Aposta
Capítulo Quinze
Norton Denner POV's
Encaro meu pai enquanto mil memórias rondam minha cabeça.
Já faz algum tempo que não o vejo. Na verdade, desde que entrei para a UC Berkeley, perdi um pouco do contato com minha família, que ficou em Miami enquanto eu cruzei o país para estudar na Califórnia.
Esse final de semana, resolvi voltar para casa. Minha mãe quase entrou em êxtase quando liguei no meio da semana avisando que eu tinha comprado uma passagem. A última vez foi no Natal do ano passado. Isso já faz quase um ano. Provavelmente ela me esperava apenas para o Natal desse ano, mas resolvi voltar quase um mês antes.
Resolvi voltar pela Olivia.
Minha razão para ter certa resistência em voltar para casa não tem nada a ver com minha mãe ou irmã. Na verdade, desde que toda aquela merda aconteceu entre o Bruce e eu, as coisas entre nós dois e meu pai ficaram tensas. De repente, eu me percebi desconfortável dentro da minha própria casa, afinal meu pai acreditou que eu tinha realmente me envolvido com a namorada do meu irmão adotivo enquanto Bruce chorava a morte do irmão de sangue. Claro que isso seria a atitude de um canalha, mas eu não fiz isso. Meu pai não acreditou na minha inocência.
Quando eu anunciei que tinha escolhido a UC Berkeley ao invés de Harvard, como era esperado de mim, ele ficou ainda mais chateado. Eu não fiz questão de esclarecer as coisas, nem minha escolha de Universidade nem minha inocência com relação a Emma, então nossa relação ficou assim, um pouco suspensa no ar. Não estamos brigados, mas também não estamos de bem.
Meu pai com certeza já desconfia que quero alguma coisa. Essa minha volta repentina por um final de semana pode ter convencido minha mãe, que não enxergou nada além do filho dela voltando para casa, mas com certeza não convenceu meu pai. Aposto que ele está apenas esperando pelo momento que vou fazer meu pedido.
Bom, o momento é esse.
Após quatro horas de viagem, minha mãe veio me buscar no aeroporto. Por ainda ser sexta à tarde, meu pai estava trabalhando, então não o vi até a noite. Mas agora, quase uma hora após o jantar, com minha mãe e minha irmã já recolhidas para dormir, restam apenas ele e eu na sala de estar.
Um silêncio pesado se instalou entre nós. Isso me deixa desconfortável, agoniado, porque antes de tudo acontecer, nós tínhamos uma relação muito boa. Ele era meu herói, meu exemplo. Ele foi, depois do Bruce, quem mais apoiou minha entrada no time, meu gosto pelo hóquei. Nós nos divertíamos juntos, tínhamos segredo de pai e filho. Junto com Bruce e Paul, éramos um time imbatível. Apesar de trabalhar demais, meu pai sempre estava ao meu lado quando precisei dele.
Bom, quase sempre. Menos quando eu mais precisei, é claro. Nesse momento, ele ficou do lado do meu irmão.
A morte de Paul mexeu com toda a nossa família. Ele e Bruce eram realmente como irmãos para mim, como filhos para os meus pais. Perder um filho não é fácil, ainda mais do jeito que foi. Quando minha briga com Bruce aconteceu, minha mãe tomou meu partido e meu pai o do Bruce. Na época, isso causou inclusive uma ruptura no casamento deles. Cheguei a pensar que fossem se separar. Porém eu e Bruce saímos de casa, fomos para a Califórnia, e aos poucos tudo pareceu se ajeitar.
De uma forma ou de outra, nunca sentamos para resolver isso, apenas colocamos panos quentes e seguimos com a vida.
Eu sei que Bruce volta para casa regularmente. Minha mãe, apesar de ter ficado tecnicamente contra ele, é muito mais doce e acolhedora do que meu pai. Isso fez com que meu irmão não se sentisse mal ao voltar para casa.
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Romance[CONCLUÍDA] Quando Olivia entrou para a UC Berkeley, jamais imaginou que atrairia tanta atenção. Sendo conhecida como "a caloura gata do curso de fisioterapia", está cansada das investidas frequentes e do assédio que é forçada a suportar em seu empr...