IV

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Sentia os meus olhos pesando, e de tempo em tempo, via imagens sem sentido pairando diante de mim

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Sentia os meus olhos pesando, e de tempo em tempo, via imagens sem sentido pairando diante de mim. Ruas envoltas de sangue e pó. Sentei, o coração acelerando. Olhei a fresta, e ali estava ela, aquela ínfima réstia de luz era um sinal de que eu havia fracassado em dormir mais uma noite. 

- Amelia! - Ouvi, seguido de batida na porta. 

Suspirei.

- Um minuto, Lizzy - respondi, colocando os pés para fora da cama, mas antes que eu conseguisse me levantar, ela já adentrou o meu quarto.

- Desculpe, mas isso não pode esperar! - Ela gritou, andando até a beirada da minha cama, com as notícias mais surpreendentes: o rei convidara minha irmã para duas danças. Não havia escapatória, tomaríamos chá nos jardins do castelo hoje. 

Não era exatamente o que eu havia planejado, mas eu poderia ver a galeria dos lordes e, quem sabe, ver algo que me ajudasse. 

- Consegue imaginar a minha surpresa?

Lizzy dizia, enquanto eu terminava de arrumar o cabelo dela em um belo penteado, poucas horas depois do pequeno alvoroço em meu quarto.

Sorri, diante da ingenuidade dela. Era impossível não gostar de Lizzy, e com o rei não seria diferente. Era como se ela tivesse um imã para o amor. Ela me pedia, eu faria. Meus pais, ah! Se ela soubesse o quanto poderia ter pedido à eles. Mas, não. Ela sempre tinha esse olhar de quem não fazia ideia dos próprios atributos, dos belos cachos castanhos como o que ela imaginava se parecer dos anjos, a voz suave e aveludada, e olhos bondosos e inocentes que derretiam o coração de qualquer um - não, ela não fazia ideia de nada disso, o que a tornava ainda mais hipnotizante. 

Eu não costumava ser diferente até pouco tempo. 

Desviei o olhar para minhas mãos, ainda arranhadas. Era incrível como tudo mudara em uma passagem de tempo tão curta. 

Saímos em direção ao castelo, o dia ensolarado e alegre parecia chamar pelas pessoas para estarem ao ar livre. As ruas abarrotadas, gente conversando, rindo, sem saber que logo estariam pisando em ruas de sangue. Balancei a cabeça e me recostei no banco, fechando a cortina.

- Não quer aproveitar o sol? - Lizzy questionou, ao que neguei coma cabeça.

Ela mordeu um lábio, e desviou o olhar.

- Mamãe está preocupada - ela disse.

Suspirei.

- Eu sei - respondi, finalmente. 

- Todo nós estamos.

- Eu sei - disse novamente, sem alterar o tom de voz.

- Desculpe, não quero chatear você - ela disse, finalmente me olhando.

Apenas a encarei de volta, e para minha surpresa, ela sorriu.

- Mas você sabe disso também - ela disse, sorrindo.

Antes do invernoOnde histórias criam vida. Descubra agora