XII -- Meu primeiro contato com álcool

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 Depois que a música lenta acabou, pop rock começou a soar das caixas de som. Cansado, encostei-me em um canto afastado de onde podia ver Will dançando. O loiro sustentou o contato visual, o olhar penetrante me prendendo; Senti um frio estranho no estômago e mirei meus próprios pés, corando. Aquilo era novo, mas vinha aumentando rápido em frequência e intensidade. O que era? Nem suspeitava.

 Estava quieto no meu canto quando Issac veio em minha direção. Ele tinha dois copos na mão e me ofereceu um deles. Como estava com sede, aceitei e agradeci. O líquido desceu rasgando pela minha garganta. Arregalei os olhos, surpreso com o gosto agridoce. Ao perguntar o que era, ele pareceu confuso, como se fosse óbvio que eu soubesse.


一 Nunca viu álcool na vida? 一 Arqueou a sobrancelha, duvidoso.


 Dei de ombros e tentei uma segunda vez. O gosto não era ruim. Sem perceber, tomei tudo. Issac sorriu, indo buscar mais pra nós. Conversei com minha mãe em pensamento. Pedi desculpas por beber, confessei o sentimento estranho por Andrew e que eu tinha medo de ser algo ruim. Não queria perdê-lo.

 Fiquei ali, bebendo e conversando por um tempo, as vezes olhava para Solace pelo canto do olho. Em algumas, ele também me observava, sorrindo. Eu estava bem feliz. Queria que o loiro ficasse do meu lado, mas não expressei esse desejo porque seria egoísmo. Ele é meu namorado e não um cachorro pra ficar me seguindo pra todo canto.

 Mal sabia eu que ter a companhia de Will teria sido uma ótima ideia em minhas últimas horas sóbrio naquele dia.



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 Não sei por quê, mas tudo parecia tão hilário que eu não conseguia parar de sorrir. Tinha umas meninas conversando comigo e as vezes ela falavam de alguém da festa. Eu não conseguia entender muito bem o que diziam, como se tivesse marshmallow nos meus ouvidos.

 Ri quando um cara caiu e o ajudei a se levantar oferecendo a mão. O garoto sorriu, feliz, pra mim e o diálogo fluiu. Ele era legal e seu olhar acolhedor me lembrou Jason, o que me fez ficar ainda mais a vontade em sua presença; Matthew me encontrou pouco depois e pediu que eu o seguisse. Fiz sem questionar o por quê. É um amigo do meu sol, pensei. Não vai querer me deixar largado por aqui.

 Mas eu me perdi de Matthew no meio da multidão que tinha. O apartamento não era lá muito grande, então o aglomerado era muito denso. Me deram outro copo com bebida e eu só ri. Bebi, indo para a posta de dança. Teve gente que veio falar comigo, mas eu só sabia falar de Will. Dizia para quem quisesse e não quisesse ouvir o quanto ele é maravilhoso. E, em meio a falta de pudor, soltei isso:


一 Ele também é um puta de um gostoso.


 Saía de forma tão inocente e natural que os interessados em escutar riam, meio que achando engraçado eu falar dele assim, tão na lata. Eu não fiquei com vergonha. Na verdade, me senti muito bem por dizer o que secretamente pensava. Talvez a bebida tenha tirada o meu bom senso porque eu continuei especificando o que achava sexy em Will.

 Eu conseguia notar nitidamente a vontade de rir da minha sinceridade, mas não parei. Uma garota, namorado da irmã do Issac, me encorajou a contar como eu conheci o loiro. Quando fui ver, já tinha contado minha vida toda. Ela pareceu surpresa e admirada com minha história. Pouco depois que eu terminei a parte do pedido de namoro, a namorada dela a chamou pra ir embora. Ela não quis ir.

Primeiras & Únicas Vezes (Solangelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora