca escondeu de mim que desejava o meu corpo, eu só não sabia o que fazer. Pietro era ardiloso.

 Como descobri? Não descobri, na verdade. O naja que decidiu mostrar as presas, achando que ia conseguir dar o bote. Fazia uma semana que o suposto namoro dele tinha chegado ao seu fim quando me chamou pra "dar uma passeada" de última hora. Aceitei ir porque Will estava fazendo um trabalho da faculdade e precisava se concentrar.


一 Sole, vou sair com um colega. 一 Avisei, pegando minhas chaves no porta-chaves.


 O loiro me lançou um beijo, ao qual peguei no ar.


一 Ok, babe. Se cuida e se divirta.


一 Difícil sem você, mas vou tentar.


 O sorriso que se espalhou pelo seu rosto me aqueceu o peito. Eu daria os deuses e o mundo pra ter ficado em casa, ouvindo-o revisar o texto sobre morte assistida mil e uma vezes antes de enviar para a professora. Gosto de ver o quanto sua expressão série e concentrada é sexy, mas ele mal consegue ficar sério perto de mim e nem eu perto dele.

 Encontro Pietro na praça de alimentação do shopping e ele já tinha comprado lanches para nós no Burger King. Tento explicar que comi em casa, que estou sem um pingo de apetite e que não curto Burger King, mas ele faz pouco caso e praticamente me obriga a comer. Engulo frases mórbidas sobre seu gosto pessoal de roupas e só como, pensando em como ele é tóxico e sua ex teve sorte de escapar.

 A companhia dele se torna desagradável e fico na defensiva o tempo todo. Não acho que a víbora tenha interpretado direito minha falta de assunto e o motivo de não responder suas perguntas. O pouco de tempo em que fiquei lá já me deu vontade de evaporar ou me diluir em sombras. Eu o queria longe de mim. Já queria cortar qualquer laço que ele achava que tínhamos e isso só aumentou.

 Finalizamos nosso "agradável" passeio andando por aí. A única coisa que perguntei foi se ele tentaria voltar com a ex dele. Pietro me disse que terminaram porque ele passou a sentir coisas mais fortes por outra pessoa. Deixei o assunto morrer. Um tempo depois, a cobra cascavel tentou pegar na minha mão. Estranhei e desviei de seu toque, mas ele era insistente.

Primeiras & Únicas Vezes (Solangelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora