I | Detetive

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"[...] Seus olhos fulgorosos atingiramo anjo como flechas de metal aquentado: "Siga teu caminho, ele disse. "E não tente olharpor nós de onde as sombras dançama chegada dos mortos; Cada um de nós cria seu próprio Inferno, e você, há de buscar o teu através dos pecados que carrega."

[...]

Os ecos se espalham pelo corredor, anunciando que em cima daqueles Scarpins pretos acabava de adentrar o escritório a mais respeitada detetive da D.I.C. Vestida em seu elegante terno de mil reais, Soraya Thronicke trazia embaixo do braço direito o relatório do que seria o último caso de toda sua carreira. Os boatos sobre ela e a comandante do Departamento, a temida Victória, sempre existiram. Diziam eles agora que o caso entre elas havia terminado, já que a esposa de Victória, Sarah, andava visitando demais o escritório da comandante. Nem todos tinham a ousadia de fazer esse tipo de comentário, mesmo que a maioria dos agentes fantasiassem um caso romântico entre a chefe e sua detetive favorita.

Em contrapartida, alguns acreditavam que Thronicke estaria doente, por isso estava se afastando do cargo. Investigar era sua maior paixão, o que tornava suspeito que apenas aos 32 anos a detetive estivesse abrindo mão de toda aquela adrenalina de estar em campo para passar o resto de seus dias trancada em um escritório minúsculo e fedorento.

O fato é que Soraya Thronicke era um livro fechado, um mistério intrigante e sem resolução, como nos filmes de suspense. Todos os seus aprendizes, ou até mesmo aqueles que sonhavam com o cargo dela sem ao menos estar próximo de tê-lo, buscavam de forma desesperada impressioná-la e demonstrar seu mais absoluto respeito. A detetive se aproxima de sua sala uma última vez, ignorando os desejos de bom dia dos admiradores que para ela se tratavam apenas de meros interesseiros. Na porta, o adesivo que dizia "Detetive Thronicke" começava a ser removido pelo velho Francis, o que dava certeza àqueles que duvidaram de que o fim de um lenda estava realmente próximo.

— Detetive. — o velho homem acena com a cabeça em um rápido cumprimento.

— Senhor Francis. — ela repete o gesto, abrindo a porta e desaparecendo para dentro de sua sala.

Ponderando em sua cadeira, a esperar pela detetive, sua chefe abre um sorriso generoso ao vê-la passar pela porta, quase como se estivesse confessando uma certa felicidade em tê-la por perto.

— Animada para o seu último dia? — pergunta Victória.

— Espero que seja um dia calmo, não quero continuar estendendo meus trabalhos por aqui.

— É uma pena. — lamenta a chefe — A D.I.C nunca teve alguém como você.

— Terá melhores. — diz certa, colocando a pasta que carregava sobre a mesa. — O relatório sobre a garota do lago está pronto.

— E o que me diz sobre?

— Eu aconselho que prendam o namorado dela o quanto antes. — Soraya cruza
os braços — Eu avisei que havia incoerência no depoimento dele. Encontraram vestígio de pele embaixo das unhas dela, você não acreditaria se eu te dissesse de quem é.

— Muito bem. — A superior se coloca em pé, atravessando para o outro lado da sala onde a detetive se encontrava parada — Vou solicitar uma medida de prisão preventiva.

A chefe aproxima seus labios do ouvido de Thronicke, que move-se rapidamente
para o cabideiro, onde deixa seu casaco e parte até sua mesa, ignorando as investidas de sua chefe. Victória sorri frustrada, nunca teria quaisquer chances com sua detetive, nem mesmo no seu último dia de trabalho. A mais velha abre a porta, e quando seu corpo está quase que completo para fora, seu rosto ressurge pela fresta da porta, chamando a atenção de Soraya.

SEVEN • Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora