i am a brutally soft woman
setembro
O coração apertava todas as manhãs. Todas as noites deixava-se chorar na almofada e como não podia melhorar, todos os seus sonhos traziam-no de volta aos seus braços. Relembrava a altura em que foram genuinamente felizes. Somente um do outro, sem terceiros.
Era uma realidade longínqua, uma fase que passou e jamais iria voltar. Foi o bilhete só de ida do seu coração. As portas estavam fechadas. Só a memória ainda lhe restava.
Noites de loucura, bebedeiras constantes e um mau sufoco no peito que, em dois meses, pareceu só ter aumentado. Perguntava-me o porquê. Não me culpava por um segundo, mas perguntava-me o porquê. Como se fosse ter uma resposta para as minhas questões. Estávamos tão bem, estávamos tão felizes e tão preparados para dar o passo que, em anos, nunca fomos capazes.
No momento em que tinha feito as pazes comigo, com o que sentia pelo Rúben e com as atitudes de mulherengo, ele decide cometer o maior erro e de um dia para o outro, acabar com tudo aquilo que, no último mês, estávamos a construir.
Era sufocante pensar que o fez. Ver as fotografias onde beijava uma rapariga que desconhecia, com a suposta mulher da sua vida a preparar as malas de viagem para ir viver com ele.
Tentei acreditar que estava errada ou que a explicação do Rúben era plausível e verdadeira. O facto de não saber que haviam mulher no barco e de ter deixado claro que estava com alguém e que não passou fe um beijo. Gostava tanto que fosse a verdade, que justificasse o beijo e eventualmente, apagasse a minha memória.
Tentei um pouco de tudo. Desde o fingir ao isolar-me no Alentejo tal como havia feito antes e deu algum resultado. Porém, antes não conseguia ver o quão apaixonada estava por ele. E talvez, na verdade, ainda não estava.
Encontrava-me no Alentejo há duas semanas. Os meus pais pediram-me para ficar com as miúdas, cuidar dos meus avós, enquanto se ausentavam a trabalho durante os próximos dias. Não hesitei, a ideia parecia-me milagrosa dado o estado crítico em que me encontrava.
Pouco me olhava ao espelho. Evitava perceber que precisava de cuidar de mim ou apenas fugia à verdade da situação em que estava. Sentia-me tão triste, até mal disposta por causa da tristeza e dos nós constantes no peito.
O sufoco aumentava durante duas e diminuía nos outros. Era um processo instável e difícil de gerir, tal como acontecera outrora. Não por motivos tão grandes quanto atualmente.
Era suposto ser mais fácil. Porquê que somos nós, as magoadas, sempre a chorar? A passar por obstáculos infernais até ficar bem?
- Posso entrar? - Sequei rapidamente as lágrimas ao ouvir a voz suave da Ariana.
- Sim, claro que podes. São os avós?
- Não mana, é a Carolina, a namorada do primo! Os avós ainda não chegaram. - Estranhei. Ariana, encostou novamente a porta, ausentando-se. - Os meus pensamentos confundiam-me ainda mais e a presença da rapariga não ajudava.
Acabei por passar o rosto por água antes de sair do quarto e por esconder as minhas emoções. No entanto, sabia que não era possível e que a loira e Diogo estavam a par da situação
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E N T R E L I N H A S ➛ RÚBEN DIAS
Novela Juvenil'If you can't be their first choice, don't be an option at all'