Sentimentos Genuíno

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Yoongi tocou no pescoço se sentindo estranho, além de estar ouvindo um sermão de dez minutos do próprio primo, estava sentindo seu corpo estranho. Nunca foi de se irritar com Dori, por exemplo, mas estava irritado ouvindo a voz dele. Queria que todo mundo ficasse em silêncio, que os pássaros ficassem mudos e que pudesse ouvir seus próprios pensamentos em paz, mas não conseguia.

Alguém precisava se calar.

— Eu já entendi. — Yoongi falou firme, expressando-se risível e amargurado.— Qual experiência te deu o direito de me dar sermão sobre eu e meu marido, Dori?

— Qual experiência? — as mãos do ômega se apertaram em raiva. — Seu… Seu… — Dori mordeu a língua para não ser indecente. — Como ousa dizer isso para mim, Yoongi? Como ousa agir prepotentemente como se fosse o rei das boas aventuras? O que sabe sobre a vida além do que está em volta do seu umbigo imundo? Você não sabe nada. — Yoongi ainda o olhava sem vontade alguma de escutar qualquer palavra. — Você não merece ele.

— Situe-me sobre algo que eu já não saiba.

— Não é porque você é deformado, não é por causa do seu acidente que não o merece. Seu coração é igual ao de todos aqueles que tiraram Charlotte de você. Esse tipo de coração nunca vai merecer alguém tão bom quanto Seokjin.

As últimas palavras de Dori arderam para Yoongi, não conseguiu dizer nada além de observá-lo sair do local em que estavam e ficar só. Quando a porta se fechou, conseguiu finalmente pensar melhor, mas ainda sim as dores que sentia no corpo aumentaram drasticamente, não conseguia ou não lembrava do porquê daquilo tudo está acontecendo

Estava tão cansado da vida. Yoongi não era mais o tipo de homem viril e feliz, por isso, sabia que um dia sua amargura iria afastar as pessoas. E se não havia afastado Dori ainda, ele sabia que ao menos não morreria só. Achava. Quando se levantou para se despedir de seu primo que ia para a lua de mel, sentiu o olhar frio de Dori sobre si.

A solidão é implorar até o momento que a tem, depois disso, o que fazer com ela?

Yoongi tinha certeza que não amava Charlotte. Sinceramente? Nunca amou. Era diferente na época. Ele era feliz com alguém lhe bajulando, em seus momentos mais alegres de músicas, risos e histórias. E Charlotte fazia parte desse momento feliz, mas se um dia visse Seokjin em sua frente, ele não conseguiria resistir. Em algum momento, seu lobo iria se atrair pelo cheiro doce de avelã e ficaria tão obcecado que não conseguiria parar. Pois era assim que se sentia no momento. Gostava dos problemas que Seokjin lhe trazia. Do seu riso apostando e o lado manhoso pedindo desculpas por perder, mesmo que tenha visto isso apenas uma vez, queria muito ver mais.

O quão amargurado era para deixar Seokjin ir embora sem ao menos dizer que não importava se um dia acha que amou Charlotte, era a Seokjin que ele pertencia.

Mas se Jin quisesse viver mais? Amar mais alguém? Como iria negar isso? Se sentia culpado em o prender a si de uma forma tão brutal. Maldito seja um casamento. Era para ser mais simples.

Yoongi era uma racional e cético demais, as únicas vezes que agiu de forma tão emocional havia Seokjin envolvido, não consegue dizer a verdade sobre como aquilo incomodava. Mesmo que tivesse a ideia de como seria o amor com Seokjina, ele ainda tinha uma certa amargura que perdurava em sua vida.

Sempre iria ter essa amargura. As vezes incomodava, mas as vezes sabia que era parte do ciclo final de sua vida. Depois dali, Yoongi apenas esperava sua morte. Não tinha mais o que viver. Todavia, Seokjin fez questão de lhe mostrar que não era pra ser tão previsível.

Ora, ele era Min Yoongi, a besta. O grande herói que não haviam dedos para contar quantos ele havia matado para defender sua nação. Yoongi tinha uma amizade próxima com a morte, pois, alguém como ele já deveria estar apenas como pintura no seu casarão. Ele sabia que a amizade com a morte tinha prazo de validade. Mesmo que ainda usasse uma bengala, as mãos de Yoongi ainda eram capazes de vencer uma guerra.

A verdade não dita | YOONJINOnde histórias criam vida. Descubra agora