Point of view s/n
Volto e me sento ao lado de Megan e minha melhor amiga Júlia no refeitório.
— Meu Deus, s/n, você é muito otária! — diz Júlia me olhando enquanto eu me ajeitava no banco.
— Nossa, assim de graça? — digo e rio com minha própria piada, mas ela me olha com uma cara estranha e meu brilho some.
— Megan está literalmente dando em cima de um garoto na sua frente enquanto você vai e volta fazendo as coisas que ela manda você fazer! — diz, e só agora percebo que Jack, um garoto do time de futebol, estava ali conversando com minha namorada.
— Amor... você pode pegar água para o Jack? — diz Megan, agora me olhando, e eu concordo.
— Viu?! Você faz tudo o que ela te manda fazer! — diz Júlia, e eu reviro os olhos.
— Megan não está dando em cima dele! Estão só conversando! — digo e olho para a morena, que fala alguma coisa para o garoto, e ele ri mordendo os lábios. — E eu não ligo! — digo, me levantando.
— Porque você já está acostumada a ser a cadelinha dela, onde ela vai, você vai atrás! — diz Júlia me seguindo pelo refeitório.
— E por que você está tão incomodada assim? O relacionamento é meu ou seu? — digo, parando de frente ao bebedouro.
— Seu! Mas você é minha melhor amiga e eu me preocupo com você! — diz, e eu pego um copo, logo enchendo o mesmo de água. — Você não vai levar isso para ele, né? — diz me olhando incrédula. Ela nem deixa eu responder e arranca o copo da minha mão, logo jogando o líquido de volta ao bebedouro. O sinal toca e Júlia suspira. — Vamos voltar para a sala antes que eu te mate! — diz e puxa meu braço. Entramos na primeira sala do corredor, que era de matemática, e esperamos o professor entrar.
[...]
Já estávamos na terceira aula de matemática seguida e confesso que não estava aguentando mais. Um garoto atrás de mim não parava de apertar a caneta. Ele ficou as duas aulas inteiras de matemática clicando na caneta e mexendo no celular.
— Pode, por favor, parar de mexer na caneta? — digo educadamente, e ele tira os olhos do celular e volta sem falar nada. Alguns segundos depois, ele volta com o barulho. — EI! — agora grito e ele toma um susto. — PODE POR FAVOR PARAR DE CLICAR NA PORRA DA CANETA? — digo, e ele guarda a caneta. Olho ao redor e percebo todos da sala me olhando, principalmente o professor.
— Sapatona problemática! — ele solta baixo, mas eu ouço.
— VOCÊ DISSE O QUÊ, SEU MERDA? — digo saindo da minha carteira e pegando ele pelo pescoço. Ele era só um pouco mais baixo que eu.
— Que você é... uma sapatona... problemática! — diz com dificuldade pela falta de ar, e eu dou um soco no seu rosto. Logo seu nariz começa a sangrar.
— S/N! — Júlia grita e puxa meus braços, fazendo eu soltar o garoto, que cai no chão.
— IDIOTA DO CARALHO! — digo e chuto sua barriga, fazendo o garoto soltar sangue pela boca.
— S/N, PARA A DIRETORIA AGORA! — ordena o professor, e saio da sala, seguindo pelos olhares da turma. Júlia veio atrás de mim e caminhamos pelo corredor em silêncio até chegar à diretoria.
— Eu não acredito que você bateu no garoto, s/n. Onde você está com a cabeça? — diz, e agora eu me canso da loira.
— Júlia, pelo amor de Deus, se você disser mais alguma coisa, eu juro que não respondo pelos meus atos! — digo, e ela cala a boca na hora. A diretora aparece logo em seguida e me olha, já sabendo o que era.
[...]
— Sabe, eu não te entendo. Na frente dos outros você se faz de mandona, bad girl, e quando está com Megan, só falta latir o nome dela! — diz Júlia, olhando para frente enquanto dirigia. A diretora me deu suspensão de um mês e agora a loira estava me levando, já que eu não tenho carro.
— Me desculpa, ok, Júlia? Já entendi que não era para eu bater no idiota! — digo, e ela suspira.
— Entregue! — diz parando na frente da minha casa.
— Obrigada! — digo e sorrio, sincera, saindo do carro.
— De nada! — diz e acena para mim. Ela parte com o carro e eu entro na minha casa. Estranho ao ver que o portão estava aberto. — Mãe? — digo caminhando para a sala, e percebo Megan sentada no sofá.
— Ah, finalmente você chegou! — diz e se aproxima de mim, selando nossos lábios em um selinho. — Que merda você fez com aquele cara? — diz mudando totalmente a expressão.
— Como você entrou aqui? — digo, ainda sem acreditar que ela estava ali.
— Usei a chave reserva! — diz. Eu falei para minha mãe que colocar debaixo do tapete não iria ajudar em nada. — Mas não fuja da pergunta! Por que bateu no garoto? — diz, me seguindo até o sofá. Me sento e suspiro.
— Ele estava me irritando. Satisfeita? — digo, e ficamos em silêncio.
— Não foi por causa de Jack, né? — diz, e eu nego rapidamente. Eu sabia que a Fox estava conversando com ele para me provocar.
— Ele realmente só estava me irritando! — digo, e ela pega minha mão, vendo o vermelhão.
— Ai! — digo quando ela encosta.
— Desculpa! Vem, eu vou cuidar de você! — diz, e me puxa para o banheiro. Ela joga água no local, o que me faz morder minha outra mão para não gritar.
— Porra, Fox! — digo. Ela joga álcool em gel em cima, me fazendo arregalar os olhos de dor. Ela solta um "desculpa" baixo e pega uma faixa para cobrir o local.
— Pronto! — diz e beija minha bochecha. — Desculpa por ficar te provocando toda hora! — diz.
— Tudo bem, Megan! — digo, e selamos nossos lábios em um selinho demorado.
— Podemos ver Barbie? — diz, e eu concordo, e ela pula de alegria igual uma criança.