XXV -- Meu primeiro e único noivo

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 Não demorei a reencontrar o meu anel de caveira e fiquei muito aliviado, mas seu repentino desaparecimento me deixou várias dúvidas. Will evitava o assunto, como se não tivesse importância. Disse que deve ter saído do meu dedo enquanto eu dormia, mas algo nisso me soava irreal.

 Por eu me mexer muito pouco dormindo, a suposição do meu namorado não fazia lá muito sentido. Quis investigar mais, mas eu ainda tinha dois empregos, então tempo para ficar encucado eu não tinha. Nossa rotina estava muito corrida. Eu trabalhando e Will fazendo faculdade, além de estágio em uma clínica pediátrica.

 E tinha outra coisa me incomodando: Eu queria fazer faculdade. Conversei com Andrew sobre isso e admiti que estava angustiado. O meu sol me tranquilizou, dizendo que eu iria sim cursar a área dos meus sonhos, apenas me pedindo paciência. Não havia muito mais o que ser feito que não fosse confiar nele. Ia dar certo.

 Bem, aí, depois de esquecer totalmente do sumiço do meu anel, descobri por que, como e pra quê:


一 Alô?


My angel, se arruma.


 Quase derrubei o telefone fixo e o esmalte. Não se podia fazer a unha em paz.


一 Will?


Sim, amore mio, sou eu.


 Coloquei o esmalte preto na mesa.


一 Por que eu deveria me arrumar?


Vou te levar pra sair, lógico.


 Ele soava bem ansioso.


一 Para onde nós vamos?


Surpresa, my moon. Saberá em breve.


 Nos despedimos e ele desligou. Terminei de pintar as unhas de preto, soprando-as para secar logo. Eu estava ficando ansioso. Da última vez que ele falou naquele tom, foi pra me chamar pro baile de formatura da escola. Penteei o cabelo, já pensando que ele está um pouco longo. Prendi os fios negros em um rabo de cavalo, mantendo minha franja.

 Catei no meu guarda-roupa uma camiseta preta de manga cumprida, jeans preto e uma camisa cinza-escura de manga curta. Na previsão do tempo disse que ia fazer frio. Coloquei minha carteira no bolso da calça e decidi deixar o celular em casa, apesar de não parecer uma boa ideia ficar sem nenhum meio de comunicação fora de casa.

 Will não demorou a chegar e achou uma ideia excelente deixar o telefone dele também. Fomos pro carro, ao qual compramos com nossas economias. Fazia quase quatro anos que moramos juntos e, guardando um pouco aqui e ali, conseguimos parcelar um carro usado bom. Revezávamos, as vezes eu o deixando no estágio ou na faculdade antes de ir pro trabalho e vice-versa.

 O loiro pouco falou. Elogiou minhas unhas, disse que eu estava bonito e afagou o meu cabelo, o soltando do rabo de cavalo. Não fiquei irritado por ele ter feito isso, apenas receoso de ser confundido com uma garota. Ao comentar isso com o Solace, ele riu e fez piada, me chamando de "Bela Mulher", ou Pretty Woman. Fechei a cara e ele riu ainda mais.

Primeiras & Únicas Vezes (Solangelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora