Tudo começou a girar muito rápido. Pessoas iam e vinham na velocidade da luz. Vi carruagens e omnibus se transformarem em máquinas brilhantes. Vi a névoa da cidade se dissipar. Vi chuva, MUITA chuva. Olhei para Sebastian, que estava tão confuso quanto eu. Ele pegou minha mão, assustado, quando dragões de metal começaram a voar sobre nós, soltando algo que explodia ao encontrar o chão.
- O que está acontecendo?
- Eu não sei!
Os prédios a nossa volta se tornaram ruínas, e depois começaram a crescer para cima. E mais. E mais, infinitamente para cima, até onde o pescoço dói para olhar.
Uma centena de protestos aconteceram a nossa volta, e as vestimentas dos passantes ficavam cada vez mais curtas e mais coloridas. Vou confessar que dessa parte, eu gostei. Os protestos acabaram sumindo, e à nossa volta as pessoas começavam a olhar apenas para baixo ao caminhar, mas eu não conseguia entender o porquê.
E com um estampido, tudo parou de correr. Sebastian continuava segurando a minha mão, e ele deve ter se arrependido amargamente disso, pois eu a espremi com força quando o vira-tempo explodiu na minha outra mão.
- Nós, com certeza, não fomos para o passado. - O menino disse primeiro, tirando o cordão de nosso pescoço.
- Você jura? - Eu disse, colocando meus dedos machucados em minha boca.
- Você está bem?
Assenti com a cabeça. A pequena explosão havia machucado bastante, mas a dor já passara. Ele aceitou meu ato como verdade, e se permitiu entrar em pânico. Abaixou-se de cócoras na grama e colocou a cabeça entre os joelhos, cobrindo a cabeça com as mãos.
- Vou chutar que não temos como voltar agora, não é?
- Se eu falar que não, você vai surtar?
- Eu acho que eu já estou surtando.
Suspirei e me agachei ao lado dele. Nada disso fazia parte do plano. Na verdade, já tinha tudo ido para as cucúias.
Tá, eu confesso que meu plano não era a prova de balas, e muito menos a coisa mais inteligente que eu já tinha feito. A ideia era ir parar uns 20, talvez 30 anos para o futuro. Tempo o suficiente pra poeira baixar, termos um recomeço sem pré concepções estabelecidas de quem éramos ou expectativas próprias do que teríamos de estar fazendo. Mas nossos entes queridos ainda estariam vivos, para nos abraçar nem que seja uma última vez. Pelo andar da carruagem do que eu via a nossa volta, não estávamos 30 anos no futuro.
- Calma, vamos pensar racionalmente por um momento. Você tem todo o direito de surtar, então vou te dar uns minutos. Mas precisamos descobrir o que fazer agora.
Ele enfiou as mãos a frente da boca e deu um grito alto. Depois passou as mãos pelo cabelo, descontroladamente. Por fim, respirou fundo e me olhou.
- Como você consegue ficar tão calma num momento como esse?!
- Acredite em mim, eu não estou. Mas depois que você melhorar, eu dou meu chilique. - Disse, um dos meus olhos tendo espasmos involuntários.
- Obrigado, de verdade. - Ele estendeu uma de suas mãos e encostou em meu ombro, de forma carinhosa. - E agora, o que fazemos? O que está cozinhando na sua cabeça? Acho que consigo ver a fumaça saindo dos seus ouvidos.
Minha mente estava a mil por hora. Eu vi as bombas, as ruínas, os prédios novos surgindo. Eu duvidava muito que meu apartamento ainda estivesse em pé. Por sorte, havia trazido todos meus galeões comigo. Talvez pudéssemos ficar no Caldeirão Furado até primeiro de setembro, mas daí eu ficaria sem dinheiro algum. Andar na rua até lá também seria estranho, com as roupas obviamente ultrapassadas chamaríamos muita atenção. Eu podia transfigurar as nossas vestes, mas tinha que dar uma estudada no que os outros estavam vestindo primeiro. E magia fora da escola? Será que ainda contávamos como menores de idade para o ministério, mesmo se pelos meus cálculos (nada confiáveis) deveríamos já estar mortos a muito tempo?
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Projeto Reboot [Sebastian Sallow x Fem!OC]
Fanfic[Hogwarts Legacy] [Sebastian Sallow x Fem!OC] Quando meu melhor amigo matou seu próprio tio, milhões de planos mirabolantes me surgiram para salva-lo de uma eternidade em Azkaban. E como se fosse destino, escolhi o mais idiótico de todos para seguir...