01 - O Encontro dos Destinos

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 sol brilhava intensamente quando Joanne Paige embarcou no trem com destino à Alemanha, naquela tarde movimentada. A estação, como sempre, estava repleta de pessoas indo e vindo do trabalho. Joanne, intrigada, observava a diversidade ao seu redor enquanto desenhava em seu pequeno caderno de notas.

Notavelmente bonita para sua idade, Joanne possuía olhos azuis que se destacavam entre seus cabelos castanhos escuros. Recentemente, ela havia se mudado para um pequeno apartamento na França, acompanhada de sua gata, enquanto ministrava aulas temporárias em uma universidade local. Seu amor pela França, pela culinária e, acima de tudo, pela arte a motivara a seguir esse caminho.

Naquela tarde, desafiando o destino, um homem que entrou no mesmo trem capturou a atenção de Joanne. Ela não pôde deixar de notar seus olhos dourados, que evocavam lembranças de sua infância na Alemanha, das abelhas que ela e sua avó criavam. Os olhos dele, em um tom de mel claro, remetiam a panquecas e manhãs felizes.

— Âmbar — sussurrou ela, perdendo-se no olhar dele por mais tempo do que desejava. Âmbar lembrava-a da infância e das memórias preciosas.

— Boa tarde — disse o homem, notando que ela o observava com seus intensos olhos azuis.

— Boa tarde — respondeu Joanne, desviando o olhar para seu bloco de notas quando ele se sentou à sua frente. Constrangida, ela tentou evitar encará-lo pelo restante da viagem. No entanto, uma coisa era inegável: o homem diante dela era estranhamente atraente.

— Infelizmente, ele nunca me notaria — pensou Joanne, consciente de que até aquele dia, nenhum homem havia realmente notado sua presença.

Henri, o homem alto e forte à sua frente, estava imerso em um livro de poesias que havia comprado horas antes, na estação de trem. Nascido sob a bandeira da Casa dos Gainer, ele sempre se sentira diferente dos irmãos devido aos seus olhos dourados, uma característica rara no Clã de Lighting ao qual pertencia.

Olhos dourados como os dele pertenciam aos Darkling, um clã exilado ao Oeste. Henri, porém, nunca questionara a verdadeira identidade de seus pais, permanecendo leal à família. Perto dos 30 anos, trajava o uniforme dos membros não-magi, mas sua vaidade o levava a colecionar sobretudos de marcas famosas, atraindo olhares femininos que ele ignorava desde a trágica perda de sua esposa.

Desde então, Henri havia jurado não se envolver em outro relacionamento. Evitava causar mais sofrimento, pois sua ausência constante tornava impossível cuidar de uma família. Fiel aos votos que fez, Henri cedeu à atração quando seus olhos encontraram os daquela mulher. Joanne, uma não-magi, tornou-se o foco de sua atenção durante as oito horas de viagem. Sua alegria o contagiava, fazendo-o desejar sorrir também. Considerou perguntar seu nome, pois um simples nome seria suficiente para rastreá-la. No entanto, a incerteza pairava sobre a possibilidade de encontrá-la novamente quando o trem chegasse ao destino.

Pontualmente, o trem chegou à estação conforme previsto. Joanne levantou-se para pegar sua bolsa, que Henri prontamente entregou.

— Merci. Ah, Thank You — sorriu ela, enquanto Henri mantinha a mesma expressão.

— Não foi nada, Senhorita — respondeu ele. Joanne partiu em direção à saída, onde Henri a observou sendo abraçada por um homem alto, de traços alemães, completamente diferente dele.

Joanne dirigiu-se ao hospital, onde sua avó, sua única família conhecida, aguardava. Durante a viagem de carro, a inquietação tomou conta dela, o coração apertando-se. Finalmente, reuniu coragem para perguntar:

— Como ela está?

— Lúcida e acordada. Mas prepare-se, Joan. Sabemos que ela não é mais tão jovem.

Poção da Bruxa - O Despertar da SupremaOnde histórias criam vida. Descubra agora