Aquilo Que Já Partiu Ainda Deixa Marcas (ROMANCE LGBTQIA+)

Capitulo Quatro - Algo novo, de novo.

Reviro todas as minhas coisas até encontrar uma bermuda daquelas de fazer atividades físicas, pego uma camiseta regata azul e amarela do time de basquete Warriors, minhas chinelas Havaianas amarelas e estou pronto para ir à praia.

Sou uma pessoa muito ansiosa, e como sempre, estou pronto antes da hora e sentado no sofá já esperando. Sergio aparece na sala com uma bolsa cheia de coisas. Ao parecer estava preparado para passar toda a tarde na praia.

Descemos os dois andares do apartamento ao estacionamento, entramos no carro e saímos em direção ao supermercado.

- Hugo, espere um pouco aqui no carro. – me diz enquanto desliga o carro e sai – Vou comprar umas coisas para nosso dia, só demorará um instante.

- Okay – respondo enquanto verifico meu celular. Me dou conta que me esqueci de colocá-lo para carregar de ontem para hoje e tenho apenas 15% de bateria. Não que eu seja uma pessoa viciada em redes sociais, porém eu amo tirar fotos e essa seria a oportunidade perfeita para tirar o máximo de fotos possíveis. Seria! Coloco ele em modo avião e torço para que a bateria dure até o fim do dia.

Logo o Sérgio retorna ao carro com duas sacolas cheias, biscoitos, sanduíches naturais, sucos, refrigerantes, tinha de tudo ali. 

- Uau – digo surpreso – Vaya banquete, não?

- Exagerei? Hm? É, acho que exagerei – Diz, dando uma profunda gargalhada.

- Creio que sim, mas é melhor sobrar do que faltar, não é o que dizem? – respondo também sorrindo.

Eu acho que nunca viajei tanto assim na minha vida e em tão pouco tempo. Começamos a pegar o caminho norte da cidade, sentido Mataró. As rodovias estavam cheias, porém o trânsito fluía muito bem e íamos a toda velocidade. Fui todo o tempo em silêncio contemplando ao máximo a paisagem e me impressionei com o quanto a vista aqui é bonita, os campos, as plantações, os morros, as fazendas.

Vejo uma placa desejando boas-vindas a Mataró e não me pareceu uma cidade turística e muito menos que havia alguma praia por aí. Ela parecia abandonada e com um aspecto esquecido, porém não deixo que isso abale minhas expectativas. Seguimos por uma avenida dupla muito larga e longa, não parecia ter fim. Passamos por uma praça redonda imensa com uma estátua enorme ao centro dela, era de uma uma mulher nua segurando um arco e flecha. Até aí nada me surpreendeu. Seguimos mais adiante, viramos à direita e em seguida esquerda, entrando assim em um túnel subterrâneo. Este túnel parecia não ter fim. Até que eu tive a visão mais linda da minha vida.

Ao sair do túnel e entramos na avenida novamente, eu olho para a minha direita e tudo que antes era prédio ou lojas, deu espaço a um imenso porto cheio de barcos pequenos, um sol brilhante e um mar infinito. 

- UAU! – digo de boca aberta.

- Bonito, não? – responde Sergio, sorrindo discretamente.

- Eu nunca vi nada como isto na minha vida – continuo ainda com a boca aberta de surpresa.

- Você ainda não viu nada – constata ao apontar com o queixo adiante da pista.

Vejo a praia, um lindo contraste entre o amarelo da areia grossa, o azul claro do mar, o azul um pouco mais brilhante do céu e para finalizar um sol amarelo, mas tão amarelo que fechei os olhos por um segundo e ainda conseguia sentir seu brilho em meu rosto. Fico calado apenas olhado para a paisagem sem poder acreditar que eu estava realmente ali, sem acreditar que aquilo era tudo real e eu, que passei pelo inferno que passei, pudesse estar disfrutando de um pouquinho do paraíso.

Seguimos um pouco mais até estacionarmos perto de um quiosque, paramos nele, compramos duas garrafas de água e seguimos em direção a um grupo de pessoas, presumo que seja a família dele. Ali havia um casal de idosos, um casal mais jovem e uma criança pequena de uns 3 ou 4 anos. Chegamos ao grupo, deixamos todas as sacolas perto deles e estiramos nossas toalhas.