Durante a Patrística, houve uma concepção cristã de "gnose" que era muito diferente do que recentemente se tornou conhecido como Gnosticismo. A palavra grega "gnosis" aparece tanto no Novo Testamento - no Evangelho de São Marcos e em algumas cartas de São Paulo - quanto nos escritos de muitos Padres da Igreja.
Clemente de Alexandria, por exemplo, escrevia abertamente sobre as qualidades de cristãos "gnósticos". A palavra "gnose" não se confundia com nenhuma espécie de Gnosticismo, mas referia-se a um conhecimento especial, concedido diretamente por Deus e obtido através do "nous", para aprofundamento do cristão nos divinos mistérios.
Os Padres da Igreja dizem que nosso "nous", a inteligência não-verbal que percebe a experiência direta e os símbolos como igualmente "reais", estará livre para funcionar apropriada e objetivamente apenas quando estiver livre de pensamentos e sentimentos errôneos. Isso só pode ocorrer plenamente quando o "nous" for informado pela "gnose", equiparada por São Paulo e pelos Padres com o conhecimento dado diretamente por Deus: "Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer as graças que Deus nos prodigalizou e que pregamos numa linguagem que nos foi ensinada não pela sabedoria humana, mas pelo Espírito, que exprime as coisas espirituais em termos espirituais." (1 Coríntios 2, 12-13).
Santo Isaac, o Sírio, tinha uma oração para a obtenção desse conhecimento:
"Ó Senhor, torna-me digno de te conhecer e te amar, não no conhecimento decorrente do exercício mental e da dispersão da mente, mas no conhecimento pelo qual a mente, ao te contemplar, glorifica sua natureza nesta visão que a rouba da consciência do mundo."
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Hermeticismo Cristão: A Relação Oculta entre a Igreja e o Oculto
SpiritualUma pequena compilação de textos sobre Hermeticismo, sua História e relação com a Igreja Católica