Capítulo Oito - Olivia Gardner

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Aposta

Capítulo Oito

Olivia Gardner's POV

Duas semanas se passaram desde que eu e Norton começamos a "namorar" e, desde esse maldito dia, e não tenho mais um segundo de paz.

Quer dizer, preciso admitir que também há pontos positivos. Os caras do futebol finalmente me deixaram em paz, o que tornou minhas noites de trabalho muito mais tranquilas e me livrou de um infarto antes dos trinta anos. Me sinto menos cansada e por causa disso meus estudos estão prosperando, como deveria ter sido desde o início.

Mas, em compensação, Norton está grudado em mim como um carrapato.

Ele me busca no Cherry's toda manhã e me leva para a aula. Depois, antes de ir para seu treino da tarde, insiste em almoçar comigo. Algumas noites ele chegou a ir ao Red Flavor perto da hora de fechar, pedir uma cerveja e esperar até que eu estivesse livre para ir embora. Tudo bem, eu gostava da carona e de não ter que caminhar no frio de final de outono, e a companhia de Norton não era de toda ruim, mas havia só um problema: é um relacionamento falso. Não posso me permitir relaxar, não posso permitir que essas coisas que ele faz por mim me amoleçam, ou então vou estar caindo direitinho no plano dele e acabarei com meu coração despedaçado.

Por isso, eu continuo resistindo como posso, o que tem se mostrado cada vez mais difícil.

Quatro dias atrás, ele pediu minha conta bancária e finalmente me transferiu o dinheiro da aposta. Porém, ao invés de me transferir apenas os dois mil e quinhentos dólares combinados, ele me transferiu cinco mil. Quando o questionei sobre isso, ele apenas deu de ombros e disse que não queria o dinheiro dos caras do futebol. Quando revirei meus olhos para sua resposta, ele me abraçou por trás e disse que não queria que a forma como nos conhecemos ficasse vinculada a uma aposta. Isso e o cheiro dele me envolvendo foram o suficiente para acelerar meu coração e deixar minhas bochechas queimando, o que arrancou dele uma risadinha convencida e uma piscadinha em minha direção.

Ele não tocou no assunto da "dívida" outra vez. Juro que, contra minha vontade racional, tenho me sentido até mesmo decepcionada por ele não insistir outra vez sobre isso, mas jamais vou admitir isso em voz alta ou pedir alguma coisa para ele. Jamais. Quando a solidão aperta, minha mão é minha brava companheira e ninguém precisa ficar sabendo das fantasias que embalam minhas noites. Na minha mente, em segredo, posso pensar em Norton e, enquanto minhas mãos vagueiam por meu corpo, posso imaginar que são as mãos ou a boca dele, e isso é o suficiente.

Precisa ser o suficiente.

É quase hora do almoço e saio da última aula da manhã bufando alto, minha cabeça quase entrando em colapso. Meu professor acaba de anunciar que faremos uma espécie de aula teórico-prática, mais conhecidas como ATPs, com os times da universidade, o que é ótimo porque vai nos proporcionar certa experiência, mas o que me tirou do sério foi o fato de que não podemos escolher os times com quem vamos trabalhar. Tudo isso porque todas as meninas imploraram pelo time de hóquei no gelo, o que não era possível já que todos os times deveriam receber alunos. Foi feito então um maldito sorteio, e adivinha com qual time eu fiquei? Isso mesmo, o time de futebol americano.

Inferno. Quanto mais quero ficar longe deles, mais essa praga me persegue. Agora, vou precisar passar duas tardes por semana na companhia daqueles brutamontes egocêntricos.

Norton me encontra no meio do campus, enquanto estou a caminho do refeitório. Como sempre, ele chega sorrindo ladino e enrosca seu braço sobre meus ombros, deixando um beijo sobre a minha cabeça. Sem conseguir me conter, e só porque meu dia foi uma merda total até agora, abraço o loiro de volta, passando um dos meus braços por sua cintura, e deixo minha cabeça cair contra a lateral de seu peito enquanto caminhamos.

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