2013

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18 de dezembro

Atsumu miya

— Quando conhecer Hinata hoje à noite, pode tentar não decidir nada impulsivamente? À primeira vista, é bem capaz de achar que vocês dois não combinam, mas, confie em mim, ele é muito engraçado. E gentil, Atsumu. Tipo, outro dia, ele cedeu a cadeira para mim em uma reunião. Quantos caras você conhece que fariam uma coisa dessas? — Oikawa estava ajoelhado ao fazer seu discurso, puxando todas as taças de vinho empoeiradas do fundo do armário da cozinha em nosso apartamento minúsculo.

Tento pensar em uma resposta, mas, para ser sincero, não há muito que dizer.

— Hoje cedo, o cara do apartamento no térreo tirou a bicicleta do caminho para me deixar passar pela porta da frente. Ele conta?

— Você está falando daquele que abre nossa correspondência e deixa pedaços de kebab no chão da portaria todo fim de semana?

Rio baixinho enquanto enxáguo as taças de vinho na água quente e cheia de sabão. Daremos nossa festa de Natal esta noite, coisa que fazemos todos os anos desde que nos mudamos para Tokyo. Apesar de estarmos nos enganando sobre a deste ano ser mais sofisticada que as outras, agora que saímos da faculdade, o evento vai consistir em universitários e colegas de trabalho que ainda não conhecemos direito se espremendo no apartamento para beber vinho barato, discutir coisas que na verdade não entendemos e — pelo menos no meu caso — conhecer um sujeito chamado Hinata, que Oikawa acredita ser meu par perfeito. Não é a primeira vez que isso acontece. Meu melhor amigo acha que tem talento para cupido e já me convenceu a sair com dois caras na época da faculdade. O primeiro, Terushima , ou talvez fosse Tarushima, apareceu vestindo shorts de corrida no meio do inverno e passou o jantar inteiro tentando me desmotivar a
comer qualquer coisa no cardápio que levasse mais de uma hora para queimar na academia.

Sou uma pessoa que ama pudim; na minha opinião, a única coisa difícil de engolir ali era
Terushima. Ou Tarushima. Não importa. Para ser justo com Oikawa, ele lembrava um pouco Brad Pitt se você o visse de relance em um lugar escuro, apertando os olhos — coisa que admito ter feito.

Não costumo ir para a cama com caras que acabei de conhecer, mas senti que devia tentar. Por Oikawa.

Sua segunda escolha, Koganegawa, era um pouquinho melhor; pelo menos consigo lembrar o nome. Ele era, de longe, o escocês mais escocês que já conheci, tanto que eu só entendia metade do que falava. Acho que não chegamos a conversar especificamente sobre gaitas de foles, mas não me surpreenderia se ele tivesse uma sob o casaco. Sua gravata-borboleta xadrez era estranha, mas nada disso teria importância. O problema real aconteceu no fim do encontro: ele veio me deixar em casa,e me beijou como se estivesse tentando fazer respiração boca a boca — respiração boca a boca com uma quantidade extremamente inadequada de saliva. Assim que entrei em casa, fui correndo para o banheiro, e meu reflexo confirmou que parecia que eu fora agarrada por um dogue alemão. Na chuva.

E também não é como se os homens que escolho por conta própria sejam maravilhosos. Com exceção de Kageyama, meu namorado da adolescência, parece que nunca acerto. Depois de três, quatro, talvez cinco encontros, as coisas acabam esfriando.

Estou começando a me perguntar se ser amigo de alguém tão deslumbrante quanto Oikawa não seria uma faca de dois gumes; ele faz os homens criarem expectativas demais sobre os outros. Se eu não o amasse tanto, é provável que quisesse lhe dar uma surra.

Enfim, talvez eu seja ingênuo, mas sempre soube que nenhum desses homens era certo para mim. Sou um garoto romântico;Nora Ephron seria a primeira pessoa na minha lista de convidados para um jantar imaginário, e sou louco para saber se homens bonzinhos realmente beijam bem.

Um dia em dezembro ; Sakuatsu Onde histórias criam vida. Descubra agora