Kurama - Floresta de Nara, Templo do Guaxinim
Em meio ao silêncio absoluto daquela floresta, erguia-se um majestoso templo sagrado, um dos últimos remanescentes após a primeira invasão dos saigailitas. A grandiosidade de sua arquitetura contrastava com as marcas da destruição cometidas em Kurama. O templo, apesar de sua beleza intocada, carregava consigo as cicatrizes daqueles dias sombrios. O caos das chamas crepitantes, das flechas cortando o ar, assobiando a canção da morte, e das espadas colidindo com fúria. O monge mestre do Templo do Guaxinim era atormentado por memórias dolorosas manifestadas em seus pesadelos constantes. As cenas do passado se desdobravam diante de seus olhos todas as noites.
Um antigo templo, outrora um santuário de paz e espiritualidade, jazia em ruínas e cinzas. As paredes sagradas, antes reverenciadas, agora eram apenas escombros fumegantes. Os deuses venerados há séculos haviam sido ridicularizados, seus altares profanados pelos invasores cruéis. Enquanto o fogo consumia tudo em seu caminho, os inimigos riam, exultando sua vitória...
Nenhum reforço militar chegara a tempo. Os defensores azuis, honrados e valentes, haviam sido subjugados e derrotados diante da força avassaladora do inimigo. O monge, o último sobrevivente do Templo do Guaxinim, estava ciente da situação era desesperadora. O peso da impotência pesava sobre seus ombros, sufocando suas esperanças. Esse mesmo pesadelo. Um loop infernal, sempre revivido durante a madrugada; parecia jamais ter um fim.
— Oh... Céus... — Suspirou o velho senhor, enxugando o suor do rosto. Ele havia adormecido enquanto meditava em sua cadeira de balanço. — É hoje...
O ancião se levantou lentamente e caminhou em direção ao interior do templo. O ar estava impregnado com o aroma doce do incenso que queimava. À medida que avançava, seus passos ecoavam pelos corredores silenciosos, iluminados apenas por suaves raios de sol que atravessavam as frestas das janelas. Seus olhos se fixaram em uma vela acesa ao lado dos sinos.
— Tudo está ocorrendo conforme o planejado.... No entanto, temo que..., ela ainda não esteja pronta... Ó, senhores do destino e das almas, guiem o caminho dos espíritos que partiram... E que esses mesmos espíritos nos ajudem a trilhar os caminhos corretos!... — Rezava.
O monge, de longa barba branca, coça pensativamente seu rosto enrugado, enquanto seus olhos percorrem a paisagem. Seu olhar se encontrou na modesta cabana onde reside a virgem sagrada do templo, um local de profunda devoção e mistério. Com solenidade, ele se ajoelha em frente ao altar, onde imagens de divindades repousam, e começa a orar fervorosamente.
— Senhores do destino, guiem-na... E façam com que o desejo ardente de sua família nunca morra! Que sua determinação seja fortalecida e sua jornada seja abençoada... — Ginzu, o monge ancião, sentia o peso esmagador de sua missão de vida. Era um fardo carregado em seus ombros, uma responsabilidade imensa, e parecia grande demais para suportar sozinho.
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Os Contos da Rosa Azul - 01
FantasyEm meio a floresta, no tranquilo templo do Guaxinim, reside uma jovem misteriosa conhecida como Yochi. Aquela que desde a infância, foi deixada por sua mãe e criada pelos monges do templo, desenvolvendo futuramente poderes mediúnicos que a conectam...