Meus olhos fixaram-se na imponente estátua do boneco, enquanto meu olhar percorria a sinistra sala ao redor. Portas metálicas, dispostas aleatoriamente pelos cantos, preenchiam o salão com seu silêncio assombroso. Contudo, a porta que eu precisava adentrar exigia as mãos azul e vermelha para ser desbloqueada. Mas a questão que se impunha era: onde estaria essa mão?
Uma brisa gélida percorreu o meu corpo, enquanto eu me via mergulhado em incerteza e ansiedade. A única certeza que possuía era a necessidade de encontrar a sala de energia e restaurar o fornecimento elétrico. Sem eletricidade, aquela porta permaneceria impenetrável. Com passos trêmulos, dirigi-me em direção à imensa porta metálica, onde a palavra "ENERGIA" se destacava em letras amarelas de plástico, agora desbotadas pelo tempo implacável. Ao lado da letra "A", uma chave, também envelhecida e amarelada, aguardava ansiosamente minha chegada. Estiquei-me ao máximo, estendendo meus dedos para alcançá-la e, finalmente, a apanhei. Com movimentos cautelosos, destranquei o antigo cadeado enferrujado que mantinha a grande porta selada. Um estalo estridente ecoou pelo salão quando finalmente consegui erguer a pesada porta, expondo uma abertura para o desconhecido. Com um impulso desesperado, arremessei-me para dentro da sala, enquanto a porta caía ao chão com um estrondo metálico, selando-me no interior com seu ruído ensurdecedor que ecoou por toda a fábrica, que após esse desastre, foi tomada pelo silêncio absoluto.
Encontrei-me imerso em uma sala mergulhada na mais profunda escuridão, onde a presença do medo pairava no ar. Com cuidado, deslizei minha mochila dos ombros e, entre seus pertences, procurei a salvação: minha lanterna. Ao ativá-la, um feixe de luz linear atravessou as sombras, dissipando-as e revelando o ambiente em sua desolação. A sala era uma testemunha do poder impiedoso do tempo, suas paredes cobertas de uma espessa camada de poeira e sujeira. Fileiras de painéis elétricos se alinhavam nas paredes, silenciosos e desgastados pelo abandono. No centro, a parede de tijolos, outrora robusta, agora exibia manchas de sangue respingado... Um vestígio do dia do grande colapso... Porém, o foco principal da minha atenção recaía sobre um grande poste de energia, posicionado estrategicamente no coração da sala. Minha vasta experiência de anos na fábrica me guiou instantaneamente em relação ao próximo passo a ser tomado.
Dando uma meticulosa vasculhada na sala, meus olhos se fixaram nas manchas de sangue próximas. Foi então que vislumbrei um grabpack caído no chão, sujo de sangue coagulado e marcado por arranhões profundos. Desbotado e coberto de poeira, ele compartilhava a mesma aura sombria que permeava cada centímetro do lugar. Paralisei diante dele, fitando-o por alguns instantes que pareceram uma eternidade. Minha mente fervilhava, conseguindo construir mentalmente a cena do passado que permanecera congelada no tempo até aquele momento. Talvez, naquele fatídico dia do desastre, um funcionário desesperado buscara refúgio naquela sala, mas fora descoberto e tivera uma morte lenta e dolorosa nas mãos de algum daqueles monstros. O grabpack era a única evidência remanescente de sua existência, mais uma prova brutal de que aqueles experimentos eram impiedosos, sedentos por sangue e vingança.
Aquele grabpack, diferentemente do meu, possuía as duas mãos intactas. Num ato decidido, joguei o meu no chão e substituí pelo que avistei. Ajustei-o cuidadosamente acima da minha mochila, certificando-me de que estivesse firmemente posicionado. Agora, finalmente teria a capacidade de abrir a porta trancada, mas antes disso, precisava restaurar a energia. Um dos painéis elétricos estava aberto, com uma cavidade projetada para encaixar uma das mãos. Com base na minha vasta experiência na fábrica, apertei o gatilho da mão azul, observando com satisfação enquanto ela se encaixava perfeitamente no painel, me recordando dos diversos momentos em que realizei tal ação, trabalhando com meus companheiros e sem saber da verdade por trás da Play Time. A partir desse momento, a eletricidade fluía pelo cabo metálico que conectava a mão ao grabpack, um sinal de que a energia estava prestes a ser reestabelecida. Dirigi-me ao poste central, fazendo com que o cabo fizesse contato com a superfície condutora, permitindo que a corrente elétrica se propagasse até outro painel. Com destreza, acionei a mão vermelha, ativando um comando que desencadearia o suprimento elétrico em todo o salão. Com sucesso, as mãos retornaram à minha posição, e a fraca luz da pequena sala ganhou vida. Desliguei a lanterna, sentindo um alívio momentâneo, e a guardei novamente na mochila.
Enquanto meus olhos se fixavam novamente nas marcas de sangue coagulado nas paredes de tijolos, um vislumbre triste capturou minha atenção no canto mais distante da sala. Próximo a um dos velhos painéis elétricos, cujo um deles exibia uma profunda batida, como se tivesse sido alvo de um arremesso violento, estava uma silhueta de um brinquedo quebrado. Era um pequeno boneco, Cat Bee, aquele ser amarelado e empoeirado que um dia encantara crianças nos tempos de glória da Play Time. Cat Bee era uma estranha e fofa combinação de gato e abelha, com um corpo que lembrava o de um felino, envolto por uma pelagem amarela vibrante com listras pretas, além de asas transparentes de plástico.
Continuando a observar o boneco, percebi que seus olhos haviam sido arrancados brutalmente, deixando uma fina camada de sangue ressecado como prova desse ato horrendo. Três pequenas gotas do líquido vermelho salpicaram o chão próximo a ele. "Esse boneco tinha sangue?", questionei-me em um turbilhão de pensamentos. "Seria ele mais um dos experimentos? Não é possível... A Play Time realizava apenas experiências com grandes bonecos... Se esse pequeno brinquedo já foi um ser humano... Ele só poderia ser..." Meu rosto se contorceu em uma expressão de espanto e horror, e instintivamente levei a mão à boca, tentando conter as emoções que transbordavam em meu interior. "Essa maldita fábrica não fazia apenas experimentos com funcionários, mas também com crianças!" Gritei internamente, enquanto por fora em silêncio eu me ajoelhava, com os olhos fixos na frágil criaturinha que outrora fora arrancada de sua família, uma vida ceifada cruelmente a fim de gerar lucro a um doentio magnata.
Um sentimento de desespero e tristeza me dominou, como um peso insuportável sobre meus ombros. A compreensão da monstruosidade perpetrada naquela fábrica era avassaladora. Lágrimas teimaram em rolar por meu rosto enquanto meus pensamentos se entrelaçavam em uma espiral de indignação e lamento. "Eles usavam as crianças até mesmo para criar os pequenos brinquedos... Monstros!" Mesmo que eu insistisse em gritar, eu não podia, eu nunca mais pude pronunciar nenhuma palavra desde que me cortaram as cordas vocais, então um murmuro sutil do que deveria ser um grito ecoou pela pequena sala enquanto eu permanecia ajoelhado, testemunhando a tristeza e o legado cruel deixado para trás por aquela fábrica macabra. Eu me sentia culpado por aquela vida, só de pensar que eu ajudei aqueles monstros que tendo outra perspectiva, nunca foram os experimentos, mas sim quem os fizer, eu mergulhei em um sentimento de culpa enquanto chorava sem parar vendo aquela criança morta.
Quando eu consegui me recompor, não completamente mas o suficiente para levantar, eu fui até a porta metálica mais uma vez, adentrei o salão com uma mistura de expectativa e apreensão. Contudo, assim que meus olhos se voltaram para o amplo espaço à minha frente, meu corpo foi subitamente percorrido por um choque elétrico. Um arrepio percorreu todo o meu ser, deixando-me completamente paralisado, com a respiração suspensa. Meus olhos se abriram ao máximo, revelando um misto de horror e espanto estampado em minha expressão facial. Tudo isso porque a estátua imponente de Huggy Wuggy simplesmente havia desaparecido.
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Poppy PlayTime
FanfictionApós receber uma carta de uma antiga empresa onde trabalhava, James decide voltar e procurar por quem enviou, mesmo sabendo das atrocidades que aconteciam no local, ele não esperava que aquelas criaturas bestiais que um dia já foram carismáticas, es...