Capítulo 2

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Instantaneamente após o disparo a multidão começou a correr e a van da cantora acelerou para nos alcançar, quando a porta abriu, puxaram ela e já saíram para Deus sabe onde, quem olhasse de fora com certeza diria que era um sequestro aquilo e até eu fiquei assustada, mas tinha um homem baleado na minha frente, e fui eu quem tinha o deixado assim.

Minha alma voltou pro meu corpo em segundos que pareciam uma eternidade de cenas lentas pelos meus olhos, e me dei conta que atirei em sua coxa, graças a Deus ele estava imóvel, vivo, mas não apresentava risco para ninguém que acabaria com meu emprego caso uma famosa fosse agredida. Ótimo, obrigada Del Rey, agora eu vou ter um relatório imenso pra fazer e talvez até um depoimento/processo se o socorro não chegar a tempo.

Pra minha glória, o Samu chegou em 7 minutos depois, mas pareciam 3 minutos. Já estava falando com o Carvalho sobre a situação, já que o Capitão parecia ocupado, foram 5 ligações perdidas e alguns fios de cabelo a menos.

Os socorristas foram falar com o homem que estava no chão, prestaram os primeiros atendimentos, colocaram na maca e eu subi junto na van, fazia parte do procedimento acompanhar ele até o hospital.

Enfermeira: "Foi você quem atirou?".

Eu: "Sim, senhora. Ele apresentava risco pra sei lá quem fosse aquela mulher, só estava seguindo ordens, só me diz que ele tá bem, por favor, não quero perder meu emprego".

Enfermeira: "Olha, não sei se você teve um ótimo treinamento ou muita sorte, mas o projétil não atingiu nada importante".

"O garotão vai sobreviver", pensei. Senti um peso sair das minhas costas.


Chegamos a grande estrutura branca, assinei uma papelada e me disseram que iam tirar o projétil alojado, o sujeito ficaria acamado, mas nada grave. Então, chamei um uber de volta ao hotel. Nessas ocasiões eu tinha uma série de ações para fazer: acompanhar o indivíduo machucado até a assistência médica, que agora estava sendo observado e incapaz de evadir do local até se recuperar, depois conversar com a suposta vítima e prestar assistência moral/médica.


22h54 - Copacabana

Cheguei no local, estava bem diferente de mais cedo, tinha algumas viaturas apenas em patrulhamento e nenhuma aglomeração de fãs. Paguei a corrida, apenas pensando no gasto que aquela operação estava me causando e fui entrar no hotel, ou tentar. De início, algum funcionário do hotel/segurança me barrou, não sei quem era e nem seu cargo, mas logo mostrei minha identificação militar e disse que precisava subir. Fui autorizada e informada em qual quarto a Lana Del Rey estava, não era difícil perceber qual era também, só tinha uma porta com dois armários vivos de terno na entrada e eu fui em direção a eles. Muito educados me explicaram que precisavam falar com ela primeiro pra depois me autorizarem a entrar se ela quisesse, apenas concordei em respeito.

Ouvi baixinho:

Segurança mais baixo: "Excuse me, that woman with a gun wants to talk to you" (Licença, aquela mulher armada quer falar com você).

Lana: "Gosh, let her in" (Deus, deixe ela entrar).

Não gostei de como ele me apresentou, eu não era uma maluca aleatória com uma pistola na mão no meio da rua, mas confesso que foi bem objetivo e daria para qualquer um se lembrar rapidamente. Aquele dia não parecia acabar e agora seria uma prova oral de inglês que eu definitivamente não estava preparada, mas bora lá.

A porta foi se abrindo e saiu o segurança, mas ele a deixou um pouco aberta para que eu entrasse. A primeira coisa que notei era como o quarto estava frio pra cacete, não sei se ela era um pinguim disfarçado, mas o habitat estava perfeito, não tive tempo de bisbilhotar a mobília, pois tinha uma mulher de 1,70m na minha frente toda inquieta.

Lana del Rey: "Jesus, you're alive. I was worried as fuck when I heard the shot" (Meu deus você ta viva, eu estava preocupada pra caralho quando ouvi o disparo).

Eu: "There's nothing to worry about, miss. I apologize for that situation. Well, I accompanied the suspect to the hospital and everything is fine with him, but he will need to stay in the hospital for a few days" (Não precisa se preocupar, senhorita. Eu peço desculpas por aquela situação. Bem, eu acompanhei o suspeito até o hospital e ele está bem, mas vai precisar ficar por lá por alguns dias).

Notei que sua perna começou a tremer, ou já estava tremendo antes, mas notei apenas agora:

Lana Del Rey: "I can't believe this is happening here too, I don't want to get used to having stalkers" (Não acredito que isso está acontecendo aqui também. Eu não quero me acostumar a ter stalkers).

Eu: "No need to worry, i'm doing your security today" (Não precisa se preocupar, eu vou ficar de guarda hoje).

Não sei se meu inglês estava tão ruim assim que ela não estava entendo que estava tudo bem agora ou se a situação na cabeça dela ainda estava bem preocupante, mas me ofereci pra pegar uma garrafa d'água. Bati na porta, os seguranças abriram e eu pude sentir o choque de temperatura, lá realmente estava gelado. Desci o elevador e fui assaltada no hotel, 15 conto uma água, aquilo foi a minha falência e voltei ao 231.

Estendi o braço e me atrevi a perguntar:

"May I ask where is your family?" (Posso perguntar onde está sua família?).

Lana Del Rey: "I don't know...I already sent Chuck an audio, but she said she couldn't hear it and would arrive with Charlie at dawn" (Eu não sei...eu já mandei um audio pra Chuck, mas ela disse que não podia ouvir e que chegaria com o Charlie de madrugada).

Graças às informações que tivemos que estudar mais cedo na delegacia, eu sabia quem era cada uma das pessoas e sua relação com a americana. Mas o que não sabia era como confortar ela, era visível seu nervosismo, podia até jurar que seu olho estava meio inchado de choro, meu palpite. Então fiz a pergunta mais idiota e óbvia que não ajudaria em nada:

"Okay, how are you feeling now?" (Entendi, como você está se sentindo agora?).

Ela respondeu: "Anxious" (Ansiosa). E foi sentar na beira da cama, tomando outro gole de água.

Acho que quando perguntei de seus familiares, ela notou que estava "sozinha", eu não sabia mais o que fazer, era minha missão não só segurança dela, mas o bem-estar também. Dessa vez, a próxima pergunta era mais pro meu bem-estar, ela tava me preocupando também:

"But you're not hurt, are you?" (Mas você não está machuca, está?).

Lana Del Rey: "I'm just shaking, but I'm fine, thanks for asking" (Estou apenas me tremendo, mas estou bem, obrigada por perguntar).

Olho no visor do celular e tinha acabado de chegar uma mensagem do Capitão Cretino, não sabia o que fazer pra ela ficar melhor, não a conhecia, mas eu precisava continuar meu trabalho:

"I need to leave now, do you want me to ask someone to stay with you?" (Eu preciso sair agora, quer que eu peça pra alguém ficar contigo?).

"Couldn't you stay a little longer?" (Você não poderia ficar mais um pouco?). Disse ela fazendo uma cara meio triste.

É....eu acho que alguém vai se decepcionar um pouco.

Imagine Lana Del Rey X YouOnde histórias criam vida. Descubra agora