2014

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Resoluções de Ano-Novo

Ano passado, tive duas resoluções:

1. Conseguir meu primeiro emprego decente em uma liga de vôlei. Bem, posso dizer com absoluta certeza que fracassei completamente neste objetivo. Ficar de reserva e ser um dos piores do time não é nada descolado ou fabuloso, certo? O fato de eu continuar trabalhando no hotel é deprimente e assustador ao mesmo tempo; agora, vejo como é fácil cair na rotina e desistir dos sonhos. Mas eu não vou desistir; não ainda.

2. Encontrar o cara do ponto de ônibus. Tecnicamente, essa eu cumpri. Para meu azar, descobri que é preciso ser muito detalhista ao fazer resoluções de ano-novo — mas como poderia imaginar que precisava especificar que meu melhor amigo no mundo não devia encontrar minha alma gêmea primeiro e se apaixonar por ele também? Muito obrigada, Universo, só que não. Você é um babaca de marca maior.

Então, minha única resolução este ano? Descobrir uma maneira de me desapaixonar.

18 de janeiro

Atsumu Miya

Já faz um mês que descobri que eu e Oikawa tivemos a infelicidade de nos apaixonarmos pelo mesmo cara, e, apesar da minha resolução, não me sinto nem um pouco menos arrasado.

Era muito mais fácil quando sua identidade era um mistério; eu tinha a vantagem de poder imaginá-lo, de fantasiar sobre esbarrar com ele em um bar lotado ou vê-lo tomando café em uma cafeteria, seus olhos encontrando os meus, nós dois nos lembrando daquele momento e ficando felizes pelos astros terem se alinhado de novo.

Mas, agora, sei exatamente quem ele é. Sakusa Kiyoomi, namorado de Oikawa.

Passei o Natal inteiro dizendo a mim mesmo que tudo ficaria mais fácil depois de nos conhecermos melhor, porque com certeza descobriria coisas das quais não gosto nele, e vê-lo com Kawa, de alguma forma, o reconfiguraria na minha cabeça como amigo platônico em vez do homem que fez meu coração parar. Eu me entupi de comida, passei bastante tempo com Osamu e fingi para todo mundo que estava tudo bem.

Mas as coisas pioraram depois que voltei a Tokyo. Porque não só estou mentindo para mim mesmo, como também estou mentindo para Oikawa. Só Deus sabe como as pessoas conseguem ter amantes; mesmo esta mentira insignificante está me deixando tenso. Fui meu próprio juíz. Analisei meu caso, ouvi meus apelos de inocência e de mal-entendidos e, mesmo assim, cheguei ao veredito condenatório: mentiroso. Sou mentiroso por omissão e, agora, todos os dias encaro Oikawa com meus olhos dissimulados e falo com ele com minha língua bifurcada de cobra. Não quero nem admitir isto para mim mesmo, mas, de vez em quando, sinto uma inveja absurda. É um sentimento feio; se eu tivesse tendências religiosas, passaria um bom tempo no confessionário. Tenho uma perspectiva diferente em certos momentos — instantes em que sei que não fiz nada de errado — e me esforço para continuar sendo um bom
amigo apesar de estar encurralado, mas eles não duram muito.

Aliás, também descobri que sou um ótimo ator; tenho certeza de que Oikawa não faz ideia de que há algo errado, apesar disso provavelmente ter a ver com o fato de que inventei desculpas para fugir do apartamento nas duas vezes em que Kiyoomi veio para cá.

Porém, hoje à noite, minha sorte acabou. Oikawa o convidou para comer pizza e assistir a um filme, mas o subtexto é que ele quer muito que eu o conheça melhor. Na verdade, isso foi dito com todas as letras quando ele me passou uma xícara de café enquanto saía para o trabalho.

— Por favor, fique em casa, tsum, quero muito que você o conheça melhor para nós três passarmos mais tempo juntos.

No susto, não consegui pensar em uma desculpa razoável, e, além do mais, sei que fugir de Sakusa não é uma solução de longo prazo. Porém, o que mais me incomoda é que enquanto noventa e cinco por cento de mim está morrendo de medo desta noite, os outros cinco estão borbulhando de ansiedade com a ideia de ficar perto dele.
Desculpe, Kawa, de verdade.

Um dia em dezembro ; Sakuatsu Onde histórias criam vida. Descubra agora