2015

51 4 0
                                    


Resoluções de Ano-Novo

Nem sei se deveria escrever isto; não quero correr o risco de alguém ler esta lista, nem mesmo um peixinho dourado.

1. Decido nunca, nunca mais mesmo beijar o namorado do meu melhor amigo de novo. Na verdade, não vou permitir que qualquer mísero pensamento sobre ele se passe pela minha cabeça.

2. Vou guardar todos os pensamentos que não são de amizade sobre Sakusa Kiyoomi em uma caixa, lacrá-la com adesivos amarelo-fluorescentes com aviso de "tóxico" e enterrá-la bem no fundo da minha mente.

1° de janeiro

Sakusa Kiyoomi

— Feliz ano-novo, sereia. — Oikawa ri enquanto o puxo para perto.

— Desculpe — sussurro em seu cabelo, tomando a decisão silenciosa de não beijar ninguém além dele este ano.

— Por quê?

Ele me afasta, seus olhos levemente apertados. Merda.

— Por comer alho demais ontem. Só Deus sabe como você conseguiu chegar perto desta catinga, sinto o cheiro toda vez que bocejo.

Ele parece achar graça, meio confuso. Ainda bem que nós dois estamos enchendo a cara, porque esse é exatamente o tipo de comentário que pode causar problemas. O fato é que parece que a verdade está tentando escapar. Sou como uma lata de gasolina cheia de furos: uma tragédia anunciada.

Atsumu Miya

Feliz ano-novo, Tsum! Te amo!

Passo o dedo sobre as letras da mensagem de Oikawa, deitado na cama. O novo ano ainda não tem nem duas horas, mas, mesmo assim, beijei Sakusa no ano passado, não neste. Este ainda é uma folha em branco.

Também te amo, Kawa, espero que não esteja bêbado demais!
Feliz ano-novo! Bjs

Aperto enviar, desligo o celular e me viro para encarar o teto na escuridão. Fico feliz por meus pais não terem transformado meu quarto em um escritório ou quarto de hóspedes depois que fui para a faculdade; o lugar está praticamente como deixei: reconfortante e familiar. Nunca gostei tanto de livros, mas meus pôsteres ocupam a parede sobre a escrivaninha, e o uniforme que usei no time da escola ainda está pendurado no armário. Não consigo nem dizer o quanto essas coisas são importantes para mim agora. Estar aqui é como entrar em uma cápsula do tempo, ou talvez na minha própria Tardis. Se eu tivesse uma Tardis, para que momento voltaria? Sei a resposta.

Eu iria para 21 de dezembro de 2012 e me faria perder aquele ônibus maldito. Assim, nunca teria visto Sakusa Kiyoomi antes de Oikawa nos apresentar, e tudo estaria bem.

Sei que jamais teria me permitido o luxo de sentir qualquer coisa por ele que não fosse amizade nessas circunstâncias, e aí não estaria deitado aqui, me sentindo o cocô do cavalo do bandido. Antes do beijo, eu conseguia viver comigo mesmo, ainda que desconfortável. Lutava contra meus sentimentos por ele, me sentia um péssimo amigo por causa disso, mas me mantinha na linha.

O que fiz agora é imperdoável; não consigo nem justificar aquilo para mim mesmo. Não vejo Oikawa nem Sakusa desde aquela tarde em Tokyo. Sei que prometi guardar segredo, mas ele não tinha o direito de me pedir isso. Não estou colocando a culpa nele; nós dois somos igualmente responsáveis. E não sei se contar a Oikawa seria a coisa digna a fazer ou apenas uma maneira de eu me sentir melhor e ele, pior. Eu o perderia. Sei disso. E Sakusa também levaria um pé na bunda.

Não haveria vencedores. Não acho que ele seja o tipo que o trairia com várias, que o enganaria o tempo todo; se fosse o caso, com certeza eu conversaria com ele. Talvez eu esteja me valorizando demais, mas o que aconteceu pareceu mais pessoal que isso, alguns minutos de loucura que vão pesar bastante na consciência dos dois.

Um dia em dezembro ; Sakuatsu Onde histórias criam vida. Descubra agora