Capítulo 12 - Lágrimas Compartilhadas
Tudo aconteceu tão devagar e rápido ao mesmo tempo.
Olhei para o Mario com uma profunda tristeza, ele me olhava com uma expressão de confusão não compreendendo o que havia acontecido ou o motivo da frustração de Cay.
Aceno para que ele me esperasse ali e saio correndo tentando acompanhar os passos dela. Ela corria disparada em direção a praça central e eu, com muito custo a alcancei.
Tento colocar a mão em seu ombro porém ela escapou do meu toque e continuou a correr. Acelero um pouco mais e dessa vez consigo segurá-la pelo punho. Talvez o agarre tenha sido um pouco forte, pois de um solavanco ela parou e nós nos esbarramos e caímos no chão.
Após nos levantarmos vagarosamente, eu crio muita coragem e levanto meu rosto do chão para olhá-la, entretanto percebi que ela está de costas para mim olhando para o chão.
Dou um passo para me aproximar, e outro, e outro. Pouco a pouco eu vou me aproximando, como se ela fosse um animal ferido pronto para atacar. Sua postura era tensa e rígida, percebia-se que ela estava sentindo muitas coisas naquele momento, e provavelmente nenhum destes sentimentos era positivo.
À um passo de chegar até sua presença, ela levanta a cabeça e olha para a lua, que estava extremamente linda naquela noite - o que era graciosamente paradoxal com o que estava acontecendo.
- A lua está linda essa noite, né? - ela diz e eu congelo, suas palavras eram sóbrias e contidas.
- Ehh, sim! - respondo com receio.
- Uma lua gigante dessas, uma noite no boliche... - ela continua falando com um compasso ordenado - você, eu, umas batatas fritas...
- Me desculpa.. - tento me desculpar, mas ela atropela minhas palavras.
- ... era tudo que eu queria hoje... - percebo que sua voz se altera, afogada e abafada - ... eu achei... eu sinceramente achei que você era diferente Hugo...
- Me desculpa, por favor... - mais uma vez sou interrompido, mas desta vez eu fiquei extremamente assustado.
Ela vira abruptamente e me dá um tapa no rosto tão forte que eu me curvo levemente para o lado com o impacto. Tardo uns segundos para compreender o que aconteceu, e quando retorno a minha postura - sentindo o calor em meu rosto e a dor que emergia - e olho em seus olhos, vejo uma menina segurando um grito e com os olhos aterrorizados, lágrimas saiam por seus olhos numa velocidade inimaginável, mas nenhum som saia de sua boca, além da sua respiração descompassada.
Fico completamente congelado neste momento. Ela me deu um tapa e eu me sinto merecedor, eu queria argumentar sobre a desnecessidade da agressividade mas não fazia sentido nenhum pois eu percebi que o tapa que ele me deu, doeu mais nele do que em mim. Ela me olhava com tanta dor, tanta tristeza, tanta vergonha que eu acho que ela estava se martirizando de uma forma nunca feita anteriormente.
Ela cai de joelhos no chão num impacto que se ouvia desde longe. As mãos ainda estavam em sua boca, contendo todo e qualquer som a ser exprimido. As lágrimas caiam no solo, gotas e mais gotas, seus olhos estavam em outra dimensão.
- Me perdoa... eu não deveria - ela diz sem olhar em minha direção - eu não tenho o direito!
- Cay. - me ajoelho em sua frente, tentando entrar em contato com sua visão - eu que...
- Me perdoa... - ela me interrompe sem perceber devido ao seu choque - me perdoa... me per..... me......
Dispara em choro, um choro doído, um choro profundo. Eu a abraço e neste exato momento eu sinto todo o tremular de seu corpo, não fazia frio mas cada um de seus músculos tremia como se estivéssemos no meio de uma nevasca terrível. Com o beijo, eu creio que quebrei seu coração em tantos pedaços que agora todos os destroços escapavam entre seus dedos e ela não conseguia aguentar.
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Aquilo Que Já Partiu Ainda Deixa Marcas (ROMANCE LGBTQIA+)
Teen FictionNo vibrante cenário de uma cidade de Barcelona, onde amizade e descobertas se entrelaçam, Hugo, um jovem com a mente cheia de sonhos e sentimentos confusos, se vê envolvido em um turbilhão emocional quando conhece Mario, um rapaz enigmático e cativa...