Áma

18

Hvitserk e Áma permaneceram em silêncio durante todo o caminho de volta ao acampamento, presos em seus próprios sentimentos.

Assim que chegaram ao acampamento, Aegir mandou os homens prepararem uma majestosa tumba de pedra para ele naquela tarde.

Áma beijou Ivar na testa antes de colocar as últimas pedras nele. Despedidas ainda eram aquilo que mais detestava.

O rosto de Hvitserk, era o mais deprimido que já vira. 

- Nunca haverá nada como nós. - ela disse baixo para as pedras cinzas - Você levou com você um pouco de mim hoje e só posso esperar que você compartilhe essa parte de mim com o resto de quem amamos em Valhalla, meu Máni.

Hvitserk sorriu fracamente para ela, então ela segurou seu braço.

- Vou deixar você se despedir - disse Áma com lágrimas escorrendo pelo rosto. Hvitserk assentiu e sentou-se ao lado das pedras colocadas para seu irmão.

De alguma forma não foi tão difícil quanto ele teria imaginado, tentar encontrar palavras sem chorar.

- Eu gostaria de ter algo importante para deixar em seu túmulo, mas - e ele riu - Eu vendi meu anel de braço para o traficante de drogas - disse ele relembrando seus dias mais baixos.

- Você não sabe disso, mas você salvou minha vida tantas vezes. Um dia, quando nos encontrarmos novamente, vou agradecer. Afinal, de uma forma ou de outra, nenhum de nós viveu uma vida simples ou comum, mas quem quer viver uma vida comum, uh? Aproveite Valhalla, irmão, enquanto ele ainda existir, todos nós podemos ver o céu escurecendo, todos nós podemos ver o crepúsculo dos deuses, e eu confio em estar com você nessa grande derrota. Então salve e adeus meu irmão. Só vou sentar aqui um pouco, tenho certeza que você não se importa.

Ele terminou vazio, perdido, ele não sabia o que sentir.

Naquela noite, Áma e Hvitserk fizeram companhia um ao outro. Nenhum dos dois dormiu.

Áma com pensamentos distantes dos de Hvitserk.

No dia seguinte, Áma assistia na beira da praia, homens e mulheres prepararem as embarcações para voltar a Kattegat.

- O que irá fazer agora? - diz Hvitserk se aproximando da mesma, ambos olhavam o grande mar em suas frentes.

- Bom, irei voltar para casa. - diz decidida e logo suspira o encarando - Hvitserk, desejo que se encontre. Que possa sentir-se vivo e feliz. Sei que, o que precisa vai além de nós.

- Irei para sempre amar você, até o Ragnarok- Fala o homem enquanto uma lágrima solitária escorrega. Eles se aproximam e selam os lábios, olham um para o outro com seus narizes juntos e se afastam.

O guerreiro está sedento por novas respostas, e Áma o apoia, afinal se isso irá fazer com que ele ache um sentido para viver, é o caminho que ele deve seguir. Hvitserk precisava disso, era algo dele com ele. Já Áma sempre soube exatamente no que acredita e irá atrás disso até o final.

- Até logo? - Áma fala antes de se virar para entrar na grande embarcação.

- Até logo. - ele sorri e a vê partir sendo levada pelas ondas.

Depois de um tempo navegando, Kattegat parecia o mesmo.

Áma colocou seus pés no solo em que nasceu, as pessoas em volta comemoravam pela volta deles. Todos a conheciam e a respeitavam pela história que tinha ali.

Logo viu Ingrid que parou de frente a ela.

- Você voltou como disse. - diz com seu ar de superioridade.

- Sou uma mulher de palavra. - responde no mesmo tom, as pessoas assistiam a rainha e Áma conversar.

Ingrid sorri falsamente e esbarra no ombro de Áma saindo, a mulher rapidamente tira seu arco e flecha de suas costas e o posiciona.

Assim como Lagertha, Áma deixou uma flecha de forma certeira cravar nas costas da rainha. Que cai de joelhos lentamente.

E como Bjorn Ironside profetizou, Áma estava sob comando da coroa.

A mulher com as roupas mais extravagantes que já usou, com seu cabelo trançado e seus olhos com uma tintura preta ao redor, caminha em direção ao trono. As pessoas a olhavam com esperança e alegria.

Enquanto caminhava pode ver Ragnar no canto do grande salão afirmando com a cabeça. Movendo a cabeça para o outro lado viu Gunnhild e Bjorn a olhando e quando devagar ergue a cabeça para frente, lá estava Lagertha, na ponta do trono sorrindo.

Era a vez dela, a vez dela de seguir um legado começado por um camponês e todos estavam lá para apoia-la.

Ela sentou no trono enquanto seu coração palpitava, pensou em Ubbe e em seu pai quando apertou o pingente em seu pescoço.

Pensou em Hvitserk, desejava-o uma vida feliz.

E por fim, olhando para enorme porta do grande salão. Viu Ivar apoiado em suas moletas orgulhoso dela.

Ela deixou as lágrimas escorrerem, olhando em volta todas aquelas pessoas a prestigiando, não se sentiu sozinha, sentia-se realizada.

Sentia-se grata por todos que passaram em sua vida e ansiosa pelas novas coisas que estavam por vir.

Fiz capítulos até aqui, não sei se vou continuar. Mas se você leu isso, muito obrigada❤️

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(Não revisei os capítulos, vou fazendo isso aos poucos, então desculpe os erros e como os últimos capítulos ficaram curtos)