Felix, o nefasto

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    - Você não deveria estar na enfermaria?! - Perguntou Lily. Se eu não a conhecesse, e não soubesse tudo que passava naquela pequena cabeça vermelha sobre o corvino metido a lorde aristocrático, poderia pensar que ela estava preocupada com sua saúde. Porém, a clareza de pensamentos que a poção da sorte me trazia me dizia que essa pergunta significava outra coisa completamente diferente. Resolvi, então, frisa-la:

    - Por que e como você está aqui, agora? - Pisquei algumas vezes, minha cabeça levemente virada em diagonal. - No meio da Floresta Proibida?

    Thomas disciplinarmente colocou ambas as mãos em seus bolsos, e deu uma pequena balançada entre os calcanhares e metatarsos. Só faltou dar uma puxada de cachimbo, antes de dizer "Elementar, meu caro Watson"

    - Estava a receber alta médica antes do horário previsto, portanto veio-me a ideia de encontrar-lhes na partida de quadribol. Vi-os correndo à floresta, pensei-me que algo devia estar a suceder-se. Segui-os e a cá estou-me.

    - Alguém aperta a tecla SAP, por favor? - Hugo sussurrou, dando risinhos consigo mesmo.

    Assenti com a cabeça. Não havia tempo para discussão se aquela história fazia sentido ou se era verdade. Iriamos perder a trilha de Celina.

    - Professora Chien. No meio do mato. Agindo de forma suspeita. - Foi tudo que eu disse, apontando para as pedras para onde a jovem professora havia se espreitado. Thomas pareceu compreender a situação muito rapidamente, e não pediu nenhum tipo de convencimento. Entrou no final da fila indiana que formamos, e fez um rápido joinha com a mão direita, mostrando que podíamos seguir em frente.

    Comecei a me movimentar de forma rápida, porém tomando cuidado ao pisar nas folhas secas. Não que toda a discussão anterior não tivesse feito o maior barulho, mas não queria me aproximar do nosso alvo com grandes placas neons em setas apontadas para nós. Olá, alunos suspeitos te seguindo!

    A trilha de pedras era exatamente o que parecia: uma trilha feita a partir de pedras. Tivemos de escalar e pular por elas, as vezes esgueirando entre duas enormes que pareciam prestes a desmoronar sobre nossas cabeças. Nada que eu não tivesse passado antes, em uma completa existência anterior. Mas me faltava a prática. Tive de me segurar nas pontas dos dedos em pedras cortantes para evitar de tropeçar e cair algumas vezes. Meus amigos não tiveram a mesma sorte. Ajudei quem eu pude, devido a distância e física do local. Thomas, de alguma forma, passou perfeitamente ileso. O terno de seda sem nem uma única sujeira ou marca de pó provindo das pedras velhas. Sinistro, se eu posso dizer.

    Dei minha mão para Hugo enquanto este passava pela última abertura na rocha, dando-lhe apoio físico para não escorregar. Nosso colunista preferido era o último ainda passando pelas pedras. Um de seus pés escorregou no ultimo passo preciso, e o alto ruivo caiu para frente. Segurei-o com o meu próprio corpo antes que caíssemos na mistura de lama e folhas secas atrás de mim.

    - Pra que lado agora?- Perguntou Sebastian, batendo as mãos para tirar os musgos e teias de aranha que haviam se acumulado em suas palmas. A trilha de pedra havia nos levado diretamente para uma bifurcação na floresta. Nenhum sinal de uma professora rebelde.

    - Felix diz esquerda. - Apontei a trilha mais fechada à frente. Thomas assentiu com a cabeça e colocou-se a andar pela trilha, como se fosse o líder do bando. - Onde pensa que você vai?

    - Estou a ter a impressão de que tenho a sapiência da localidade donde encontrar Professora Chien. - Respondeu, sem nem olhar para trás. Sebastian me dirigiu um olhar estranho, como se suspeitasse de algo, e começou a segui-lo.

    - Nada suspeito, vindo do nosso psicopata de estimação. - Lílian sussurrou em meu ouvido, enquanto passava por mim e seguia os dois garotos. Hugo ainda se apoiava em mim, levemente ofegante.

Projeto Reboot [Sebastian Sallow x Fem!OC]Onde histórias criam vida. Descubra agora