18 - Aparando arestas

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Cheguei perto do coreto do parque por volta das 10 horas, como o bilhete havia pedido, e o vampiro que estava esperando acenou, segurando o casaco em volta do pescoço com a outra mão. Fazia um frio de rachar e havia previsão de neve.

                             

– Fiquei com receio que não viesse – disse ele, sorrindo.

                             

Apesar do sorriso, me aproximei com cautela.

                             

– Freen disse que vocês todos iam pra casa.

                             

– É verdade – confirmou ele. – Os outros já retornaram à Romênia. Fiquei para trás na esperança de ajudar na situação.

                             

Relaxei um pouco, feliz por saber que a maioria dos tios de Freen havia partido. Quanto mais longe, melhor.

                             

– Meu nome é Dorin – acrescentou ele, estendendo a mão enluvada. Ele deve ter me visto olhar para a lã colorida. Listras amarelas e laranjas. – Chique, não acha? – disse ele, balançando as mãos. – Comprei no shopping.

                             

Apertei a mão dele.

                             

– Comprou no shopping?

                             

– Ah, sim. Cultura americana. Tudo aqui tem a ver com diversão. Fiquei com inveja quando Freen foi despachada para ficar vários meses aqui. É claro que foi bom manda-la para longe do velho Petru durante um tempo. – Ele sugou as bochechas, tornando-as cadavéricas, numa imitação. – Pareceu uma jogada inteligente.

                             

Examinei o rosto de Dorin. Suas bochechas estavam rosadas no frio e os olhos eram pretos, como eu esperava, mas tinham um franzido alegre nos cantos.

                             

– Sente-se, sente-se – disse ele, indicando um banco e espanando um pouco de neve.

                             

Mesmo assim o banco não pareceu muito convidativo.

                             

– Será que a gente poderia ir a uma cafeteria ou algo assim? – sugeri, soprando as mãos. Freen um olhar de desejo para suas luvas.

                             

Dorin ponderou, com a cabeça balançando para frente e para trás.

                             

– Claro. Por que não? Acho que fiquei num clima meio capa e espada com esse parque vazio. Sou fã de romances de espionagem, sabe?

                             

– Eu também – respondi, sorrindo.

                             

– Bom, não fico surpreso – disse ele, me levando para fora do coreto. – Como somos parentes e tal, provavelmente temos uma porção de coisas em comum.

FrᴇᴇɴBᴇᴄᴋʏ ✓ • How to Get Rid of a Vampire in Love •  Version Onde histórias criam vida. Descubra agora