No capítulo 10 de Deleite (Futuro), eu menciono rapidamente que as STs fizeram uma viagem de família com suas crias ao Rio de Janeiro vinte anos atrás, e esta one vai tratar dessa viagem. Eu juro que nem planejava escrever nada especial sobre esse assunto quando mencionei ele em Deleite, mas a inspiração veio esses dias, de uma hora pra outra, fácil (isso geralmente não acontece), e eu precisei atender 😊
Ps: esse título vem de Beira-Mar, de Maria Bethânia.
Rio de Janeiro, 2003
Naquela madrugada de sábado para domingo, iniciozinho de dezembro, Soraya estava ansiosa. Não sabia por quê. Estava deitada na cama de casal do quarto de hotel, a alguns centímetros de distância do marido adormecido, olhando para o teto, os olhos bem abertos, a respiração acelerada, o corpo desesperado para movimentar-se. Caminhar. Correr. Sair dali. Ela respirou fundo pela enésima vez. Olhou para o seu lado direito. Ali, na cama de solteiro, dormia sua filha, com as ondas rebeldes espalhadas pelo travesseiro. Soraya sorriu, sentindo-se minimamente mais calma. Olhar para Isabela ali, dormindo feito um anjinho depois de ter se esbaldado de tanto brincar na praia com suas irmãs de catchup, afastou-a um pouco daquele redemoinho de sensações e pensamentos difusos que surgira dentro dela há algum tempo.
Soraya estava confusa. Por que aquela taquicardia, aquele nó na garganta, aquele aperto no peito, se o dia havia sido perfeito? Pôs-se a relembrar dele para distrair-se e encher sua mente de coisas boas.
Era cinco e meia da manhã quando Isabela saltara na cama dos pais para acordá-los, frenética como se já tivesse tomado cinco xícaras de café puro. Ainda estava tudo escuro no quarto.
— Isabela, você por acaso sabe que horas são?! — Soraya grunhira sem abrir direito os olhos enquanto a filha estava de pé no colchão, entre ela e Carlos César.
A pequena sentara-se e em seguida debruçara-se sobre o tronco da mãe, tentando identificar os números vermelhos do rádio-relógio que estava na mesinha de cabeceira ao lado direito de Soraya. A mulher não pudera evitar soltar uma risadinha.
— Cinco e trinta e um — Isabela informara.
Carlos choramingara em resposta a isso, colocando o travesseiro sobre a cabeça.
— Pelo amor do santo Deus!
A pequena apenas rira. Conhecia a voz de bronca do pai. Não era aquela.
— Filha, você sabe o que cinco e trinta e um significa? — perguntara-lhe Soraya, na intenção de fazê-la voltar para sua cama.
— Que já é hora de acordar e ir tomar café antes que vocês se atrasem pro aeroporto e me esqueçam aqui que nem aconteceu com o Kevin e a família dele?
O casal riu diante da referência de Isabela a Esqueceram de Mim.
— O Kevin só foi esquecido porque dormiu uma noite no sótão e tinha uma família de, tipo, cinquenta pessoas — Soraya a tranquilizara. — Você não dorme num sótão e somos só nós três aqui. Seria impossível te esquecer. Relaxa, meu amor, e volta pra cama. O nosso voo sai às dez e quarenta. A gente ainda tem umas boas duas horas pra continuar dormindo.
— Eu não consigo mais dormir! — Isabela erguera os bracinhos, impaciente, e logo deixara as palmas caírem sobre as coxas — Como é que vocês querem que eu durma?! A gente vai pro Rio!
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Pedacinhos de Nós (Simone e Soraya)
FanficOneshots aleatórias que podem ou não se encaixar no universo que nós conhecemos.