Capítulo 8 - E agora?

133 11 0
                                    

Um mês depois...

(Beatriz)

Um mês após a morte da minha mãe eu ainda sinto, não nego pra ninguém ainda dói e muito, ela era tudo que eu tinha na vida, nunca conheci meu pai e ela nunca me apresentou nenhum dos namorados dela, o motivo? Medo.

Minha mãe sabia que homens estranhos perto de garotas novas como eu aqui na favela era perigoso.

Depois que terminei o colégio eu fiquei sem nada pra fazer durante o dia, e logo o dono da casa veio cobrar o aluguel, expliquei a ele que eu havia perdido recentemente minha mãe e que não trabalhava pra conseguir manter o aluguel, mas que eu daria um jeito.

— vai Gabi, me dá uma ajuda aí. — digo a ela.

Bom, eu precisava de dinheiro e Morena sabia muito bem como fazer dinheiro, mas obviamente ela se negou a me ajudar a entrar na mesma vida que ela.

— negativo, essa vida não é pá ninguém não pô. Tu ainda é nova e pode ter um futuro pra frente aí. Você não vai entrar nos corre comigo. — diz dando um ponto final.

— eu preciso de dinheiro, o seu Marcos tá cobrando o aluguel Gabi. — falo irritada.

— joga uns currículos por aí Bea, o corre não é pra tu não, tu tem escolha que eu não tive e eu não vou deixar tu entrar nessa. — Gabi responde também irritada.

— jogar currículo com o que ? Eu nunca trabalhei na vida, nem tenho noção como começa e nem por onde! — digo me sentando.

Sinto minha cabeça pensar por um segundo.

— eu te ajudo a desenrolar um trampo, de preferência no asfalto. — ela diz pegando o celular que começou a tocar. — volto em um minuto. — ela se levanta e sai pra fora da casa.

Caminho até a cozinha e pego um copo de água.

Olho pela janela observando a favela abaixo e logo os carros passando ali na avenida.

— aí bora lá na boca comigo Rapidão, vou pegar um bagulho e nos mete marca pro asfalto. — Morena diz e eu a olho torto.

— tu vai levar bagulho pro asfalto!?

— claro, cliente exclusivo. — ela pisca e ri.

Nego com a cabeça mas não digo nada, pego minha bolsinha e saímos de casa, como dito ela parou na boca, mas não me deixou descer, não demorou muito ela voltou e seguimos pro asfalto.

(…)

Nossa parada foi no Leblon, perto de um condomínio ela estacionou e espero pacientemente fora do carro o tal cliente.

Ela tragava um cigarro enquanto mexia no telefone.

Eu estava entediada então abri a porta e sai ela me olhou feio mas não disse nada.

— fala minha gatinha. — a voz masculina atrás de nós fez olharmos rápido o ser humano.

— Nathaniel, quanto tempo em. — Gabi falava sorridente.

— dei um tempo, a coroa tava ficando no pé atrás de saber oque eu fazia. — ele diz olhando pros lados.

Me ignorou legal.

— cadê a parada?

Morena olho pro carro e balançou a cabeça caminhando até o banco traseiro.

Voltou rapidinho e entregou uma bolsa pra ele.

— minha grana?

— toma aqui, a gente se tromba por aí. — ele entrega um bolo de notas de cem pra ela que ri.

Ele saiu arrancando com o carro passando por nós.

— bora da uma volta por ai. — ela diz indo em direção ao banco do motorista.

Caminho com ela pro banco do passageiro e não demora nadinha pra ela acelerar pra longe dali.

(…)

— tá entregue. — ele mexe no porta luvas. — toma aqui Bea, por hora te ajuda?

Ela me entrega o bolo de notas de mais cedo e eu a olho incrédula.

— isso é muito dinheiro Gabi. Eu não tenho como te pagar. — recuso.

— mantenha sua boca calada e estaremos quites. — ela coloca o dinheiro na minha mão.

E agora? Oque eu faço com esse dinheiro todo?

Saiu do carro me despedindo dela que acelera pra longe, a noite já caia eu entrei e tranquei a porta.

Coloquei o dinheiro em cima da mesa e comecei a contar.

1900 reais. Poha é muito dinheiro, eu nunca vi tanto dinheiro na vida.

Peguei o telefone e liguei pro seu Marcos pedindo que ele viesse aqui.

Não demorou nem 20 minutos ele apareceu batendo na porta.

Eu separei 600 reais e guardei o resto.

Abri a porta e ele me olhou sério.

— imagino que vá entregar a casa? — ele sugere.

— não. Eu vou pagar o aluguel desse mês e dos próximo 3 meses. — mostro o dinheiro pra ele. — espero que esteja com o talão de comprovante aí.

Ele me olhou de boca aberta, mas não disse nada, ele fez os 4 comprovantes e eu assinei, entregando o dinheiro pra ele em seguida.

Seja como for, pelo menos casa eu tenho pra ficar até o final de dezembro.

— tenha uma boa noite. — ele diz sorridente saindo.

— pro senhor também. — fecho a porta e tranco.

Whatsapp Morena 💣

Tem baile por aí hoje não?

Ela visualiza mas não responde.

Whatsapp Morena 💣

Deixo o celular na mesa carregando e vou pro meu quarto, está uma verdadeira bagunça mas não será hoje que eu vou arrumar.

Pego um shortinho jeans e um cropped, caminho pro banheiro e me permito um banho.

Escuto meu telefone tocar incansavelmente enquanto estou debaixo do chuveiro.

Somente depois do banho e já vestida permito pegar o celular e olhar.

5 chamadas perdidas de Morena.

Whatsapp Morena 💣

Tem sim, no asfalto, bora?

Claro, fico pronta em 30 minutos.

Demoro, vou me arrumar aqui.

Whatsapp Morena 💣

Deixo o telefone ali e caminho pro quarto, é hoje que eu volto só amanhã.

•••

Capítulo novo mores.

Estrelinha e comentários são bem vindos tá!!

Bora de baile emmm. Hummmm perigo.🔥

Postado 02.06.2023 às 17:07

Lá no JacarezinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora