Imagine Lana Del Rey X You

Capítulo 1

26/05/2023

15h13 - Rio de Janeiro

A minha dor de cabeça começou a ficar mais forte quanto mais aparecia nas notícias que essa tal cantora havia chegado ao Brasil e sofria com certo stalker aqui, era o que mais se comentava no trabalho e aparentemente meu superior estava planejando uma operação para a segurança dela, seria tudo discreto, nem ela iria saber disso.

Mas não acreditava que eu precisaria sair da minha rotina por alguém que veio por livre espontânea vontade para um território como esse, era burrice e só me daria mais trabalho que não renderia nem um centavo a mais para pagar meu Ibuprofeno.

"Tenente! A senhora está prestando atenção?".

Voltei a realidade daquela sala improvisada com aquelas paredes vagabundas de drywall:

Respondi: "Sim, senhor, capitão".

Capitão: "Não quero mais chamar sua atenção, se tiver cansada vai no Rh pedir baixa".

Filho da puta...foi o que pensei. O que eu respondi foi na verdade: "Sim, senhor".

Capitão: "Continuando, essa operação é de extrema importância, apenas poucas pessoas estão cientes dela e os senhores precisam manter a discrição. Já que a Tenente S/S parece bastante entusiasmada, ela ficará no comando. Estão dispensados".

Que? Eu já estava com problemas em casa e ele sabia do quanto estava esgotada daquela situação. Fazer esse joguinho somente por ter recusado seu convite de jantar fora era patético, mas ele é apenas um homem e é isso que eles fazem.

A sala foi se esvaziando e fui junto a caminho da cozinha pegar um café, não gostava do sabor, mas precisava do líquido escuro após uma noite mal dormida. Aquela reunião tinha sido extraordinária, então eu estava livre o resto do dia, ou eu achava que estava antes daquela ligação...

19h47 - Academia

Sinceramente, sexta-feira era o pior dia de treino e essa maquina de extensora não coopera, essa porra velha que não fica na altura certa, ainda pra piorar está tudo cheio e não tem um incompetente pra me ajudar.

"PRI PRU HELLO MOTO"

Ótimo, espero que seja a Caixa Econômica falando que por acaso descobriram que sou a herdeira de sei lá quem e preciso resgatar meu prêmio, já estava cansada de ser pobre e fudida.

"Número desconhecido?".

Eu: "Alô?".

Desconhecido: "Tenente, aqui é o Carvalho, o comandante falou que estava tendo uma movimentação suspeita em frente ao Palace e você precisa ir averiguar".

Eu, indignada: "Mas a operação não iria começar dia 29 ou pelo menos a minha contribuição ia ser no dia 29?".

Ten. Carvalho: "O Capitão quer urgência para esse caso".

Eu: "Argh, chego lá em 20 minutos, Carvalho".

Ten. Carvalho: "Eu recomendo a senhora chegar em 10, o Capitão tá puto já".

Eu: "Tchau, Carvalho".

Essa extensora que vá pra merda então.

Cheguei na minha casa, não sei se eu agradeço a raiva que passei com a extensora, mas não deu pra suar muito então pouparia o tempo do banho, logo coloquei a roupa preta e saí pro Copacabana.

Realmente, tinha bastante movimentação, mas era dessa que eles falavam tanto?? Olho pra frente da porta principal e vejo: Pessoas desempregadas e com bastante tempo atrás de grades de metal, mas pareciam bastante inofensivas. Sério que eu me apressei pra isso?

Fiquei mais um tempo observado e já estava digitando um breve relatório sobre a população ali presente bem pacífica, mas escuto os seguranças da bonitona que me colocou nessa situação falando no radinho:

Voz 1: "Pô, tem parceiro aqui suspeito e meio exaltado, não deixa ele chegar perto da Lana".

Voz 2: "Viado, eu vou tentar segurar ele, mas só lembrando que a gente não tem nem arma de borracha se essa porra estourar".

Voz 1: "Ah, taca uma pedra nele qualquer coisa".

Puxei meu freio de mão, meu coração começou a bater mais rápido de leve e eu sabia que era a hora de ir averiguar pessoalmente. Puxei minha Taurus pra cintura, deixei o radinho no carro e bora lá.

Alguém: "LANAAAA, PLEASE!".

Foi a primeira coisa que ouvi quando abri a porta do carro junto com um milhão de vozes se atropelando. Como eu não notei que a infeliz tava ali fingindo ser a boa samaritana e dando autógrafos?. Me aproximei da aglomeração, mas não tanto pra poder ter uma boa ideia da situação e realmente localizei um homem de preto falando com alguém de cabelo laranja.

Os dois pareciam exaltados, mas suficientemente afastados das pessoas para não atrapalhar o tal "evento". A cantora parecia bem feliz, falando com as pessoas, assinando álbuns, tirando fotos ou qualquer outra porra sem importância, mas uma hora ou outra ela olhava pros dois homens afastados.

Fingi que estava ao telefone e os dois sujeitos estavam gesticulando cada vez mais, o cabelo Laranja mais ainda:

"Cê não pode me tratar diferente dos outros, eu sou fã igual, EU VOU FALAR COM ELA, SIM"

E foi aí que começou o empurra-empurra entre os dois, por muita sorte eles não trombaram com a senhorita Del Rey, mas todos estavam assistindo aquela cena com muito medo. Nessa hora, eu não pude mais apenas monitorar de longe e tinha que entrar em ação e comecei com meus passos apressados em direção aos dois homens, infelizmente como o de laranja estava agressivo e apresentava risco eu tive que sacar a pistola em direção a ele e pedir pra ele deitar:

"POLÍCIA! VAI PRO CHÃO AGORA!".

Ele deu uns passos para trás, mas apenas para pegar um pedaço de concreto solto. A situação estava ficando feia. Olhei para o outro segurança que estava com a Lana del Rey e gritei:

"TAKE HER AWAY! NOW!" (Tirem ela daqui agora!).

Me voltei pro suspeito, ele não parecia ter se importado muito com a minha ordem anterior, então eu repeti rezando pra situação não ficar pior:

"TÁ SURDO, PORRA? DEITA AGORA!".

Sim, ele definitivamente ouviu e agora estava vindo em minha direção. Então eu gritei com a arma ainda apontada:

"NEM MAIS UM PASSO OU VOU ATIRAR!".

Nessa hora, tudo começou a rodar mais lento, eu sentia minha respiração alta e era hora de pôr em prática meu "treinamento de mobilização", rezei mais uma vez pra não perder meu emprego com o que iria acontecer.