Caminhamos em silêncio por dentro do expresso de Hogwarts, procurando por um vagão vazio. Em outros tempos, aquilo não me incomodaria pois tínhamos intimidade suficiente para fazermos coisas juntos enquanto conversávamos sozinhos com nossas próprias mentes. Não que isso me incomodava naquele momento, mas também não era algo agradável.
Eu caminhava a frente, e quando vi alguns grifinórios saindo de um compartimento para encontrar seus amigos em outro, rapidamente segurei a porta para demarcar território. Acenei com a cabeça para Sebastian entrar primeiro, e ele passou por mim com aquela careta que fazemos quando cumprimentamos semi conhecidos na rua. Fechei a porta atrás de mim e lancei um pequeno feitiço para a porta não abrir por fora.
- Uau, pra quê tudo isso? - Sebastian disse, rindo, enquanto sentava ao lado da janela. Sentei a sua frente, colocando os pés para cima na poltrona ao seu lado.
- Não estou com muita vontade de bater papo hoje. Garreth já me torrou a paciência nas carruagens mais cedo.
Ele soltou um grunhido de compreensão mas com um tom incrédulo, enquanto me imitava colocando seus pés também no estofado do meu lado do compartimento, empurrando minha bunda para o lado e me tirando de perto da janela.
- Você? Não querendo conversar? Achei que eu morreria sem ver o dia.
Cruzei os braços e olhei pela janela. O trem ainda não havia saído da estação, e os alunos ainda se esbofeteavam para decidir quem entrava primeiro. As vezes eu queria ter uma vida estudantil normal como a deles.
- Eu não falo tanto assim, não é? - Perguntei, ainda fitando os alunos na estação. Alguém havia aberto a gaiola de coruja de um pequeno lufino, que corria de um lado para outro tentando recuperar a ave.
- Bom... - Sebastian olhou na mesma direção que eu, encarando a janela.- Um pouco? Quer dizer, bastante.
- Entendi. Não vou falar mais nada então. Preste bem atenção na minha voz, pois você não a escutará mais.
Sebastian riu, e se virou para mim, achando que eu estava brincando. O apito soou, e o trem começou a se movimentar.
Eu continuei a encarar a janela, a cabeça apoiada em minha mão que estava entre meu rosto e o vidro. Não sei quanto tempo fiquei em silêncio naquela posição, mas quando Sebastian me tirou de meu transe, o céu já estava começando a ficar com tons rosados e alaranjados.
- De verdade. Me desculpe.
Direcionei meu olhar a ele, sem mudar minha posição.
- Minhas emoções não estão muito estáveis desde... você sabe. - Ele abaixou o olhar, tirando os pés da minha poltrona e colocando-os no lugar onde apontava seus olhos. - Eu não deveria ter te dito aquelas coisas. Eu sou muito grato a tudo que você já fez por mim. E eu percebi que... eu faria o mesmo por você.
Minha única resposta foi levantar as sobrancelhas, em sinal de "ah, verdade?". Sim, Sebastian, eu sei que você faria o mesmo por mim. Você foi o único amigo que eu tive nessa escola que realmente foi atrás de me ajudar nos meus problemas. Pobre Natty e Poppy, não que elas não me ajudassem de alguma forma, mas todas as coisas que fizemos juntas foram por vontades e sensos de justiça em comum. Sebastian foi o único que me acompanhou para aquilo que fosse.
- Bom, não exatamente a mesma coisa. Eu não tenho um apartamento em Londres pra te levar toda vez que você cometer um crime. - Ele riu, batendo o joelho divertidamente contra o meu, que continuava estendido ao seu lado. - Então, me diga! O que você planejou tanto para fazermos na capital?
Dei um pequeno suspiro e olhei pela janela novamente.
- Ah! Qual é? Não vai mesmo falar comigo? Eu já pedi desculpas. - Ele bateu o joelho novamente, o que me fez olhar para nossos joelhos e em seguida para ele com um olhar violento. Acho que passei bem a mensagem, pois ele deu uma ligeira afastada. - Vamos, me conte sobre Londres. Eu nunca fui, sabia? Bom, para a cidade em si não. Apenas para o Beco Diagonal pelo Flu. Mas isso não conta, não é?
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Projeto Reboot [Sebastian Sallow x Fem!OC]
Fanfic[Hogwarts Legacy] [Sebastian Sallow x Fem!OC] Quando meu melhor amigo matou seu próprio tio, milhões de planos mirabolantes me surgiram para salva-lo de uma eternidade em Azkaban. E como se fosse destino, escolhi o mais idiótico de todos para seguir...