Eu estava certa em temer abrir aquela caixinha de pandora que eram as relações sexuais dentro de um relacionamento romântico. Realmente, era algo que não havia volta. Por sorte, a experiência tornava o ato mais agradável, aos poucos. Lógico que não estou a reclamar, pois emocionalmente eu sentia que era o pináculo de expressão de afeto. Porém, eu ainda não estava acostumada ao ato, e não sei se entendia muito bem como funcionava. O tesão é fácil de entender; Os amassos, as brincadeiras. Mas, quando chegava a hora da seriedade, sentia que meu corpo não me pertencesse, e eu estivesse a assistir tudo de longe.
Eu deveria comunicar isso eu meu parceiro? Com certeza. Eu estava num estágio de maturidade emocional o suficiente para isso? Olha, confesso que gostaria de pensar que sim. Mas só de pensar em magoa-lo mais uma vez, meu coração se apertava dentro de uma caixinha de madeira velha, enclausurado e claustrofóbico. Já bastava o fato de que eu estava a ficar irritada sem motivo aparente cada vez mais constantemente. O conselho de Celina em evitar sentimentos ruins e focar nos felizes parecia estar saindo pela culatra.
Saber que nossa audiência no ministério estava tão próxima também não ajudava. Um gosto amargo de cigarro molhado de bueiro encrostado permanentemente no fundo da minha língua. Um sentimento de desgraça eminente, palmas geladas, calafrios e tremedeiras me acometeram na manhã do famigerado dia. Meu mal estar e falta de esperança só se diluíram ao ver a face risonha e salpicada de sardas do meu namorado.
- Grande dia! - Ele sentou-se ao meu lado na mesa comprida e finalmente vazia da Sonserina ao Salão Principal. Deu-me um curto beijo nos cabelos curtos que cresciam, antes de puxar para si seus queridos bolinhos de canela e chocolate. Forcei um sorriso. - Pra quê essa cara? - Suas sobrancelhas curvaram em tom preocupado.
- Algo ruim vai acontecer. Eu tenho certeza. - Apertei uma mão na outra, fazendo com que meus dedos ficassem brancos, sem sangue. Meu pé direito acompanhava a percussão de uma marcha fúnebre que meu cérebro fez questão de criar como trilha sonora. Sebastian levou seu dedo indicador à minha jugular. Seus dedos estavam demasiadamente quentes, o que me fez ter um arrepio, e não do tipo bom.
- Acho melhor passarmos na enfermaria. - Ele disse calmamente, retirando a mão de meu pescoço. Pegou alguns bolinhos e os enfiou nos bolsos. Levantou-se da mesa e me deu a mão, mas eu continuei estática no mesmo lugar. - Lori, é sério. Acho que você está tendo uma crise de ansiedade.
Ansievatipum. Sei lá o que é isso, não quero saber e tenho raiva de quem sabe. Crise? Crise! Se tivesse alguma hora pra entrar em crise, não seria agora. Já passei por muito pior. Encarar o grande estado, mantenedor de todo o poder de decisão e violência sobre os meros civis, em uma sala fechada de madeira cheia de homens brancos e velhos de toga. Não é tão ruim assim. Não, não era. Era terrível. Era o começo do meu fim. Minha história de origem como a grande vilã que mereço ser. É isso. É hoje. Meu declínio em loucura, anarquia e rituais satânicos. Coquetéis Molotov, pneus queimados, dragões de moicano. Qual seria a minha marca negra? Uma faca perfurando um olho aberto. É, e rios de sangue jorrando, escorrendo pela batata da perna dos meus seguidores. Sim, batata da perna. Braço é muito batido.
- Lori! - Sua voz me tirou momentaneamente da linha de raciocínio, mas não fez a minha respiração parar de agir como uma tartaruga em pleno coito. - Me diz cinco coisas que você consegue ver.
Buckham Palace em chamas. A cabeça do Rei Charles III estendida em uma bandeja de prata. Um belo vestido negro de renda francesa, cheio de frufrus e spikes emoldurando meu corpinho. E o que mais? Hmmm...
- LORI! CINCO COISAS QUE VOCÊ VE! - O grito me fez perceber que eu estava balançando para frente e para trás, os olhos vidrados no copo vazio à minha frente. As mãos de Sebastian seguravam meus ombros com força, tentando me fazer parar.
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Projeto Reboot [Sebastian Sallow x Fem!OC]
Fanfic[Hogwarts Legacy] [Sebastian Sallow x Fem!OC] Quando meu melhor amigo matou seu próprio tio, milhões de planos mirabolantes me surgiram para salva-lo de uma eternidade em Azkaban. E como se fosse destino, escolhi o mais idiótico de todos para seguir...