▻seven; eyes on fire

357 29 51
                                    

O tik-tak dos meus saltos ecoava pelo piso, ressoando no corredor vazio do colégio enquanto a saída se aproximava

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O tik-tak dos meus saltos ecoava pelo piso, ressoando no corredor vazio do colégio enquanto a saída se aproximava. Eu havia acabado de sair de uma detenção, punida por um motivo fútil: chutar entre as pernas de um jogador do time de basquete. O canalha me chamou de vadia, esse é um bom motivo para mim, porém um motivo fútil para o diretor.

A detenção significava que eu ficaria uma hora a mais após o término das aulas, e dessa vez o Sr. Orlov estava de humor tão sombrio que uma hora parecia insuficiente para despejar a redação de um livro sobre os alunos. Eu havia perdido o hábito de leitura anos atrás, e retomar esse hábito com "Os Miseráveis" era uma tortura.

A alça da minha bolsa Chanel deslizava do meu ombro para o meu punho, e os livros para a próxima detenção pareciam escorregar entre os  meus braços. Meus passos eram pesados, e minha respiração ofegante entregava minha exaustão.

Quase chegando ao fim do corredor, a fileira de lâmpadas começou a falhar. Uma pequena queda de energia fez com que eu parasse e olhasse ao redor. Senti algo a mais no ar. No início do corredor de onde eu havia vindo, uma silhueta alta e encapuzada parecia se materializar.

Meu coração palpitou rápido, e minhas pernas pareciam congeladas naquele chão. Cada passo que eu dava, ele se aproximava. Seu rosto estava oculto por uma balaclava, e seus coturnos deixavam um rastro de lama. Eu precisava correr, mesmo que fosse apenas mais uma brincadeira dos meninos do time. Mas algo em sua postura me dizia que não era uma brincadeira inocente.

A luz se estabilizou, e eu disparei em direção à porta de saída, ouvindo seus passos atrás de mim.
— Me deixe em paz! —murmurei, empurrando a porta com força.

Ele estava a poucos metros de mim, prestes a me alcançar. Quando uma das portas pesadas cedeu, quase escorreguei para fora da construção. Os livros caíram, espalhados pelo chão, enquanto eu corria para o meio do pátio que servia de estacionamento. O local estava quase vazio, exceto pelo meu carro e uma van que os garotos do time costumavam usar.

Desesperada, disparei em direção ao meu veículo, ouvindo meus passos ecoarem no asfalto. Destravei a porta do carro e me joguei no banco, travando rapidamente as portas. Minha respiração estava descompassada, e eu mal conseguia me concentrar em olhar ao redor para encontrar o homem.

Quando finalmente me senti segura e livre de perigo, afundei-me no couro do banco. Meu celular vibrava no bolso da calça, eu o peguei, vendo o número desconhecido me ligar.

— Alô?

O silêncio do outro lado era quase palpável, mas então ouvi uma respiração alta, ofegante e masculina. Meu coração voltou a errar as batidas quando alguém tentou abrir a porta do passageiro.

— Porra! —gritei de susto quando Lolla bateu no vidro do carro.

A loira me encarava confusa e levantou os livros amassados. Destravei o carro, permitindo que ela entrasse e se acomodasse no banco.

Midnight Onde histórias criam vida. Descubra agora