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LOLLA

filiperet pediu para seguir você

Foi a primeira notificação que eu li no meu Instagram, assim que abri o aplicativo enquanto me ajeitava no banco do Uber. Estava exausta. Hoje eu havia feito uma dobradinha, saindo de uma boate a outra para dançar e agora são uma e meia da manhã e eu estou piscando várias vezes tentando raciocinar como ele entrou a minha conta no aplicativo.

Paguei pela minha corrida e sai do carro, a rua estava um pouco movimentada ainda. Entrei no apartamento já me livrando dos saltos, os deixei ali jogados de lado mesmo, junto da minha bolsa. Fui direto para a cozinha pegar uma água e enquanto me servia, voltei a olhar o Instagram. A solicitação ainda estava lá e chamava tanto a minha atenção que parecia ter preenchido a tela completamente. Aceitei. Deixei o telefone de novo no bolso e voltei para a sala. Catei minhas coisas e fui direto para o meu quarto. O telefone vibrou e tocou três notificações seguidas.

Me joguei na cama com uma preguiça enorme de tomar meu banho e me trocar. Desbloqueio a tela e volto ao aplicativo de fotos. Uma curtida na última foto e duas mensagens no direct.

Ainda está aí, dançarina?
Gostei da apresentação de hoje.

Estou.
Cansada. Exausta. Com calor e fome.
Mas estou aqui.
Não te vi por lá, cantor.
Se escondeu?

Quer comer alguma parada? 
Também tô nessa fome da madrugada.

Fome ou onda da verdinha, hein cantor?

Um pouco dos dois, dançarina.
Não me escondi. Só não consegui a mesma mesa de sempre.
Fiquei do bar.

Sem shows?

Três dias de folga.
Já se trocou?
Tô tirando o carro da garagem, chego em quinze.

— Mas eu não concordei com nada. — resmunguei sozinha, mas sorri, gostei da idéia. Eu estava de folga amanhã, não havia nada que me impedisse. Levantei rápido, deixando meu telefone pegando bateria e tomei um bom banho e em tempo recorde estava já o esperando do lado de fora do prédio.

— Não sente frio nas pernas, Lolla? — ele perguntou logo que parou do meu lado e eu remexo meu corpo, enfiando mais as mãos dentro do bolso do casaco, olhei minhas pernas e o moletom estava cobrindo pouco mais do meio das coxas.

— Só fiquei com preguiça e eu tô bem assim... — respondi e dei a volta no carro, entrei no banco do passageiro e digitei uma mensagem rápida para Vanessa, dizendo que estaria com ele e ativei a localização na conversa. — Aonde vamos?

— Esse horário? Só fastfood.

— Porra, mó dificuldade falar MC Donald's né? — perguntei mordendo meu lábio para segurar a risada e deixei meu telefone ficar de volta no bolso do casaco.

— Engraçadinha pô. — ele riu baixo e eu assenti.

— Vai ir me vê todos os dias agora? — quis saber e ele parou num sinal. Não tinha necessidade mas parecia que ele estava andando bem lento justamente para demorar.

— Gosto do que você é capaz de fazer, me deixa meio maluco da cabeça, mas eu gosto.

— Maluco da cabeça?

— Um lance de tesão e o caralho. — ele me olhou antes de dá a partida e deu um sorrisinho de lado que molharia a minha calcinha, se eu tivesse usando uma.

— Filipe Ret... Horário da putaria já tá liberado, cuidado com a língua.

Ele gargalhou alto e eu gostei de vê a forma que o corpo tremeu junto. Não tinha como negar e eu não iria deixar de observar todas as vezes que ele se torna ainda mais grande. Um grande gostoso.

Paramos em um drive, ele fez os pedidos, pagou, os pegou parou o carro no fundo do estacionamento. Era quase todo escuro, a iluminação era bem pouca e a luz da noite também ajudava um pouco. Acendeu a luz do salão e eu acompanhei seu olhar que subiu das minhas coxas até o meu rosto.

— Quero saber uma coisa. — disse fazendo um som com a garganta logo em seguida, disfarçando que foi pego no flagra.

— Quem quer saber sou eu, quem te passou meu Instagram?

— Tenho meus contatos.

— Aquele vagabundo do Caio. — eu resmunguei e escutei o cantor rindo baixinho, pra que inimigo com um amigo desses?

— Eu não botaria a culpa nele, Lolla. Eu quem fiquei procurando e fiquei irritado quando não consegui vê suas fotos logo de cara.

— Então tu ataca de stalker?

— De o quê? — enrugou as sobrancelhas e eu achei tão bonitinhos.

— Não é do teu tempo essa palavra né?

— Do meu tempo? Tá de putaria com a minha cara, garota? Tu acha que eu tenho que idade?

— Calma vida, pra quê tanto estresse?! Acho que uns quarentão.

— Vai se foder, cara. — me tacou uma batata frita e eu gargalhei. — Eu tô com trinta e oitl.

— Então... Você é quase um quarentão. E de respeito diga-se de passagem...

— Tô bem pra caralho, pô, tá ficando maluca?!

— A autoestima também né? Elevadíssima. — eu concordei enquanto mordia meu hambúrguer.

— Qual a tua?

— Vinte e três de garota.

— Papo reto? — perguntou e eu assenti, estava ocupada sugando o canudo. — Você é muito bebê.

Parei de beber do refrigerante e fiquei o olhando. Minha língua coçou pra responder, mas queria manter minha postura de dama.

— Nem é tanta diferença, coroa.

— Ah, nem começa com essa parada. — encheu a mão de batatas e forçou na minha boca, eu não sabia se comia ou ria dele.

— PORRA, COROA! RELAXA! — eu gritei em meio as risadas e ele negou, ameaçou a colocar mais batatas na minha boca e eu neguei, dizendo que iria parar. Só tomei um pouco de ar e fui cessando a crise de risos. — Não precisa ficar nervoso, 4.0. Eu não curto cara novo...

— Ah não? Achei que tu era daquelas que toma farinha láctea e Mucilon.
— ele entrou na brincadeira e eu ri, negando.

— Eu prefiro umas coisas com mais eficiente. Eu gosto de aprender e não de ficar ensinando.

— Bela resposta, dançarina.

— Eu sei disso, cantor.




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