Capítulo Três - Olivia Gardner

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Capítulo Três

Olivia Gardner's POV

Eu sei que a ideia foi minha, mas a cada minuto que se passa desde entrei nessa furada a vontade de estapear minha própria cara só aumenta.

Tipo assim, que merda eu estava pensando? Não é como se as coisas fossem ser super fáceis, ou melhor: não é como se entrar num combinado com Norton Denner fosse a coisa mais sensata que eu já fiz na vida.

Mas tudo bem, não é como se eu precisasse fingir que namoro com ele ou algo do tipo. Vai ser uma noite. Apenas uma noite. Vou deixar Miranda me arrastar para essa maldita festa, vou fingir que morro de amores pelo todo-fodão capitão Denner e então vou ganhar os dois mil e quinhentos dólares mais fáceis da minha vida. Vou feliz para meu congresso em Sidney e não vou me arrepender nem um segundo das escolhas que fiz.

Isso, esse é o pensamento. Preciso focar no objetivo, não na trajetória. Se eu pensar muito, posso ficar tentada a desistir e isso não pode acontecer.

Meus traumas não podem mais empacar minha vida.

Respiro fundo pela milésima vez, encarando meus próprios olhos no espelho. Acabei de tomar banho, então meu rosto ainda está um pouco vermelho pela água quente. Ainda não visto nada além de uma toalha, o que é uma merda se eu lembrar que preciso estar pronta para sair em menos de um hora.

Enquanto ainda divago sobre como será essa noite e o que me espera nas próximas horas, meu celular começa a vibrar sobre o balcão da pia. Dou uma espiada sobre a tela e, quando vejo "capitão todo-fodão" brilhando na tela, reviro meus olhos.

O cara está fazendo uma ligação de vídeo, não é possível.

Pego o celular conforme saio do banheiro. Deixo chamar algumas vezes antes de finalmente atender a ligação, a imagem de Norton aparecendo logo em seguida. Não consigo ver muito além de seu rosto com a barba recém feita e seu cabelo loiro bem arrumado, imitando aquele estilo "acabei de acordar e sou naturalmente gostoso". Ele tem aquele estilo de cabelo undercut, com as laterais mais curtas e o topo da cabeça mais comprido, deixando alguns cachos muito fofos se formarem.

Preciso frear esses pensamentos. Nada sobre Norton Denner é fofo, nada.

– Olivia – ele chama, mas assim que me vê se cala imediatamente.

Por um momento, ele parece chocado, talvez pelo meu estado pós-banho.

– O que foi, Denner? Por acaso nunca viu uma mulher de toalha?

Ele pisca, voltando à realidade.

– Para de ser implicante, Olivia – é a resposta que ele me dá, já completamente recuperado de seu susto inicial.

Mas não deixo de reparar que ele, discretamente, sai do lugar que estava, provavelmente a sala da casa, para se esconder no que parece ser a cozinha. Não sei se apenas não quer que os outros moradores da casa – que eu sei que ele divide com os amigos – ouçam nossa conversa ou se, de algum jeito, não quer que eles vejam minha imagem pós-banho.

De qualquer forma, é confuso.

– O que você quer? Não combinamos de nos encontrar só às nove? Não estou atrasada.

– Quero que me mostre a roupa que vai vestir hoje.

Ergo ambas as minhas sobrancelhas.

– E por que você quer isso?

– Preciso saber se não é um desastre completo.

– Está insinuando que eu me visto mal?

– O trabalho ou o dia a dia no campus não é a mesma coisa que uma festa, Olivia. Como nunca te vi numa festa, não sei se posso confiar em você.

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