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Música:
Starry Night (piano) (continuação da onde parou no capítulo anterior)
Disponível no YouTube
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- Primeiro: Você é sempre linda. Segundo: Não vai fugir desse assunto mocinha! - Me escondo embaixo da coberta enquanto ela me balança, insistindo.

[...]

Ando apressada pelos corredores, quase correndo. O universo parece conspirar a favor do Darkling e do que ele diz, pois realmente acordei atrasada. Por sorte Fedyor passou pela manhã no meu quarto para me acordar e levar minhas malas. Quando viro em um corredor e esbarro em alguém.

- AI! - a pessoa reclama e logo reconheço ser Zoia.
- Desculpe, Zoia. - Digo tentando adiantar e me livrar dela.
- Mandaram eu vir para te chamar. Parece que eles não saem sem a princesinha do Darkling. - Ela diz com desgosto.
- O que foi, Zoia? Ciúmes, querida? - Digo com um sorriso sarcástico no rosto.
- Não preciso disso. Tenho certeza que isso não vai durar muito. - Ela diz sorrindo, debochada. Fecho a cara.

Ela é uma das únicas que se atreve a me contrariar. Genya, Darkling, Baghra e ela. Olho para ela de modo superior, ativando o meu modo mandona e autoritária.

- Você tem total consciência que eu posso destruir sua vida em um estalar de dedos, certo? - Digo séria. Ela rir, mas sinto sua postura vacilar.
- Eu sou importante demais e muito poderosa pra isso.
- Não se esqueça que eu sou bem mais que você. - digo olhando ela séria. Finjo pensar. - Eu poderia convencer o Darkling a te mandar para o Não Mar com os outros. - Ela se assusta, dando um passo para trás. Sorrio. Venci mais uma.
- O que está acontecendo aqui? - escuto uma voz atrás de mim e sinto uma mão no meu ombro.
- Nada importante, moi soverenyi. - Zoia diz com receio, fazendo uma reverência.
- Vim conferir se estava tudo bem. Vocês estavam demorando. - Ele diz intercalando o olhar para mim e ela. Zoia cora de leve, provavelmente pensando que ele estava preocupado com ela. Coloco minha mão por cima da dele.
- Nada de mais, estávamos apenas conversando, Darkling. - Dou ênfase no nome, mostrando que posso chamá-lo assim, pois somos iguais. Ele concorda com a cabeça. Pego sua mão e passo por cima da cabeça, colocando ela na minha cintura, enquanto encaro Zoia. Ela me olha, claramente com ciúmes e brava. Sorrio.
- Vamos? - Pergunto ao Darkling. Ele sorri e nos viramos e andamos lado a lado. Deixamos Zoia para trás.

- Parece estar gostando muito de estar perto assim de mim. - Ele susurra, sorrindo de lado. Largo ele imediatamente. Reviro os olhos e bufo, andando na frente.

[...]

Coloco a mão na boca, bocejando. Acabei indo dormir tarde, já que Genya decidiu que não me deixaria dormir. Encosto a cabeça no banco da carruagem, esperando o enjoo passar. Viagens sempre me deixam mal, por causa do balanço. Fecho meus olhos e deixo o sono me levar.

[...]

Acordo no susto quando ouso gritos.

- Chegamos. - Darkling diz, me acalmando. Olho pela janela e vejo que os gritos são de soldados.

Nossa carruagem é a primeira. Ela é preta com detalhes brancos, combinação perfeita para eu e ele usarmos. Logo atrás estão os Corporalki, ordem dos mortos e vivos, com sua carruagem vermelha. Atrás está Zoia com os Etherealki, ordem dos conjuradores, com a carruagem azul.

Zoia me odeia desde... sempre. Esse ódio não tem um fundamento baseado em algo, ela simplesmente não gosta de mim. Talvez por ser superior, mas com certeza por causa do Darkling. Ela sempre quis chamar a atenção dele e eu nunca precisei me esforçar para conseguir isso. Apesar que nós sempre fomos como cão e gato, então não é como se a atenção que eu recebo fosse algo bom.

Pela janela posso ver alguns soldados do primeiro exército. Me surpreendo quando vejo que quase atropelamos uma menina. Ela usava uniforme militar, o que me surpreende, já que mulheres dificilmente lutavam. Ignoro isso.

Sinto a carruagem diminuir o ritmo até parar. A porta é aberta por Ivan, um sangrador. Darkling desce e me ajuda a descer, mas eu recuso. Murmuro um "Sei andar sozinha, capaz você me derrubar" descendo e fechando a porta logo em seguida.

Olho ao redor vendo as diversas tendas e soldados nos encarando. Bem comum, na verdade. Nossas cores são as mais chamativas. Darkling todo de preto e eu toda de branco. Opostos perfeitos. Cores que só nós poderíamos usar.

Caminhamos direção a nossa tenda, com vários guardas em volta. Reconheço ela ao longe, por ser a maior, mais protegida e preta e branca. Entramos e vejo uma longa mesa com vários ministros. Todos se levantam e fazem uma mensura a nós.

Me sento na cabeceira da mesa, em uma cadeira elevada branca. Darkling se senta ao meu lado, em sua cadeira preta. Olho ao redor e posso ver sofás, poltronas e todas as coisas para deixar essa tenda mais confortável e aconchegante.

- Como está o andamento da missão? - Pergunto me inclinado para frente, segurando as mãos na frente do rosto. Os ministros se sentam.
- Tudo correndo como os conformes, moi soverenyi. - um ministro se pronuncia.
- Ótimo. Já decidiram quantos irão? Ainda acho a ideia de que quanto menos pessoas, mais carga podemos levar e trazer, sem contar que os barcos iriam mais rápidos. - Digo, gesticulando e traçando no mapa.
- Tiramos alguns soldados do primeiro exército, mas infelizmente não podemos diminuir muito as tropas, já que todos são importantes. - me inclino para trás, encostando na cadeira.
- Tudo bem. Darkling? - pergunto e ele se levanta e começa a falar sobre rotas que poderíamos tomar.

𝑺𝒆𝒎𝒑𝒓𝒆 𝒂𝒐 𝒔𝒆𝒖 𝒍𝒂𝒅𝒐 - 𝑺𝒐𝒎𝒃𝒓𝒂 𝒆 𝑶𝒔𝒔𝒐𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora