Oito| 𝐴 𝑝𝑎𝑖𝑥𝑎̃𝑜 𝑡𝑒𝑚 𝑚𝑒𝑚𝑜́𝑟𝑖𝑎

42 2 0
                                    

"𝐸𝑚𝑜𝑐̧𝑜̃𝑒𝑠 𝑛𝑎̃𝑜 𝑒𝑥𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑗𝑎𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑚𝑜𝑟𝑟𝑒𝑚. 𝐸𝑙𝑎𝑠 𝑠𝑎̃𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑣𝑖𝑣𝑎𝑠 𝑒 𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎𝑟𝑎̃𝑜 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑡𝑎𝑟𝑑𝑒, 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑓𝑒𝑖𝑎𝑠."
— 𝑆𝑖𝑔𝑚𝑢𝑛𝑑 𝐹𝑟𝑒𝑢𝑑

I V A N A

Na minha adolescência, quando eu ainda era uma menina sonhadora e imaginava como seria casar com alguém um dia, sempre achei que fosse ser uma ocasião de tirar o fôlego. Que eu contaria as horas e os minutos para o grande dia chegar e que quando estivesse caminhando até o altar, meu mundo iria entrar em câmera lenta e meu único foco iria ser a pessoa de pé esperando por mim.

Porém, agora, tudo o que eu conseguia sentir sobre o meu casamento era tristeza. E o pior de tudo era não saber como resolver isto. Ou melhor, não saber como acabar com isso sem machucar ninguém.

Cheguei a pesquisar no Google formas de se terminar um casamento tão perto da data de acontecer e as respostas que encontrei envolviam terminar dizendo o quanto o parceiro era repugnante e o quanto era impossível imaginar um futuro à dois juntos. Teoricamente, muito fácil. Acontece que Benjamin Cavichioli não é esta pessoa. Pelo contrário, ele é gentil, amoroso e muito bondoso. Um homem que sem pensar duas vezes sacrificaria a própria felicidade em meu benefício. Como eu, supostamente, terminaria com um homem assim?

As dúvidas estavam se tornando cada vez mais frequentes. A dada do meu casamento cada vez mais próxima. E eu? Cada vez mais confusa.

— Ivana? — Meu corpo se sobressaltou ao ouvir meu nome.

Batidas ecoaram do lado de fora para dentro, mas a atordoação na minha cabeça era demais para fazer com que eu conseguisse deixar minha voz encontrar meus lábios e responder ao chamado.

Eu estava sentada no chão do box do banheiro, envolta do meu próprio abraço, enquanto a água quente do chuveiro caía sobre a minha pele, queimando-a, e tudo o que eu mais desejava neste momento era evaporar junto com a fumaça. Um pensamento me ocorreu.

O que está fazendo, Ivana?

Escutei a voz de mamãe e num instante levantei-me do chão do box. Eu havia acabado de chegar da casa de Donna e havia acabado de ter uma briga com Gaia pelo menos motivo de sempre: minha mãe não deixar eu dormir em sua casa. Gaia não entendia que minha mãe jamais seria igual a sua. Bondade e gentileza não era bem o forte de Angela, e acho que amor também não. O que ela quer são troféus. Duas bonecas loiras, meigas e fofas.

— Estou tomando banho. Não está vendo? — Perguntei e de repente a porta de vidro vou abruptamente aberta.

— Está louca, Ivana? Isso é jeito de falar comigo?

Seus olhos castanhos estavam praticamente soltando faíscas. Dava para ver a ira em sua face, e eu já sabia porquê.

— Me desculpe.

Ela suspirou, erguendo a mão a minha frente para desligar o chuveiro, instintivamente me encolhi.

— Por que está tomando banho? — Ela cemicerrou os olhos.

Porque eu cheguei suada da casa de Donna. Você não sabe, mãe, passamos o dia inteiro cozinhando. Donna nos ensinou a fazer um mon...

— Chega, Ivana, não quero saber dos detalhes. Erga logo o corpo.

— O que? Outra vez isso?

— Vamos, Ivana, faça o que estou mandando. Para o seu bem.

Antes Que Você Case | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora