Projeto Reboot [Sebastian Sallow x Fem!OC]

O que é casa para você?

    Eu confesso. Eu não só o beijei de volta. Nos agarramos a noite toda, assim como os amigos de Celina que eu julguei tanto previamente. Em minha defesa, eu nunca tinha beijado ninguém. Garota da cidade grande, saidinha e tudo eu sei, mas ainda vitoriana. E eu não posso cansar de dizer que era realmente muito bom. Nossa anja dos céus estava certa sobre ficar mais sensível a toques e emoções.

Em um lapso de sanidade, lembrei que Celina nos esperava e voltamos para encontra-la na pista principal. Ela não pareceu nada surpresa quando começávamos a nos beijar aleatoriamente enquanto dançávamos, mas fazia questão de nos trazer de novo para a realidade nos puxando para dançar quando a música ficava mais animada.

O sol nasceu, e continuávamos lá. O sol se pôs novamente, e finalmente começamos a sentir nossas pernas. Celina ofereceu nos acompanhar até o centro, já que não sabíamos voltar. Dessa vez, ela pagou nossas passagens de trem, já que ninguém tinha condição física de pular uma catraca.

Durante a viagem de volta, Sebastian acabou por dormir em meu ombro, enquanto eu me encostava no ombro de Celina.

- É totalmente normal, sabe. - Ela disse, olhando para mim. Eu levantei meus olhos pelas minhas sobrancelhas para ver sua face risonha.- Beijar amigos platônicos sob o efeito de E. É como uma demonstração de afeto. Não se preocupe.

Ela lê mentes agora?

- Hm. Mas ele disse que me amava.

- Também extremamente normal. Você também disse que o amava, não?

- Como sabe?

- Porque, como eu disse, completamente normal. Eu já perdi a conta dos amigos e amigas que já beijei em festas depois de dizer que os amava.

Me remexi um pouco, ainda desconfortável com a ideia.

- Só existe algum problema se um dos dois realmente sente alguma coisa a mais. Mas não é o caso de vocês, não é?

- Eu espero.

Comecei a revirar as minhas memórias atrás de qualquer vestígio de que meu melhor amigo poderia ser secretamente apaixonado por mim. O mingau que eu chamava de cérebro não conseguiu encontrar nenhum.

- Se vocês quiserem, depois de deixar meus amigos na parada deles, posso acompanha-los até o Caldeirão Furado. Melhor não deixar dois menores de idade sonolentos caminhando por aí.

E tudo que consegui responder, antes de cair num sono profundo, foi um agradecimento.

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Eu não sei por quanto tempo eu dormi. Pareceu uma eternidade. Toda vez que acordava, ainda me sentia extremamente cansada, então virava para o outro lado e continuava a sonhar. Em certo ponto, a claridade que vinha pela janela tinha se tornado insuportável demais, então resolvi criar alguma coragem para me arrastar até o banheiro.

Quando me olhei no espelho, quase não me reconheci. Parecia que três trasgos haviam feito um acampamento no meu cabelo e saído correndo ao menor sinal de chuva, deixando todas suas tralhas para trás. Círculos escuros tão profundos sob meus olhos que eu podia jurar que tinha saído no soco com algum lutador profissional na noite anterior.

- Mas valeu a pena, não é? - Escutei uma voz ao meu lado, e só então reparei em Sebastian no reflexo, parado atrás de mim com um estado quase tão deplorável quanto o meu.

- Eu diria que sim... - Eu queria dizer que a festa, a experiência como um todo havia valido a pena. Não necessariamente ter me atracado com ele por doze horas seguidas. Mas só por esse pensamento, comecei a sentir minhas bochechas esquentarem.