Capítulo 8 - Passado

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         Eu estava de pé, imóvel diante da televisão que pendia sobre mim

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Eu estava de pé, imóvel diante da televisão que pendia sobre mim. "Elliot Ludwig" O nome reverberou na minha mente, gerando um eco que parecia preencher todo o espaço. Uma única lágrima deslizou devagar pelo canto do meu olho, trilhando um caminho solitário até a minha bochecha. Levantei a mão trêmula até o meu rosto e enxuguei o choro rapidamente, mas ao meu redor, a sala começou a encolher, comprimindo-se gradualmente até que parecesse uma caixa apertada e sombria, uma armadilha na qual eu estava condenado a permanecer para sempre. O ar ficou mais denso, minha respiração tornou-se descompassada, como se o oxigênio repentinamente se esgotasse, negando-me a capacidade de inspirar profundamente. Era como se as paredes estivessem se fechando sobre mim, e a sensação de sufocamento e agonia tomou conta do meu ser, como uma tempestade implacável. Então memórias perturbadoras do passando vieram a minha cabeça, tão vívidas que era como se eu estivesse revivendo aquele tormento.

----- Passado -----

Fazia duas semanas desde que eu fui chamado para consertar o computador de um dos escritórios, mas para ser mais específico, o de Elliot Ludwig. Após muito trabalho, consegui realizar minha tarefa, mas em meio a tela de pixels algo chamou minha atenção, uma pasta chamada "Bigger Bodies". Quando eu percebi, eu já havia clicado nela e vários arquivos se abriram, todos protegidos com senhas. "Experimento_1006" Estava escrito em uma delas. "Experimento_1170" estava escrito em outra. "Iniciativa_Bigger_Bodies" Esse arquivo me chamou atenção, ela tinha o mesmo nome da pasta, mas quando eu tentei acessar, estava trancada com uma senha.

Abaixo do computador que eu mexia, um pequeno papel amarelo estava anexado com algo escrito, "H0I_Lp95!" Talvez essa fosse a senha do arquivo, não custava tentar. Digitei a mesma coisa que estava no papel, e a pasta foi destrancada, fileiras e fileiras de textos e imagens apareceram.

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        Quando eu terminei de ler o documento, entrei em choque

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Quando eu terminei de ler o documento, entrei em choque. "Experimento? O que eles querem dizer com isso? Iniciativa Bigger Bodies? Não precisarão contratar mais funcionários?" Milhares de perguntas surgiam na minha cabeça. "Eles transformaram um funcionário em um mascote? Como? Isso é possível?" Continuei a visualizar o documento, que deslizando para baixo encontrei imagens do momento da cirurgia, o corpo do funcionário estava sobre uma maca de hospital, médicos estavam ao seu redor, logo nas próximas fotos eles começaram a dar inicio aos procedimentos. Muitas imagens horríveis e nojentas passaram pela tela, eu estava paralisado, com ânsia de vômito e tontura, em um ato rápido, eu apenas fechei a pasta e desliguei o computador, peguei minha maleta de ferramentas e sai da sala.

Todos aqueles questionamentos permaneceram na minha cabeça durante dias. Era fato de que a fábrica transformava os próprios funcionários nos mascotes, mas eu nunca vi eles se mexendo e eu não entendo o que eles querem dizer com "eles" sendo que o único mascote que eu conheço é o Huggy Wuggy, que é uma estátua localizada no salão principal da fábrica, a entrada.

Duas semanas depois, fui convocado pelo próprio Elliot Ludwig para uma reunião na sua sala. Eu fiquei surpreso, eu nunca tive nenhum contato com ele desde que eu fui contratado, por que será que ele deseja me ver? Mais uma vez eu me vi dentro dos corredores da PlayTime Co, indo em direção ao seu escritório, mas quando eu cheguei lá, fui recebido por uma enfermeira. Ela era alta, usava um jaleco branco, uma calça azul clara e estava com o cabelo preso. Ela estava sentada na cadeira de Elliot, e quando percebeu minha presença, pediu para que eu me sentasse na cadeira a sua frente.

- Boa tarde James. - Ela disse com uma voz séria enquanto me olhava.

- Boa tarde. - Respondi confuso, sem entender onde o Elliot estava e por que ela estava ali.

- Você foi convocado pelo Elliot Ludwig, certo? - Disse ela, se levantando e indo em direção a uma prateleira adjacente.

- Sim, onde ele está? - Perguntei confuso.

- Ele não pode vir. Mas pediu que eu viesse no seu lugar. - Ela apertou algo semelhante a um interruptor na parede, e nesse momento eu reparei que acima dela, havia uma câmera de segurança nos vigiando. Eu fiquei assustado, tentei conter a expressão de desespero no meu rosto, mas agora eu havia percebido que fui flagrado mexendo nos arquivos do computador, e provavelmente eu não estaria ali para uma reunião ou algo do tipo, mas sim para ser punido.

A sensação de desespero começou a tomar conta de mim, será que iriam me transformar em um brinquedo agora que eu sabia a verdade?

- Você está bem? - Ela perguntou, virando a cabeça para trás para poder me ver, eu estava tremendo.

- Estou - Respondi, mas estava óbvio que eu não estava bem, eu havia caído em uma armadilha, e agora seria usado como cobaia.

- Então tá. - Ela se virou de volta para a prateleira, minha visão estava ficando turva, mas eu pude vê-la pegar uma máscara de gás, igual aquelas usadas para mexer com materiais radioativos, e colou-a na cabeça. Ela era colorida, com as cores da PlayTime Company, amarelo, vermelho e azul, cores que disfarçavam todo o ar macabro que ela passava, ou pelo menos tentavam disfarçar.

- O que é isso? - Perguntei confuso. - O que você vai fazer?! - Gritei aflito, me inclinando para trás enquanto ela colocava luvas amarelas em suas mãos ainda virada de costas. A minha visão ficava cada vez mais turva, eu não conseguia mais reconhecer ela, e nem o ambiente ao redor. Olhei para as paredes piscando meus olhos várias vezes para tentar recuperar a visão, e então avistei saídas de dutos de ar por onde um gás estranho estava entrando a muito tempo, ele tinha uma coloração vermelha e começou a cobrir toda a sala, seu cheiro era idêntico ao da flor de papoula. Logo eu caí da cadeira e a figura macabra da enfermeira com a máscara de gás desapareceu lentamente em meio aquela fumaça tóxica. Eu não estava enxergando mais nada, e o gás estava me dando sono, meus olhos lacrimejavam levemente enquanto eu libertava um último suspiro antes de desmaiar.

----- Presente -----

Eu me vi novamente sentado no canto do escritório, encolhido, com as minhas mãos segurando meus joelhos, tremendo, olhei ao redor da sala procurando os dutos de ar que felizmente não expeliam nenhum gás, o pesadelo finalmente havia acabado. Me levantei tentando me recompor, isso foi vergonhoso, felizmente ninguém presenciou essa cena.

- Olá? - Uma voz calma e gentil ecoou pelo escritório, era Poppy, que estava atrás de mim, eu levei um enorme susto e acho que ela presenciou toda a cena anterior. - Está tudo bem? - Ela perguntou, mas eu não podia responder.

Fiz que sim com a cabeça, era a única resposta possível. Poppy era muito pequena, da altura do meu pé até pouco abaixo do meu joelho, afinal ela era uma boneca.

- Foi você quem me libertou! - Ela disse empolgada olhando para cima tentando fazer contato visual comigo. - Obrigada. - Completou enquanto me observava, e então começou a andar pra fora da sala, ela saiu pela porta e me deixou sozinho.

Poppy PlayTimeOnde histórias criam vida. Descubra agora