Antes Que Você Case | ⚢

Treze | 𝐶𝑜𝑛𝑒𝑐𝑡𝑎𝑑𝑎𝑠

"𝑂 𝑞𝑢𝑒 𝑚𝑒 𝑑𝑜́𝑖 𝑛𝑎̃𝑜 𝑒́
𝑂 𝑞𝑢𝑒 ℎ𝑎́ 𝑛𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜
𝑀𝑎𝑠 𝑒𝑠𝑠𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑖𝑠𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑛𝑑𝑎𝑠
𝑄𝑢𝑒 𝑛𝑢𝑛𝑐𝑎 𝑒𝑥𝑖𝑠𝑡𝑖𝑟𝑎̃𝑜..."
[...]

— 𝐹𝑒𝑟𝑛𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑃𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎

G A I A

As batidas frenéticas do meu coração se misturava com o grave da música enquanto eu sorria. Não os sorrisos ensaiados e automáticos que costumava dar quando estava perto de Ivana, não, esse deixei de lado por esta noite. Se for para encerrar com um grande e confuso ciclo da minha vida, prefiro fazer isso com a cabeça erguida.

Ignoro minha existência gritando para sair, meus pensamentos clamando por socorro e o aperto em meu coração e me concentro na loira na pista. Seu corpo se movimentava de forma lenta e hipnotizante, seus braços passeavam por suas curvas enquanto sua cabeça inclinava-se levemente para o lado; Ivana permanecia em um mundo totalmente disperso, sem ter a menor ideia do quanto podia entrar de fininho na mente das pessoas, alugando um enorme tríplex, montando moradia ali. Meu olhar permanecia grudado em cada deslocamento que seu corpo esguio fazia, existia somente ela em meu campo de visão.

A loira caminha até mim com um sorriso largo e brilhante e tira a bebida de minhas mãos. Seus braços envolvem meus ombros em um abraço apertado, mas desajeitado, por traz. Retribuo hesitante, procurando qualquer sinal de embriaguez; felizmente não há nenhum. Espero até que ela solte e se sente de frente para mim, seu sorriso é tão contagiante que um outro aparece em meu rosto.

— Não devia ficar sentada aqui sozinha.

— Quem disse que eu estou? Tenho minha fiel escudeira aqui. — Levanto a taça. — Minha linda margarita.

— Isso é maravilhoso, mas deveria vir cantar comigo.

Dou risada do que disse como se fosse a coisa mais hilária que já ouvi.

— Não estou brincando, Gaia. Temos que cantar juntas, você vai adorar.

— Sabe que eu não canto, amore mio, isso é totalmente talento e mérito seu. Fico com os desenhos e telas.

— Nada disso, hoje você não tem poder de escolha, bambina. Levante essa bunda dessa cadeira e mova-se, vamos aproveitar que o karaokê acabou de abrir e fazer um espetáculo.

Ela praticamente me arrasta da cadeira até um palco improvisado, me entrega um microfone e vai até o notebook posto sob a mesa. Veronica e suas amigas começam ovacionar quanto os primeiros acordes de Connected saem pela caixa de som. Rio da escolha dela, éramos apaixonadas por esse filme da Barbie e esta música. Ferragni se coloca ao meu lado, sem nem precisar olhar a pequena tela para acompanhar a letra, sabia de cor e salteado.

"Its not an accident, the time we spent apart..."

A voz de Ivana saiu doce nos primeiras versos enquanto a minha saia trêmula e nervosa. Sua proximidade me fazia ficar assim, como se não pudesse respirar, o que, de fato, não posso. Resisti fielmente durante anos, mas isso sempre esteve aqui: o magnetismo que me puxa de volta para ela toda vez.

"But now were so close, I can always find you here in my heart..."

Ferragni abre o sorriso mais largo e brilhante, me fazendo perder o restante do fôlego que me sobrava. Sorrio junto passando meu braço por seu ombro em um abraço lateral enquanto as pessoas no ambiente gritam. Quando o som musical finalmente acaba, não há mais palmas, somente mãos nos puxando novamente para a pista e corpos balançando. Não tiro meu olhar do seu por nenhum momento enquanto deixo o mar levar-me de volta para a costa; estamos conectadas para sempre.