Capitulo Cinco - O outro lado da moeda

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Essa foi, sem sombra de dúvidas, a melhor experiência que eu já tive até hoje! Claro que com a vida "maravilhosa" que eu tive, qualquer momento de felicidade se torna a melhor experiência que eu já tive. Quando as expectativas são baixas, é muito fácil superá-las.

Após nadar bastante e brincar como duas crianças que nunca tinham entrado na água na vida – e na realidade, eu nunca havia entrado em uma água tão viva assim – nos cansamos e decidimos sair da água e deitarmos um pouco junto com todos da família. Sim, neste momento eu estou me sentindo tão acolhido por eles que já me considero uma parte de sua família.

Cay não para de falar e ali, no meio de todos eles que são bem comunicativos, fica praticamente impossível entender o que cada um está tentando falar. Os espanhóis tem uma mania engraçada de conversar como se estivessem no meio de uma discussão, mas sempre bem divertida e acalorada. 

Me desconecto um pouco, fecho meus olhos e tento ouvir o mar e o ambiente novamente. Ouço, bem distante uma música que amo – uma versão reggae de Stand By Me - e ela me preenche de uma maneira, fazendo-me viajar a outro universo.

Caio em um sono profundo, não como um desmaio de cansaço, mas sim um sono relaxado. Um sono feliz.

Acordo após não sei quanto tempo percebo que todos estão olhando para mim e sorrindo – ou tentando esconder um sorriso –, e ao tentar me levantar me sinto imobilizado, olho para baixo e vejo que estou todo enterrado na areia. Faço uma cara séria e olho ao redor.

- Deixe-me adivinhar: Pol? – Digo tentando me liberar da areia que estava sobre mim, porém sem sucesso nenhum. Como isso foi acontecer comigo e eu nem percebi?! 

- Vaya primo, foi só uma brincadeira – me responde Pol, engasgado tentando segurar sua risada.

- Só espera eu sair daqui pra ver o que vai acontecer com você – respondo enfurecido.

- Calma primo, já vou te tirar daqui – veio correndo de onde estava para me tirar da areia, o sorriso saiu de seu rosto e eu vi sua preocupação em ter passado dos limites. 

Todos nos olhavam com uma certa preocupação.

Me levantei em um salto, andando em círculos e me limpando demostrando toda a raiva que eu sentia – ou que eu queria que eles acreditassem estar sentindo – vou em direção a minha mochila e o Sergio se levantou preocupado.

Porém, ao lado dela estava meu objetivo real, um balde rosa, cheio de areia que a Sofia estava tentando montar um castelo. O peguei e, de forma bem sorrateira, cheguei por traz de Pol, virei todo o balde sobre sua cabeça, fazendo questão que todas as partes de seu corpo estivessem tão cheias de areia quanto o meu – Inclusive as partes indesejadas – e logo em seguida disparo a correr em direção à praia dando gargalhadas.

- Isso é para você aprender a não mexer com álguem que está dormindo – grito a distância e vejo que todos estavam rindo da cara dele.

- Hahaha, eu acho pouco – lhe diz Sergio enquanto ria quase de perder o folego – Ninguém esperava essa, muito menos você, né Pol?

- Ahhhhh eu vou pegar esse cabrón – diz Pol ao se levantar e tentar tirar a areia de dentro de seu short, ao mesmo tempo em que tentava correr atrás de mim – Volta aqui, moleque.

Demos umas boas voltas correndo e rindo, não me lembro da última vez que me senti tão aceito e feliz. Até que ele conseguiu me pegar, me colocou em suas costas e me carregou até o mar e me atirou aí. Nos divertimos bastante nessa brincadeira de Gato e Rato, vi que ele se comporta exatamente como uma criança e neste momento, eu também!

Já estava anoitecendo quando a Senhora Amparo sugeriu que todos fôssemos jantar em uma pizzaria tradicional do vilarejo, já que uma hora dessas ninguém iria cozinhar em casa. Após uma ducha ali na praia mesmo, trocamos de roupa e fomos todos a essa pizzaria. 

Aquilo Que Já Partiu Ainda Deixa Marcas (ROMANCE LGBTQIA+)Onde histórias criam vida. Descubra agora