X | Jane Doe.

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"[...]'E sempre tratarás o desconhecido como teu semelhante', profetizou. 'Mas, sempre temeis o desconhecido, pois aquele que carregas uma lança em mãos, também traz sangue nelas' advertiu o onipotente. Ele sabia que mesmo aqueles que possuíam carne da sua própria carne não mereciam confiança, e ele estava certo. Sempre houve um traidor sentado à mesa; Sempre houve um desconhecido sentado à mesa."

[...]

— Parece piada. — diz Simone, seguindo o rastro da mais velha para dentro do prédio — Jane Doe? Eu não sei o que me surpreende mais, ela ter esse nome ou nunca ter passado por nossas cabeças que o assassino era uma mulher.

— Tebet, sem mais reclamações por hoje, está bem?

— Não estou reclamando, estou apenas surpresa com toda essa situação.

Soraya revira os olhos, tomando a frente da situação e informando ao síndico do pequeno prédio que elas precisavam subir até o apartamento de Jane Doe. Elas podiam quase se sentir dentro de um filme de ação, a qual a caça pelo assassino vira um grande enigma policial. As detetives supostamente nunca deveriam pisar naquele local, visto que a forma como conseguiram aquele endereço era completamente ilegal. Mas lá estava a suspeita principal, uma mulher chamada Jane Doe, como nos filmes, a única a ter acesso a 'Bíblia dos Pecados' de J.R. Watson. Foram quarenta e sete empréstimos em um ano, o que certamente era incomum até para duas detetives. Agora as duas mulheres estavam paradas em frente a porta de alguém que poderia ser o assassino que tanto buscaram. Batidas e mais batidas, ninguém estava em casa. A mais nova se mostrava impaciente, andando de um lado para o outro no estreito corredor.

— Vamos invadir, qual é! — dizia.

— Tebet, será que você ainda não entendeu que não deveríamos estar aqui? O que vamos explicar para a Victória se invadirmos o apartamento de uma cidadã sem um mandato?

— Sei lá, podemos pensar em alguma coisa.

—  "Ah, Victória, a Tebet teve um presságio que o assassino morava lá e então invadimos o local sem mais nem menos". — debochou — Ela não pode nem sonhar que solicitamos os serviços da I.B.S, pelo menos por agora.

A de cabelos pretos bufa, se encostando na parede enquanto observava a mais velha insistindo em bater. Naquele momento, alguém adentrou o corredor, carregando algumas sacolas em mãos. A silhueta feminina estava vestindo um moletom folgado, utilizando a touca juntamente a um boné. Ela para no corredor ao ver as detetives em sua porta e claro, as mulheres percebem a presença da senhorita. Não podiam ver seu rosto devido a distância e porque a jovem usava uma máscara que cobria sua boca e seu nariz. Mas lá estava ela, a dona do apartamento e a possível serial killer.

— Você é Jane Doe? — pergunta Thronicke.

Simone podia ser lenta para entender algumas coisas, mas tinha bons reflexos. Quando Jane Doe saca sua arma e atira na direção da Detetive mais velha, Tebet salta na direção dela, derrubando-o no chão, entretanto, salvando-a de ser atingida pelo disparo. A suspeita corre de volta por onde entrou, despertando ainda mais desconfiança. Simone se levanta rápido, se colocando a correr atrás dela enquanto deixa Thronicke a comer poeira.

Fora uma perseguição cinematográfica, com saltos por janelas e telhados. A novata estava em seu encalço, certa de que pegaria a assassina desta vez. A chuva recomeçou naquela tarde, dificultando a corrida para ambas. Soraya permaneceu atrás, um tanto cansada para tamanho esforço. "Estou ficando velha", pensou em certo momento. Enquanto isso, Simone desviou de mais um tiro, jogando-se atrás de uma viga de concreto. A mulher misteriosa continuava sua fuga, entrando em um beco estreito e pouco movimentado. Quando Tebet adentrou o mesmo lugar, não avistara uma alma sequer. Ela saca sua pistola, procurando cuidadosamente pela donzela encapuzada.

SEVEN • Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora