2013

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Resoluções de ano novo

Só duas resoluções este ano, mas elas são importantes e geniais.

1. Encontrar o cara do ponto de ônibus.
2. Conseguir meu primeiro emprego decente em um clube de vôlei

Droga. Devia ter escrito a lápis, porque apagaria tudo e trocaria a ordem. O ideal seria conseguir um trabalho superdescolado em uma liga primeiro e, depois, esbarrar com o cara do ônibus em uma cafeteria enquanto comprava um almoço saudável; ele acidentalmente derrubaria meu pedido, ergueria o olhar e diria "Ah. É você. Até que enfim".

Então nós nos esqueceríamos do almoço e iríamos dar uma volta no parque, porque perdemos o apetite, mas encontramos o amor de nossa vida.

Enfim, é isso. Deseje-me sorte.


20 de março

Atsumu Miya

— É ele? Esse com certeza tem jeito de que anda de ônibus.

Sigo a direção que Oikawa indica com a cabeça e passo os olhos pelo balcão
apinhado de gente na noite de sexta.

Agora, é hábito sempre que vamos a qualquer lugar analisar rostos e multidões em busca do "cara do ônibus", como Oikawa o batizou quando compartilhamos nossas histórias de fim de ano em janeiro.

As comemorações da família dele em Miyagi soaram bem mais animadas que minha calmaria e comilança em Hyogo, mas nós dois voltamos para a realidade do inverno japonês sofrendo de depressão pós-Réveillon. Contei minha trágica história de "amor à primeira vista" junto com outras lamúrias e logo me arrependi. Não é que eu preferisse esconder isso de Toruu; é só que, desde o segundo em que ficou sabendo, ele ficou ainda mais obcecado com a ideia de encontrá-lo do que eu. E estou ficando louco por ele em silêncio.

— Qual? — Franzo a testa na direção do mar de pessoas, em sua maior parte nucas de cabeças desconhecidas.

Ele torce o nariz enquanto pensa em como mostrar o cara para eu analisar.

— Ali no meio, do lado da mulher de vestido azul.

É mais fácil encontrá-la; sua cortina de cabelo louro-platinado escorrido
reflete a luz quando ela joga a cabeça para trás e ri para o homem ao seu lado.
Ele tem a altura certa. O cabelo é parecido, e sinto um reconhecimento chocante diante do contorno de seus ombros na blusa escura.

Pode ser qualquer um, mas também pode ser o cara do ônibus. Quanto mais o observo,mais certeza tenho de que minha busca chegou ao fim.

— Não sei — digo, prendendo a respiração porque ele é muito parecido.

Já o descrevi tantas vezes que Oikawa deve reconhecê-lo com mais facilidade do que eu.

Quero chegar mais perto. Na verdade, acho que comecei a me aproximar, mas, então, a mão de Oikawa me interrompe, porque ele aproxima a cabeça e dá um beijo na loura, que instantaneamente se tornou a pessoa que mais odeio no mundo.

Ah, Deus, acho que é ele! Não! Não era para ser assim. Imagino inúmeras versões deste momento todas as noites antes de pegar no sono e nunca, repito, nunca termina assim.

Às vezes, ele está com um grupo de amigos em um bar; outras vezes, está lendo em uma cafeteria, sozinho; mas o que jamais acontece é ele ter uma namorada loura com quem se agarra em público.

— Merda — murmura Oikawa, passando-me minha taça de vinho.

Ficamos observando enquanto o beijo continua. E continua. Credo, essas pessoas não tem pudor? Agora, ele está apertando a bunda dela, realmente passando dos limites para um ambiente lotado.

Um dia em dezembro ; Sakuatsu Onde histórias criam vida. Descubra agora