Veneno

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A névoa invisível e densa contornava Taehyung. Ele cruzou as mãos perante a linha dos lábios, seu olhar morto fixamente direcionado para o noticiário à sua frente. Sem sombra de dúvidas, aquilo não fazia parte de seus planos, nem chegou a cogitar uma ideia tão mirabolante quanto aquela.

A morte de Beomgyu foi um verdadeiro espetáculo sangrento, merecedor de aplausos, mesmo que Taehyung não admita em voz alta. Killer bunny foi esperto e sorrateiro, ao mesmo tempo, ingênuo ou intencional. Taehyung não sabia mais o que pensar, portanto, a raiva subia sua cabeça. O plano foi justamente para incriminá-lo e ele sabia disso desde que pisou no clube de jornalismo.

Killer bunny arquitetou todo plano em tão pouco tempo sem deixar um mísero rastro para trás, ele sabia como mexer as peças do rei de acordo com a linha de massacre em um tabuleiro de xadrez, isso atingiu Taehyung, que mordia as pontas dos dedos sem piedade, fazendo uma fina camada de sangue escorrer no tapete de seu dormitório.

O coelho assassino fez questão de montar uma grande festa no vestiário do internato, deixando a cabeça de Beomgyu balançar em uma corrente de animal selvagem, cortando os cantos da boca até deixar sua mandíbula aberta, os restos que sobraram do corpo escondidos em armários aleatórios, como uma marcação. Os detalhes eram pesados, de embrulhar o estômago, mas nada disso chamou atenção de Taehyung.

A única coisa que chamou sua atenção, foi o sangue pintado na parede com letras cursivas.

"Copybunny, o último sentido antes da morte é a audição, sua risada é o último inferno que eles escutam eternamente."

Taehyung sorriu, riu. Essa era a declaração mais interessante que alguém poderia lhe enviar, quem sabe, a mais audaciosa também. Ele tinha consciência de que killer bunny definitivamente não o viu com bons olhos, e isso o satisfazia por si mesmo. As marcações em cima de uma pessoa específica era certeira, foi isso que desenhou a sombra de um sorriso, do vencedor.

Taehyung se ergueu daquele estofado chique em seu dormitório, garantiu que em suas mãos estivesse um belo esboço de planos que poderiam fazê-lo chegar na identidade de killer bunny, calculando toda a história desde o início da trajetória. Se certificou de espiar por cima dos ombros uma última vez o noticiário, o rosto preocupado da apresentadora, o microfone tremendo e as imagens censuradas. Taehyung soprou uma risada fraca carregada de deboche, trancando a porta.

Com pequenos e lentos passos, o ômega vagou tranquilo e longe de quaisquer problemas que poderiam alterar seu humor risonho. Aqueles corredores para si não passavam de uma jaula fria e mórbida, nenhuma riqueza com seus toques dourados e vermelhos poderiam cegar seus pensamentos a respeito. Ele já estava tão acostumado com riquezas, que nenhum brilho avassalador poderia impressioná-lo.

Seus passos desorientados o levaram para um lugar calmo e vazio o bastante para continuar sua investigação, por mais que já soubesse quem de fato era killer bunny, ele só precisava de um pequeno deslize para confirmar todas suas suspeitas. Com isso, abriu silenciosamente a porta do teatro, sendo recebido com a completa escuridão e chão coberto por veludo vermelho e um cheiro de cinema.

Preferiu subir as escadas para chegar ao topo das cadeiras do espéculo, onde a grande nobreza ficava, área vip. Ao encontrar um acesso por leds laranjas, jogou todo seu material no chão, sentando-se de frente ao projeto. Na grande cartolina branca, marcada com setas vermelhas e imagens comprometedoras. Seus lindos fios lisos escorregaram graciosamente, cobrindo seus olhos, ele pensava seriamente enquanto traçava escrituras sobre a folha.

O harmonioso som de um instrumento alcançou seus ouvidos, sua cabeça imediatamente levantou, os olhos voltados para a parede, tentando detectar o som com clareza. Uma bela música no piano. Taehyung virou a cabeça para enxergar o grande palco do teatro, com longas cortinas, iluminado por um lustre que custaria bilhões em dinheiro vivo. Ao piano, há uma figura solitária. Jungkook tinha facilidade em mover os dedos nas teclas, com calma e leveza.

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