UM DIA QUASE PERFEITO Parte 1

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CROÁCIA 

Assim que a chave girou e Croácia se certificou pela terceira vez que o trinco não girava, ele finalmente se virou para as filhas e o ex-marido que esperavam sentados na escadaria.

– Com que a gente podia ir na praia. – Bósnia sugeriu com a cabeça apoiada nas mãos. – O verão acabou de começar.

– Não to no clima. – respondeu a irmã rasgando uma das muitas folhas secas que caiam do velho plátano. 

– A gente pode ir tomar sorvete. – Sérvia sugeriu tirando os olhos do celular. Cro deu uma olhada rápida e notou que Sevy estava conversando com Áustria e que a foto de fundo da conversa era a mesma do dia da pesca em que Cro levou as meninas para pescarem quando tinham sete anos – Não sentem saudades do velho monte de pistache e nozes?

– Sim! Você topa irmã? – Bony perguntou animada segurando a mão de Herzy.

– Claro, depois a gente vai visitar o porto, né papai? – Herzy concordou com a sugestão do pai e olhou para Cro com um olhar de "Se você não me levar vai se arrepender" e Croácia assentiu rindo.

– O que você quer fazer lá? – Bony perguntou ajeitando a boina.

– Sentir o cheiro do mar, e quem sabe encontrar algumas coisas na orla da praia. – Ela deu de ombros ao responder. Herzegovina tinha dessas de querer levar coisas estranhas pra casa, quando tinha três anos acabou trazendo nada mais do que um escorpião amarelo para dentro de casa. Croácia sentiu um arrepio ao se lembrar do susto que foi quando encontrou aquele escorpião no cabelo dela, ela o escondeu o escondeu debaixo da boina e quase socou o nariz de Croácia quando ele tentou tirar o escorpião do emaranhado de fios.

Servia olhou para ele pelo canto dos olhos.

– Lembra do dia do escorpião?

Croácia riu com a certeza de que Sérvia podia ler seus pensamentos.

– Não fala assim do senhor Jacobs, ele é meu amigo. – Herzy retrucou defendendo o inseto.

– Eu achei que esse bicho já tinha morrido. – Croácia torceu as sobrancelhas espantado com aquela informação.

– Filha, o senhor Jacobs já é bem velhinho, uma hora ele vai acabar partindo. – Servia tentou falar num tom acolhedor afagando as costas da filha, mas Herzegovina ignorou e abraçou os próprios joelhos com uma carinha triste de cortar o coração.

– Mas ele é meu melhor amigo. – Ela disse baixinho.

– Achei que a mal fosse sua melhor amiga. – Bony questionou piscando lentamente. Herzy olhou feio para a irmã.

– Ela é minha melhor amiga humana. – Herzy esclareceu frisando a palavra "humana". Cro respirou fundo e se abaixou atrás das duas.

– Ei, vamos atrás da sorveteria e até lá conversamos sobre isso querida. – Croácia sugeriu como um bom pai sempre pronto para aconselhar e proteger suas princesas.

– Helado de ferreiro Blanco ai vou eu! – Bósnia praticamente gritou voando escada a baixo e correndo pela calçada. Sérvia quase teve o coração saído pela boca enquanto corria atrás da fugitiva mais rápido do que o diabo fugindo da cruz.

Herzegovina se levantou em silencio e desceu degrau por degrau até estar caminhando ao lado do pai na calçada pouco movimentada.

Pouco a pouco a vista do lago ia sendo substituída pelas altas casas de pedra beje e telhados vermelhos e o burburinho das pessoas já chegava aos ouvidos dos dois. Sérvia e Bósnia só Deus sabia a onde estavam e isso de certa forma foi bom para que Cro tivesse uma conversa franca com sua filha.

O Nó Que Nos Liga - França e CroáciaOnde histórias criam vida. Descubra agora