(Beatriz)
— olha aqui. — entrego o envelope pra ela que abre e começa a ler.
— mina, sua mãe tá aqui desde que eu nasci, como ela chegou aqui? Como ela trocou a vida de patricinha pra ser igual a nós? Não faz sentido! — diz ela enquanto ainda observa o papel em suas mãos.
— foi o que eu pensei também, mas se ela tinha tanto dinheiro então a rica agora sou eu. — falo pensativa.
— filha única é uma benção as vezes. — comenta rindo. — tu já ligou pra ver sobre isso?
— já, quinta-feira as 9hrs tenho que estar no escritório dele. — digo e ela sorri. — mas, na verdade eu queria saber mais sobre a minha mãe, tem outros três envelopes lá em casa mas eu tô com medo de abrir e não gostar do que ver.
— calma, resolve isso primeiro, depois vê o restante. — diz ela, seu rosto se ilumina e eu a encaro, lá vem bomba. — bora vou te ensinar a dirigir. — ela pula do sofá e eu a olho animada.
— demoro, deixa o envelope no seu quarto, eu pego ele depois. — ela assente e sobe correndo.
Desbloqueio meu celular e entro no Facebook olhando as postagens dos outros, taí uma rede social que eu mexo bem pouco.
— bora lá. Toma a chave. — ela joga na mira direção e por muito pouco não escapa da minha mão ao pegar.
(…)
— cinto ok, retrovisores ok, banco ok. E agora Gabi? — pergunto e ela aponta pro câmbio, simulando o movimento que devo fazer e aponta pro freio de mão.
— pés estão okay? — ela pergunta.
— sim, assim né?
— isso, agora liga e vai saindo devagar. — diz ela colocando o cinto.
— tem medo de morrer não?
— eu já vi a morte de frente mina, deixa de enrolação e liga o carro. — diz ela revirando os olhos e assim eu faço.
Sigo a régua todas as instruções dela, que na maior calma do mundo me ensina passo a passo.
Até que estar atrás do volante não é tao apavorante como eu imaginava.
Depois de cinco tentativas falhas, estou finalmente dirigindo, com calma lenta igual uma lesma, se brincar uma tartaruga me passa.
— aqui é pista aberta, própria pra aprender dirigir, acelera e vai mina. — diz ela acendendo um Beck do meu lado.
— você que pediu. — digo pisando no acelerador.
O carro ganha velocidade rápido, como tudo não é um mar de rosas vejo uma curva e Gabriela cai na gargalhada, mas lembro exatamente do que ela me disse a pouco e reduzo a velocidade um pouco fazendo a curva com perfeição, seguimos até o início da pista novamente, vou reduzindo a velocidade até o carro finalmente parar.
— certo, agora minha vez deixa eu te mostrar como se faz. — diz ela e eu saí do lado do motorista ela dá uma volta no carro e trocamos de lugar.
Ela liga o carro e pisa no acelerador, o carro parece ter vida própria, na curva eu respiro fundo, ela puxa o freio de mão e gira o volante, fazendo assim o famoso cavalinho de pau, eu a olho por alguns segundos, o brilho nos olhos, a adrenalina a deixa ainda mais viva, parece que essa é a vida que ela tanto quis.
É difícil imaginar que Gabriela já quis ser médica um dia.
•••••
Boa tarde mores.
Estou de muito bom humor hoje então esse é o primeiro de dois capítulos que publicarei.
Postado 07.06.23 às 16:57
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Lá no Jacarezinho
Ficção AdolescentePode parecer loucura, mas sim, nem todo vilão é mau. Meu nome é Beatriz Campos, eu moro no Jacarezinho, nascida e criada aqui, e no auge dos meus 17 anos sofro bullying das outras moradoras, eu estou no último ano do ensino médio então não tenho mui...