Um mês depois...
(Beatriz)
Um mês após a morte da minha mãe eu ainda sinto, não nego pra ninguém ainda dói e muito, ela era tudo que eu tinha na vida, nunca conheci meu pai e ela nunca me apresentou nenhum dos namorados dela, o motivo? Medo.
Minha mãe sabia que homens estranhos perto de garotas novas como eu aqui na favela era perigoso.
Depois que terminei o colégio eu fiquei sem nada pra fazer durante o dia, e logo o dono da casa veio cobrar o aluguel, expliquei a ele que eu havia perdido recentemente minha mãe e que não trabalhava pra conseguir manter o aluguel, mas que eu daria um jeito.
— vai Gabi, me dá uma ajuda aí. — digo a ela.
Bom, eu precisava de dinheiro e Morena sabia muito bem como fazer dinheiro, mas obviamente ela se negou a me ajudar a entrar na mesma vida que ela.
— negativo, essa vida não é pá ninguém não pô. Tu ainda é nova e pode ter um futuro pra frente aí. Você não vai entrar nos corre comigo. — diz dando um ponto final.
— eu preciso de dinheiro, o seu Marcos tá cobrando o aluguel Gabi. — falo irritada.
— joga uns currículos por aí Bea, o corre não é pra tu não, tu tem escolha que eu não tive e eu não vou deixar tu entrar nessa. — Gabi responde também irritada.
— jogar currículo com o que ? Eu nunca trabalhei na vida, nem tenho noção como começa e nem por onde! — digo me sentando.
Sinto minha cabeça pensar por um segundo.
— eu te ajudo a desenrolar um trampo, de preferência no asfalto. — ela diz pegando o celular que começou a tocar. — volto em um minuto. — ela se levanta e sai pra fora da casa.
Caminho até a cozinha e pego um copo de água.
Olho pela janela observando a favela abaixo e logo os carros passando ali na avenida.
— aí bora lá na boca comigo Rapidão, vou pegar um bagulho e nos mete marca pro asfalto. — Morena diz e eu a olho torto.
— tu vai levar bagulho pro asfalto!?
— claro, cliente exclusivo. — ela pisca e ri.
Nego com a cabeça mas não digo nada, pego minha bolsinha e saímos de casa, como dito ela parou na boca, mas não me deixou descer, não demorou muito ela voltou e seguimos pro asfalto.
(…)
Nossa parada foi no Leblon, perto de um condomínio ela estacionou e espero pacientemente fora do carro o tal cliente.
Ela tragava um cigarro enquanto mexia no telefone.
Eu estava entediada então abri a porta e sai ela me olhou feio mas não disse nada.
— fala minha gatinha. — a voz masculina atrás de nós fez olharmos rápido o ser humano.
— Nathaniel, quanto tempo em. — Gabi falava sorridente.
— dei um tempo, a coroa tava ficando no pé atrás de saber oque eu fazia. — ele diz olhando pros lados.
Me ignorou legal.
— cadê a parada?
Morena olho pro carro e balançou a cabeça caminhando até o banco traseiro.
Voltou rapidinho e entregou uma bolsa pra ele.
— minha grana?
— toma aqui, a gente se tromba por aí. — ele entrega um bolo de notas de cem pra ela que ri.
Ele saiu arrancando com o carro passando por nós.
— bora da uma volta por ai. — ela diz indo em direção ao banco do motorista.
Caminho com ela pro banco do passageiro e não demora nadinha pra ela acelerar pra longe dali.
(…)
— tá entregue. — ele mexe no porta luvas. — toma aqui Bea, por hora te ajuda?
Ela me entrega o bolo de notas de mais cedo e eu a olho incrédula.
— isso é muito dinheiro Gabi. Eu não tenho como te pagar. — recuso.
— mantenha sua boca calada e estaremos quites. — ela coloca o dinheiro na minha mão.
E agora? Oque eu faço com esse dinheiro todo?
Saiu do carro me despedindo dela que acelera pra longe, a noite já caia eu entrei e tranquei a porta.
Coloquei o dinheiro em cima da mesa e comecei a contar.
1900 reais. Poha é muito dinheiro, eu nunca vi tanto dinheiro na vida.
Peguei o telefone e liguei pro seu Marcos pedindo que ele viesse aqui.
Não demorou nem 20 minutos ele apareceu batendo na porta.
Eu separei 600 reais e guardei o resto.
Abri a porta e ele me olhou sério.
— imagino que vá entregar a casa? — ele sugere.
— não. Eu vou pagar o aluguel desse mês e dos próximo 3 meses. — mostro o dinheiro pra ele. — espero que esteja com o talão de comprovante aí.
Ele me olhou de boca aberta, mas não disse nada, ele fez os 4 comprovantes e eu assinei, entregando o dinheiro pra ele em seguida.
Seja como for, pelo menos casa eu tenho pra ficar até o final de dezembro.
— tenha uma boa noite. — ele diz sorridente saindo.
— pro senhor também. — fecho a porta e tranco.
Whatsapp Morena 💣
Tem baile por aí hoje não?
Ela visualiza mas não responde.
Whatsapp Morena 💣
Deixo o celular na mesa carregando e vou pro meu quarto, está uma verdadeira bagunça mas não será hoje que eu vou arrumar.
Pego um shortinho jeans e um cropped, caminho pro banheiro e me permito um banho.
Escuto meu telefone tocar incansavelmente enquanto estou debaixo do chuveiro.
Somente depois do banho e já vestida permito pegar o celular e olhar.
5 chamadas perdidas de Morena.
Whatsapp Morena 💣
Tem sim, no asfalto, bora?
Claro, fico pronta em 30 minutos.
Demoro, vou me arrumar aqui.
Whatsapp Morena 💣
Deixo o telefone ali e caminho pro quarto, é hoje que eu volto só amanhã.
•••
Capítulo novo mores.
Estrelinha e comentários são bem vindos tá!!
Bora de baile emmm. Hummmm perigo.🔥
Postado 02.06.2023 às 17:07
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lá no Jacarezinho
Novela JuvenilPode parecer loucura, mas sim, nem todo vilão é mau. Meu nome é Beatriz Campos, eu moro no Jacarezinho, nascida e criada aqui, e no auge dos meus 17 anos sofro bullying das outras moradoras, eu estou no último ano do ensino médio então não tenho mui...