III

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O plano era simples, mas apenas o que eu tinha no momento: precisava me infiltrar no subúrbio, descobrir o assassino e o denunciar ao rei

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O plano era simples, mas apenas o que eu tinha no momento: precisava me infiltrar no subúrbio, descobrir o assassino e o denunciar ao rei. Impedi-lo. Feri-lo, se fosse preciso. Mas, por via das dúvidas, precisava também me infiltrar na alta sociedade, e não da maneira tola e despreocupada como sempre agi, não! O crucial era: descobrir os lordes traidores, denunciar ao rei, impedi-los ou feri-los. Isto me levava a uma questão mais urgente, já que impedir o assassinato do conde evitaria o assassinato do rei, mas se tudo falhasse, ele precisaria confiar em mim. Parecia a parte mais difícil, após ser pega invadindo as terras dele. Ser digno de respeito de Alexei Hartifield não era uma tarefa nada fácil.

Olhei pela janela do meu novo quarto, a rua estava movimentada, apesar do cair da noite. Havia convencido a todos que estava bem o bastante para ir com Lizzy até a casa de tia Mary, para preparar o debute dos próximos dias. Faltando apenas dois dias, não falavam em outra coisa. Isto cansara todos mais que o normal, exceto eu mesma, que estava sendo polpada o máximo possível, para minha recuperação, como todos diziam. Mas, naquela noite, seria minha primeira tentativa de fuga. 

Como as olheiras pareciam piorar a cada dia, sabia que não me incomodariam durante a noite. Tomaria láudano, disse a todos. Desci as escadas e me encaminhei a área de serviço. Escapuli pelas portas dos fundos, com a capa negra, e segui pelos jardins até uma portinha que descobri durante a infância, brincando com meu primo James. Saí, e caminhei pelas ruas rapidamente. Havia colocado as roupas mais simples que tinha, que eu usava quando precisava fazer algum trabalho do lado de fora no campo, nas hortas. Parecia uma veste de camponesa comum, nada muito chamativo. Prendi os cabelos para trás, passando uma faixa branca. Desprovida de maquiagem, as olheiras me conferiam um aspecto quase doentio. Esperava que tudo ajudasse. Adentrei pelas ruas mais tortuosas, e segui o rumo da torre da igreja do subúrbio. A movimentação por ali parecia bem maior, e muito diferente do que estava costumada.

As pessoas riam e dançavam musicas que tocavam nas ruas, Crianças brincando enquanto suas mães conversavam despreocupadamente. Homens negociando coisas na rua, em pleno público. Algumas pessoas lhe ofereciam coisa ou outra. Eu estava chocada, maravilhada e temerosa, mas me misturei bem. Uma movimentação maior em certa altura chamou a atenção dela: "Harold bar's", li no letreiro. Caminhei até lá, e entrei, tentando parecer natural. Sentei no balcão e observei. Um homem corpulento do rosto alegre me serviu uma água. Tomei enquanto olhava ao redor, algumas mesas na parede lotadas de diversos tipos de pessoas, alguns pareciam nobres até. Movimentações de entrada e saída de pessoas em salas reservadas me chamou a atenção.

- Senhorita? - Uma voz falou, próxima.

Me sobressaltei, e antes que eu pudesse me recuperar, percebi que era o homem que me serviu. Ele estava do outro lado do balcão, me olhando com os olhos arregalados.

- Quem é você? - Ele questionou.

Tinha uma resposta pronta.

- Ah, eu não sou daqui, estou visitando minha prima Mary.

Antes do invernoOnde histórias criam vida. Descubra agora