Felix, o feliz

27 6 0
                                    

    Àquela hora da manhã, a ressaca mal tinha começado. Meu lobo frontal ainda parecia imerso em uma bacia de água morna, flutuando e rodopiando ao som dos meus colegas do novo milênio reclamando de suas próprias dores de cabeça. Eu tinha acordado relativamente cedo, tomado um banho completo (o que inclui deitar em posição fetal sob a água quente por, pelo menos, meia hora), vestido o meu uniforme de quadribol e rastejado até o Salão Principal.

    Minha única esperança de sobreviver a esse jogo tinha 1,85m, cabelos ruivos cacheados e um ótimo gosto para homens e filmes de terror. Eu o esperava pacientemente, girando a colher infinitamente em meu mingau (que já devia estar frio) e encarando as velas flutuantes presentes no teto enfeitiçado. Trezentas e cinquenta e sete coisas e assuntos diferentes passaram pela minha cabeça durante essa meditação não premeditada.

    Vamos lá, pra quem não lembra, a noite passada foi um grande caos de acontecimentos. Boa parte dos quais nem eu me recordo completamente. Alguém havia envenenado Toki Nawa, um batedor profissional do Japão que tinha acabado de se transferir para Hogwarts. De quem eu, infelizmente, era a reserva. Toki e Hugo haviam feito uma encenação de Magic Mike Londres ao vivo e a cores colados na minha orelha. Lily pegou pelo menos três garotos diferentes, nenhum deles eu havia visto anteriormente. Thomas tinha me dado o cano porque estava com gripe dracona ou sei lá o que. Alguém fantasiado de Ghostface estava suspeitosamente nos circulando durante toda a noite. Ah, e claro, o mais chocante: Sebastian disse que me amava. Pela segunda vez.

    E o que eu fiz? Ah, eu não fiz absolutamente nada. Não porque eu sou um grande lixo egoísta. Não que eu não seja, mas eu não tive as melhores das oportunidades. Muita coisa para assimilar, uma delas a veia que começou a saltar em minha têmpora, irradiando a enxaqueca mais tenebrosa que eu já senti na minha vida. Levei minhas mãos à cabeça e a massageei, na esperança de que esse ato amenizasse a dita dor. Universo, um problema de cada vez, por favor?

    Vamos enumerar todos os meus problemas? Eu acho válido.

    Meu plano de livrar Sebastian de Azkaban e euzinha das minhas responsabilidades e crimes contra a humanidade tinha dado errado, e agora estávamos presos 132 anos de distância de casa.

    Uma garota aleatória das praças de Londres sabia quem eu era e de onde eu vim. Ah, calma, essa garota aleatória não era uma qualquer, no final. Ela era a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, uma auror russa de apenas 22 anos de idade. Calma, não acaba aí. Ela queria super ser nossa amiga, nos dando DROGAS! E, então, subitamente, depois que eu vi rastros de magia ancestral em seus pertences, resolveu ser uma professora comum. E nunca mais falar conosco.

    Aí então eu me juntei com mais três pessoas completamente malucas e começamos a investigar essa professora. E isso deu no que, mesmo? Ah, é. A escola inteira me detestar, achando que eu (e meus amigos) éramos bruxos das trevas.

    Calma, e não acabou! Quando conseguimos nosso status de alunos comuns de volta, alguém tenta assassinar o cara que meu amigo estava aos amassos. E agora eu era obrigada a jogar quadribol. De verdade.

    Deixa eu ver, tá faltando alguma coisa? Ah, sim, o fato de que meu melhor amigo disse que me ama, e eu, estúpida que sou, não disse que o amava de volta.

    - Não foi fácil, mas eu consegui. - Hugo me tirou de meus pensamentos de auto-piedade. Ele vestia uma camiseta branca com os dizeres "Lori, por favor, não morra" em dourado. As palavras estavam enfeitiçadas para ficarem brilhando e girando, se transformando em uma versão cartunica minha sorrindo sem dois dentes.

    Ele se sentou à minha frente e me passou um pequeno frasco de poção transparente. Rapidamente, eu o peguei e escondi dentro do sutien de academia por baixo do uniforme.

Projeto Reboot [Sebastian Sallow x Fem!OC]Onde histórias criam vida. Descubra agora