MINGYU
Dias se passaram e eu ainda duvido se aquilo foi um sonho, ou uma realidade difícil de acreditar. Mesmo que não passe da minha tola e fútil imaginação, a sensação do formigamento de seus lábios nos meus é presente. Se fosse um sonho, como eu teria a lembrança de seu gosto, gosto de canela, o hálito quente, um vislumbre de seu rosto tão próximo, mais próximo que alguém jamais esteve.
E mesmo que essa incerteza esteja me perseguindo, eu não tive coragem de falar, procurei qualquer sinal parar descobrir, mas ela não deu a entender que tinha acontecido algo assim. Tentei não parecer estar escondendo algo, queria só parar de fingir, e admitir que ela já tem todo poder sobre mim, que qualquer ato dela surti diversos efeitos. Que mesmo que esse beijo não tenha acontecido, é essa realidade que eu quero. Mas fui covarde. E sou covarde.
Eu quis abraçá-la no momento que nossos olhos se cruzaram naquela tarde, eu quis segurar as mãos dela enquanto andávamos. Cada batida que meu coração perdia nos momentos que seu semblante leve e feliz aparecia, ainda estou me esforçando para entender como alguém pode fazer isso com o corpo de outra pessoa.
- Você tá dizendo que não tem certeza de algo assim?- Ryeoun ajeita a armação ao saber da situação complicada que estou.- E que nem conversaram sobre?
- Eu não soube o que dizer... E se realmente foi tudo um sonho?- Digo andando de um lado para o outro.
- E se não foi?
(***)
O lugar está cheio e a música é alta, sigo Ryeoun, que tem certeza que não estamos perdidos e nos guia até o lugar marcado. Avistamos Hoshi, Vernon e Yumi. A procuro ao redor, mas nada.
- A ideia de vir para uma balada tinha que ser sua, né?- Digo abraçando Hoshi que está empolgado.
- Estávamos só esperando vocês!- Yumi diz e eles nos levam para o meio da multidão.
Surpreendentemente, lá está ela, Shizuki tentando soltá-la e a animar. Maya está adorável, tímida e sem graça, tomba a cabeça para trás sorrindo e começa a se soltar. É só nossos olhares se cruzarem e não precisa de muito tempo, meu coração já está aceso. A vida sorri para mim. Meu semblante grita o quanto ela está maravilhosa nesta luz.
- Você veio!- Nos aproximamos.
A maioria vai ao bar escolher o que vão beber e ficamos para trás. O lugar apertado faz com que a distância entre nós diminua. Um cara esbarra nela e por impulso minha mão a puxa para mais perto ainda. Nossos corpos próximos me trazem uma sensação de deja vu.
- Eu amo essa música!- Ela diz, quando Crashing da Illenium, começa a tocar.
- Eu também!- Sorrimos com a coincidência.
O lugar inteiro está vestido com esmero e nós começamos a dançar. Sua mão livre pega a minha e sinto a mágica vindo da ponta de seus dedos e vazando por toda minha pele, me energizando, me contagiando, como se fôssemos feitos da luz das estrelas.
O jeito que ela se mexe, dançando facilmente como se estivéssemos sozinhos. Ignorando todas as pessoas aqui. Elas desaparecem quando você respira. Eu queria que eles sumissem completamente e assim talvez pudéssemos começar a nossa festa.
Esses sorrisos, eles me atingem mais forte e mais forte. Toda vez que eu me aproximo dela, sinto um arrepio viciante por todo meu corpo. Me enfraquecendo e me fortalecendo. Ela fecha os olhos e quando volta a abri-los olha dentro desses que só vêem seu rosto. Tento falar sem ao menos abrir a boca. Chegue mais perto, eu preciso de você.
Tiro o cabelo de seu rosto, o desejo a me punir. O que eu sinto é tão forte. Me aproximo e digo o que só ela pode escutar.
- Vamos sair daqui.- Como se estivesse pensando o mesmo, pega minha mão, meu coração e minha alma e me puxa para longe de tudo.
Conseguimos encontrar o terraço que está vazio e longe do barulho. Por alguns instantes, parece nervosa olhando a vista ao redor e a altura. Quando eu penso em falar, acabo sendo devagar demais.
- Eu já passei pela sua cabeça?- Sua voz ecoa pelo lugar como se estivéssemos em uma caverna.
Por saber que Maya não é tão direta e extremamente sincera, eu sinto meu coração vibrar. As batidas chegam em meus ouvidos. Franzo a sobrancelha enquanto fito os olhos e as bochechas rosadas da única pessoa que já mexeu comigo e de maneira tão absurda.
- Está nela desde que coloquei meus olhos sobre você pela primeira vez.- Antes de tentar entender a expressão em sua face, tomo coragem.
Os poucos centímetros passam a não existir quando tomo seu rosto em minhas mãos. Todos os meus sentidos afloram.
- Eu não tenho certeza do que aconteceu naquela noite, mas nessa eu terei.
Me entrego ao sentimento que jamais pensei experienciar. No momento tão esperado, nossas respirações se entrelaçam, posso sentir seu coração acelerando em perfeita sincronia com o meu. Um misto de ansiedade e desejo se transformou em um beijo loucamente delicado, como o primeiro gole de chuva após uma seca intensa. Cada carícia dos lábios é uma melodia silenciosa, uma dança de emoções que finalmente encontraram seu ritmo. O mundo ao redor desapareceu de vez. É como se eu respirasse pela primeira vez, mesmo começando a ficar sem ar nos pulmões. Ela me tem inteiro e completamente e de alguma forma inexplicável, parece que sempre foi assim.
(***)
- Tem algo que quero dizer antes que você vá!-Maya segura a manga da minha blusa logo depois de chegarmos no seu apartamento.
- Eu não vou a lugar nenhu-
- Xiuuu!- Sou interrompido e a versão sonolenta dela me faz rir.- O que é tão engraçado?
- Desculpa.- Me recomponho.
- Eu só queria que você pudesse ficar...- Ela se joga no sofá.- Eu odeio te ver ir embora...- Suspira.- Eu não posso te perder de novo...
As palavras me pegam de surpresa e por mais que eu não entenda, sinto um aperto. Os olhos dela se fecham.
- Não tenho planos de ir embora.
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Sky. {Mingyu} EM MUDANÇA
FanfictionSe o céu não estivesse ali, Maya não estaria completa. A vida não teria sentido. Nem mesmo o amor existiria. A vaga lembrança de se deitar sobre a grama com sua mãe, depois de correrem alegremente pelo jardim, e observar o céu que a encantou mais qu...