he hurt me but,

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he hurt me but it felt like true love

Sentada no tampo fechado da sanita, segurava o teste de gravidez positivo nas mãos e as lágrimas desesperadas nos olhos. Tremia demasiado. Uma das minhas maiores ambições era ser mãe, ainda que não fosse nada justo. Era um sentimento tão agridoce e inexplicável.

Levantei-me e dirigi-me à porta. Carolina estava sentada na minha cama com a mão no rosto, toda ela ansiosa e desejosa por uma resposta. Bastou o olhar atento par aperceber o que se passava. Nem hesitou em abraçar-me. Deixei-me chorar. Estava em pânico. Desesperada. Sem saber que fazer. Os meus dedos largaram o teste no chão, abraçando-a de volta. Só conseguia chorar.

Manteve-me no seu aconchego até que achasse necessário para mim. Amparava-me com o corpo, visto estar tão trémula. A notícia era a pior, dadas as circunstâncias em que estava. Estávamos. Com todo o impacto, ele não me importava.

A última vez que tivemos juntos foi há cerca de três meses. Faltavam meros dias para Outubro. O meu primeiro pensamento era interromper o que acontecia o mais rápido possível, no entanto, não queria decidir nada de cabeça quente, embora ter um filho com a pessoa que mais me magoou e me traiu não era uma opção.

Nada planeado ou desejado por nós.

- Temos que ir ao hospital. Não quero ter este bebé com o Rúben, Carolina. Não quero viver um dos meus maiores sonhos com ele, depois do que me fez. - Choraminguei.

- Ayla... O teste diz que estás grávida de três meses. Tens que te mentalizar que podes não ter essa opção. - Murmurou calmamente.

Cobri o rosto com as mãos, sentando-me aos pés da minha cama. Estava desesperada. Como podia não ter essa opção? Era a única que fazia sentido, a única que precisava de ter. Fosse egoísta ou não para quem estava de fora, era a minha decisão no momento e provavelmente depois.

Não fazia qualquer sentido para mim.

- Temos que ir ao hospital. Felizmente os teus avós estão com as tuas irmãs e o Diogo está quase a entrar em campo. Vamos?

- Não...

- Quanto mais tempo deixares passar... Ayla, não é a situação ideal, mas precisamos de saber como estás e de quanto tempo estás. Encarar de frente, custe o que custar.

- Falar é fácil, não está a acontecer contigo. Como é que é suposto encarar isto de frente? Estou com um bebé na barriga, Carolina! E o pai está longe e traiu-me. É muito provável não ter escolha, achas que é fácil encarar de frente?!

- Eu sei, eu sei Ayla. Não imagino o que estás a sentir neste momento, mas não é a evitar que vai ser resolvido, certo? Então...

- Desculpa... Passei a noite toda a pensar na possibilidade de estar grávida, no primeiro passo, no facto de ter que lhe contar ou como contar... A esperança que fosse mentira ainda existia.

- Acredito que sim... Respira fundo. Estás grávida, é mais que certo. Há uma percentagem e mínima que esteja errado, mas não acredito. Está nítido e dá-te meses, nem dá semanas. - Lambi os lábios, secando as minhas lágrimas. - Agora acho, honestamente, que o passo seguinte é levantares-te da cama e ir ao hospital.

- E se não for possível interromper a gravidez? Se tiver que falar com o Rúben? Sabes quantas vezes ele me procurou? Nenhuma. E eu esperei... Ainda hoje espero que me queira de volta. E depois vejo o quão burra sou.

E N T R E L I N H A S  ➛  RÚBEN DIASOnde histórias criam vida. Descubra agora