Yesterday Upon The Stair

6-Narita e sra. kitayama

CW: Discussões sobre bullying no passado, assassinatos e mortes por afogamento.

Existem poucas coisas neste mundo mais estranhas do que encontrar seu professor fora da escola.

Toshinori sabe disso, porque ele já foi adolescente e sabe muito bem que naquela idade ele teria desejado uma peculiaridade de invisibilidade se tivesse cruzado com, digamos, Gran Torino na loja da esquina.

Então ele certamente não pretendia colocar o jovem Midoriya nessa situação, mas como ele poderia saber que seu aluno e sucessor escolhido passaria seu primeiro fim de semana do ano letivo visitando a mesma loja de departamentos que Toshinori ia?

Ele pretendia apenas comprar alguns mantimentos no porão, os preços são bons e a variedade é maior do que a da loja da esquina oferece. É uma viagem rápida e fácil; tem que ser, para ele conseguir fazer em sua verdadeira forma.

As pessoas se afastam dele quando podem. Não que isso o surpreenda; mesmo sem o vômito sangrento, as pessoas tendem a se assustar com sua aparência emaciada. Ele tem o tipo de olhar que faz as mães apontarem e sussurrarem para seus filhos sobre as consequências de não comer seus vegetais.

Os últimos seis anos o ensinaram muito sobre se desligar das pessoas.

Ainda assim, quando ele entra na fila mais curta do caixa, ele não os está desligado o suficiente para perder a confusão familiar de cabelo verde que pisca no canto do olho. Alguns corredores abaixo, o jovem Midoriya está olhando para frente em sua própria linha e não o viu. Toshinori não tem uma boa visão de seu rosto, mas parece estar olhando para o nada. O menino certamente faz muito isso.

Ele deveria subir e dizer olá de qualquer maneira? Toshinori quer falar com Midoriya em particular desde o exercício Heróis Vs vilões, mas ele simplesmente não teve a chance. Mesmo depois de seis meses supervisionando seu treinamento de força, Toshinori nunca percebeu o quão escorregadio o menino é. Isso só serve para mostrar que o menino nunca conseguiu escapar do treinamento, simplesmente porque nunca tentou. Ele já estava exatamente onde queria estar.

Seria estranho abordá-lo agora? Toshinori hesita, o menino tem o infeliz hábito de gritar seu nome por instinto, sem se importar com as testemunhas.

Vou falar com ele na saída, ele decide, e no momento em que o pensamento se completa em sua cabeça, ele chega à frente da fila.

Ele acabou de pagar suas coisas quando há um pouco de comoção na outra linha. Há um homem tentando pagar as compras, mas parece que ele está tendo problemas para se comunicar com o caixa. O cliente gesticula, aparentemente ignorando o que o caixa está tentando dizer, ou o entendendo mal ou... Toshinori não pode dizer de longe. Ao sair do caminho do próximo cliente, ele observa e se pergunta qual é o problema.

E então Midoriya está lá, abrindo caminho para a frente da fila. Ele se aproxima cautelosamente, acenando para chamar a atenção do cliente problemático. Enquanto Toshinori observa, Midoriya espera até que o homem olhe para ele e faz uma série de gestos com as mãos.

O alívio no rosto do cliente é palpável. Ele gesticula de volta, e torna-se uma conversa silenciosa entre os dois. Midoriya se vira, diz algo para o caixa, assina algo para o homem, e vai e volta entre os três, com Midoriya mediando toda a conversa.

Bem. Toshinori pensou que o menino tinha acabado de surpreendê-lo, mas parece que Midoriya ainda tem algumas surpresas sobrando.

O cliente termina sua transação e faz outra série de sinais de mão enfáticos que Toshinori só pode supor serem agradecimentos profundos. Midoriya faz suas respostas e se vira para voltar à fila, mas o próximo cliente sorri e faz sinal para ele ir primeiro. Toshinori vê seu aluno corar de prazer enquanto ele obedece. Ele não tem muito para comprar e parece ansioso para se esquivar timidamente da gratidão do caixa. Ele faz o seu caminho e, quando olha para cima, encontra os olhos de Toshinori.